Orun - Aiyé: Guerra Santa #Wattys2016 (EM REVISÃO)

INTERLÚDIO IX

ENTRE O INFINITO E O FIM HÁ UMA ÚLTIMA BARREIRA, UM VÉU ESPESSO, APÓS ULTRAPASSÁ-LA, O VAZIO INTERROMPE TODO RESQUÍCIO DE HUMANIDADE PARA ADENTRAR A DIVINDADE E ALÉM DELA, ESSE ESQUECIMENTO É MAIS UMA DOR QUE MORRE NAS ESTRELAS SOLITÁRIAS, INDIFERENTE A TUDO.

DESDE SEU INÍCIO, OS DOIS OPOSTOS APÓS INDIVIDUALIZAREM-SE, COLIDIRAM-SE SUCESSIVAMENTE CRIANDO CONFLAGRAÇÕES EXPLOSIVAS, E ESSA HISTÓRIA CÍCLICA, REPETE-SE, EM TEMPOS INTUÍDOS DE CENTENAS DE BILHÕES DE ANOS, SABEMO-NOS CEGOS E SEM CORPO, INTERMINÁVEIS.

AS ONDAS DESSAS REPETIDAS EXPLOSÕES PRODUZIU INFINITOS UNIVERSOS SEM NENHUMA INTERAÇÃO CONTINUA. O NOSSO ESPAÇO, EM NOSSO UNIVERSO CONTÍNUA INACESSÍVEL AS DIMENSÕES MAIS ELEVADAS E VICE-VERSA, POIS MUITOS DESSES OUTROS UNIVERSOS NASCERAM EM ÉPOCAS COMPLETAMENTE ALEATÓRIAS, COM LEIS FÍSICAS PRÓPRIAS E SEU PRÓPRIO CONJUNTO DE PARÂMETROS O QUE É BOM OU NÃO PARA A VIDA CONHECIDA OU IMAGINADA, RESPINGADA AQUI E ACOLÁ ENTRE AS ESTRELAS.

O FIM DOS ESPAÇOS SAGRADOS É INFINITO, TUDO CAMINHA PARA ALÉM, NUMA ABERTURA QUE ENCONTRA UMA MURALHA, ONDE O FIM DA CAUDA DO ORIXÁ OXUMARÊ É MORDIDA POR SUA CABEÇA, SEU CORPO REPTILIANO COLOSSAL SEGURA TUDO DENTRO DE SEU ABRAÇO, SE NÃO FOSSE POR ISSO, O UNIVERSO HÁ MUITO TEMPO TERIA SE AVOLUMADO DE TAL FORMA QUE UMA DIMINUTA FRAÇÃO DE UM SEGUNDO TERIA BASTADO PARA ESPALHAR A MATÉRIA PARA LONGE NUMA RAREFAÇÃO INIMAGINÁVEL, GARANTINDO ASSIM O EQUILÍBRIO DAS REALIDADES. SUA ESSÊNCIA TRANSFIGURA-SE NO FIRMAMENTO, SÓ VISÍVEL AOS IRUNMOLÉS E DEMAIS DIVINDADES, SUA REPRESENTAÇÃO NO MUNDO VISÍVEL É O ARCO-ÍRIS. ESTAMOS FORA DOS PARÂMETROS, EM OUTRO PATAMAR, NO ÚLTIMO ESTÁGIO, EM DIREÇÃO AOS APOSENTOS DE DEUS.

APÓS O FIM CONHECIDO, EXISTE SOMENTE A NULIDADE NEGRA E VAZIA DESCONHECIDA, NENHUM IRUNMOLÉ OUSOU PASSAR DE SEUS LIMITES, APENAS OLODUMARÊ E SUA INFINITUDE ABUNDA FORA DOS SEUS LIMITES. DIZEM QUE DIVINDADES ESTRANHAS HABITAM ALÉM DESSES LIMITES E MAIS À FRENTE, PORÉM, NUNCA FORAM VISTAS OU SENTIDAS, BOATOS FALAM DE SERES COM ASAS FLAMEJANTES, OUTROS EM INÚMEROS BRAÇOS, OUTROS EM SERES COM ASPECTOS MONSTRUOSOS.

NUNCA HOUVE CONTATO ALGUM COM NADA DESCONHECIDO.

ASSIM COMO NO AIYÊ, A FOFOCA É COMUM ENTRE OS DIVINOS.

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Quando a névoa que envolvia o mais distante de todos os Oruns resplandeceu em todas as direções – luminosa e translúcida como uma membrana atingiu seus olhos, Ela piscou diante da energia que pulsava do último estágio espiritual conhecido, o Orun Marê.

O imenso planeta era circundado em todo o seu hemisfério sul, com uma coroa, uma aureóla de luz branco avermelhada. Desde a Criação, quando de sua primeira explosão, a medida que se expandia e os universos tornavam-se mais frios e mais pálidos, coalesciam, acumulando-se, era para ali que tudo se expandia, para a fonte da divindade.

Aquele era o lugar para os absolutamente perfeitos, os supremos em qualidades e feitos, aqueles que tem autoridade absoluta sobre tudo que há no Orun e no Aiyê, os dominadores e manipuladores dos elementos primordiais conviviam entre si naquele espaço. Alguns reis, rainhas e heróis quando morreram passaram a integrar aquela dimensão, tornavam-se partículas da divindade, agregando-se aos elementos formadores fundamentais com os quais se identificavam e assumindo funções de ordenamento na Criação contínua. Os humanos que adquiriam essa honra eram muito poucos, pois aquele era o local sagrado reservado ao descanso de Olodumarè, o Primevo, o Deus criador de tudo e de todos que ocupava o espaço infinito dentro do Hemisfério Sul, bem como todos os Irunmolés, Orixás e divindades.