Capítulo - XXVII

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Ambos estavam parados, já no quarto de Anahí, olhando um para o outro, sem saber o que dizer, aquela primeira noite dormindo juntos seria mais difícil do que Anahí imaginara.

– Eu vou tomar um banho – disse Anahí, quando finalmente conseguiu desviar seus olhos de Alfonso, puxando sua mala e a colocando em cima da cama. – Você pode usar o banheiro do corredor, ou se preferir esperar eu terminar meu banho, pode tomar um banho nesse banheiro mesmo – disse procurando seu pijama dentro da sua mala.

Alfonso pensou em responder que preferia tomar um banho com ela, mas se conteve, respondendo apenas que tomaria um banho no banheiro do corredor, então pegou uma roupa em sua mala, e saiu do quarto de Anahí.

Assim que Alfonso voltou para o quarto de Anahí, a encontrou secando seus cabelos, vestindo um pijama branco, com um short curto e uma regata que deixava visível que ela não estava usando sutiã; Alfonso respirou fundo, tentando mudar o foco de seu olhar, mas Anahí mexia com ele e seus pensamentos de uma forma que nenhuma outra mulher havia mexido antes.

Assim que terminou de secar seu cabelo, Anahí olhou para Alfonso e involuntariamente mordeu seu lábio inferior, aquele homem mexia com ela de um jeito que era impossível de se explicar, tanto que quando ela viu que ele estava com o cabelo molhado e bagunçado, e viu que ele vestia apenas uma bermuda azul escuro e camiseta branca, precisou se controlar para não se jogar em seus braços, porém, precisava admitir, que nenhuma visão seria mais perfeita do que ver Alfonso apenas de toalha abrindo a porta de seu apartamento.

– E então? – ele perguntou quebrando o silêncio. – Como faremos?

– Eu não sei – ela sorriu coçando a cabeça. – Há meses a única pessoa que se deita comigo na minha cama é o Enzo – disse sem pensar, e logo se arrependera.

– Se você quiser eu posso dormir em outro lugar – ele disse, sabia que seria quase uma tortura dormir na mesma cama que Anahí, sem poder tocá-la.

– Não – ela se apressou em dizer. – Você está me fazendo um favor, o mínimo que eu posso fazer é deixar você dormir na minha cama.

Anahí se sentou em sua cama e colocou um travesseiro no meio, dividindo a cama e separando o seu espaço do espaço de Alfonso.

– Você não pode passar do travesseiro – ela explicou. – Você dorme assim? – perguntou quando Alfonso se deitou do lado direito da cama.

– Assim como? – ele perguntou ajeitando seu travesseiro.

– De roupa – ela corou, se arrependendo do que havia dito.

– Se você preferir eu posso dormir pelado – ele sorriu malicioso e Anahí sentiu suas bochechas queimarem.

– Não foi isso o que eu quis dizer – ela tentou se explicar. – Se você quiser tirar a camiseta para ficar mais confortável, sinta-se à vontade – apenas quando terminou de falar, ela percebera que aquilo havia soado como um pedido desesperado para que ele tirasse a camiseta, e se ela não tivesse corado do jeito que corou, Alfonso pensaria que ela queria algo mais do que apenas dividir a cama com ele.

– Se você quiser que eu tire a roupa Anahí, é só pedir, ou tirar a sua antes – ele riu, a provocando, e Anahí sentiu que não conseguiria mais olhar em seus olhos.

– Eu me expressei errado – ela disse quando se recuperou um pouco da vergonha. – É só que se você quiser ficar mais confortável, pode dormir como está acostumado, por tanto que não seja pelado – ela voltou a corar e Alfonso riu. – Estou me sentindo uma vadia agora – disse escondendo seu rosto em seu travesseiro.

– Eu entendi o que você quis dizer Anahí, mas eu estou bem assim – ele riu. – Obrigado.

– Você sempre dorme com tanta roupa? – ela perguntou levantando seu rosto para encará-lo, mas em seguida percebeu que havia voltado a falar demais e voltou a esconder seu rosto no travesseiro, envergonhada, fazendo Alfonso rir.

Quando Anahí já estava quase dormindo, Alfonso riu ironicamente, passando a mão em seu rosto, depois de tentar se ajeitar na cama, e se perguntou há quanto tempo não dormia de verdade na cama de outra mulher.

– O que foi? – perguntou Anahí curiosa.

– Acho que depois que a Angelique foi embora eu me tornei um homem muito espaçoso – ele sorriu. – Não sei mais dividir uma cama com outra pessoa que não seja a Clara com medo de monstros – ele riu, e Anahí o olhou surpresa.

– Pensei que você gostasse de dividir camas com enfermeiras – ela disse ironicamente e ele riu.

– Não para dormir, Anahí – ele respondeu, nunca passava a noite com nenhuma mulher, depois que conseguia o que queria, Alfonso sempre dava um jeito de ir embora, pois não poderia deixar Clara com a babá a noite toda.

– Então você é do tipo que foge? – ela perguntou.

– Tenho uma filha Anahí, não posso passar uma noite inteira longe dela – ele explicou, embora soubesse que depois de Angelique, dificilmente voltaria a dividir sua cama com outra mulher.

– Qual foi a última vez em que você realmente dormiu na mesma cama com outra mulher? – ela perguntou curiosa.

– Não sei, deve fazer uns quatro meses – ele respondeu depois de pensar por um tempo.

– Quem era essa mulher? – ela perguntou, pensando que podia ser Maite.

– Isso não importa – ele disse querendo acabar com aquele assunto.

– Foi a Maite? – ela perguntou.

– Não – ele se apressou em responder. – Por que é que você sempre coloca a Maite no meio das nossas conversas? – perguntou.

– Então quem foi? Você pelo menos se lembra do nome dela? – ela riu ironicamente, se perguntando se Alfonso era do tipo de cara que no dia seguinte nem se lembrava do nome da mulher que estava em sua cama.

– Por que é que você quer saber disso? – ele perguntou.

– Sou uma mulher curiosa Alfonso, você já devia saber disso.

– Foi a Claudia – ele respondeu e Anahí o olhou surpresa, preferia que ele tivesse respondido que fora Maite.

– Pensei que o caso de vocês havia acabado quando sua esposa terminou com você – disse Anahí, ela se lembrava que Alfonso havia dito que não saia mais com Claudia.

– E acabou – ele disse puxando o cobertor.

– Pensei que você não saísse mais com ela – ela se virou para observá-lo.

– Eu não saio mais com ela – ele respondeu, e aquelas respostas curtas a estavam irritando.

– E você foi parar na cama dela como? Em um passe de mágica? – ela perguntou ironicamente, e Alfonso riu, se o relacionamento de ambos não fosse uma mentira, ele pensaria que Anahí estava com ciúmes.

– Não preciso ter um caso com ela e nem sair com ela para ir para cama com ela.

– Então vocês ainda...? – ela perguntou, sem saber se realmente queria ouvir a resposta daquela pergunta.

– Nós ainda o que? – ele perguntou, embora soubesse do que Anahí estava falando, gostava de como ela se envergonhava facilmente, e gostava de vê-la corar.

– Vocês ainda dormem juntos? – ela perguntou.

– Não mais – ele respondeu. – Agora chega de perguntas, porque eu realmente estou com sono – disse se virando e ficando de frente para ela.

– Boa noite, Alfonso – ela sorriu.

– Boa noite, Anahí – ele sorriu de volta.

Quando Anahí acordou se assustou ao perceber que estava deitada com a cabeça apoiada no ombro de Alfonso, que agora estava sem camiseta — ele a havia tirado de madrugada, quando esquentara e Anahí já estava dormindo, já que não estava acostumado a dormir assim — a abraçando com o braço esquerdo, há tempos Anahí não sentia a tranquilidade que estava sentindo agora, há tempos ela não se sentia assim, protegida, e há tempos ela não sentia que precisava tanto de uma pessoa, como ela sentia que precisava de Alfonso agora, e isso a estava deixando apavorada, porque sabia que não poderia sentir nada por ele, já que jamais seria correspondida.

Mentiras (finalizada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora