Capítulo - XXIII

3.7K 201 17
                                    

– Anahí, que tipo de pai você acha que eu sou? – ele perguntou indignado. – Não trago mulheres para o meu apartamento, eu não apresentaria a Clara para uma mulher com quem eu só passei uma noite.

– Me desculpe, é que são apenas vocês dois, então eu pensei que... Você sabe, pensei que você trouxesse mulheres aqui, para não deixar a Clara sozinha.

– A babá dela dormia aqui com ela, eu não sou tão irresponsável quanto você pensa, Anahí – ele disse, e ela sentiu suas bochechas corarem.

– Eu não acho que você seja irresponsável Alfonso, sinto muito pelo que eu disse.

– Olha Papai – disse Clara mostrando o castelo que ela tentava montar — embora aquilo em nada estivesse parecendo com um castelo — Alfonso a olhou e sorriu, ao ver o esforço que Clara fazia para encaixar as peças.

– Está ficando lindo – ele disse, e Clara sorriu orgulhosa.

– Podemos começar nossa conversa do zero e fingir que eu não disse aquela estupidez? – perguntou Anahí.

– Já sabe o que vai dizer para o Enzo? – perguntou Alfonso.

– Não, eu pensei em dizer que você é um amigo e que passaríamos alguns dias juntos, mas isso não daria certo porque vamos ficar na casa da minha mãe...

– Vamos ficar na casa da sua mãe? – ele perguntou.

– Vamos, algum problema?

– Não quero atrapalhar, e tem a Clara também, pensei que seria melhor ficar em um hotel.

– Sem chances, minha mãe não me perdoaria se nós fossemos para lá e não dormíssemos na casa dela, e esse é o problema, porque nós dois provavelmente dormiremos no quarto que eu tenho lá, e o Enzo e a Clara no quarto do Enzo, e eu não sei como explicar isso para ele, porque eu não sei se consigo mentir para ele também.

– Anahí, embora eu ache que isso será um erro, não vejo outra opção que não seja mentir para eles também, eu não posso nem pensar em contar a verdade pra Clara, ela é uma criança de cinco anos, ainda não aprendeu a guardar segredos.

– Eu sei – ela disse passando as mãos pelo rosto. – Mas não sei como farei isso.

– Você está pensando e ir quando para a casa da sua mãe? – ele perguntou.

– Eu gostaria de ir na próxima sexta, já pedi minhas férias no ateliê, e acho que saio de férias na próxima sexta.

– Então nós temos uma semana para acertar tudo – ele disse quando seu telefone começou a tocar, e assim que ele atendeu, ouviu sua mãe eufórica lhe perguntar como ele estava.

– Eu estou bem – ele respondeu indo até a cozinha, e Anahí o seguiu, parando na porta para poder observar as crianças.

– Eu imaginei que você estaria bem – Ruth disse. – Alfonso você está namorando? – ela foi direta, e Alfonso pode perceber a animação em sua voz, enquanto escutava Manuela gritar do outro lado.

– Quem te disse isso? – ele perguntou, mas já sabia quem havia contado.

– O seu pai. Então é verdade, você realmente está namorando?

– Estou – ele respondeu, agora seria a hora de começar com aquela mentira. – Eu estou namorando – ele disse olhando para Anahí, que agora o olhava curiosa. – É a minha mãe – ele afastou o telefone, se explicando para Anahí.

– Ela está aí? – perguntou Ruth.

– Está – ele respondeu.

– O que ele respondeu? Ele está namorando? É com aquela mulher que eu vi no apartamento dele? – ele pode ouvir Manuela perguntar do outro lado da linha.

Mentiras (finalizada)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora