Orun - Aiyé: Guerra Santa #Wattys2016 (EM REVISÃO)

CAPÍTULO 50 - A SÚPLICA DE MOREMI

A BUSCA PELO EQUILÍBRIO É PERSEGUIDO POR TODOS OS SERES HUMANOS, POR ISSO, QUANDO AS VICISSITUDES PELAS QUAIS TODOS PASSAMOS AO LONGO DE NOSSA VIDA FAZEM TROPEÇAR NOSSOS PÉS CANSADOS, ESSA BUSCA VISA TOMAR, RESTITUIR, PROPICIAR, REEQUILIBRAR, ENFIM, RESTABELECER NOSSA SINTONIA COM O AXÉ, A FORÇA VITAL DEFLAGRADA POR OLODUMARÉ, O DEUS SUPREMO E ESPALHADA TANTO PELO AIYÊ QUANTO PELO ORUN, DESDE O INÍCIO DE TUDO, POIS TANTO A EXISTÊNCIA QUANTO O OPOSTO DELA É REVESTIDO POR ESSA ENERGIA.

TODA A DINÂMICA DA RESTITUIÇÃO É CENTRADA EM TORNO DO EBÓ (SACRIFÍCIO), DA OFERENDA PROPRIAMENTE DITA, É COMO NÓS PODEMOS FAZER ESSA PERMUTA. USA-SE DE OFERENDAS PARA TODOS OS PROPÓSITOS, ENTENDE-SE QUE SEM ESSA DEVOLUÇÃO, NÃO EXISTIRÁ A MULTIPLICAÇÃO E O CRESCIMENTO. EXU FOI ENTRONIZADO COMO O DISTRIBUIDOR E O GUARDIÃO DESSA ENERGIA, SEM ELE NADA ADVIRÁ OU VIRÁ, DADO A SUA IMPORTÂNCIA PRIMORDIAL DENTRO DO CULTO TANTO HUMANO, ANCESTRAL, IRUNMOLÉS E EBORÁS. TODO INDIVÍDUO POSSUI UM BARÁ, UM EXU GUARDIÃO, DERIVADO DE IANGUI, A MONTANHA DE LATERITA, O ELEMENTO QUE PERMITIU SEU NASCIMENTO, DESENVOLVIMENTO PÓSTERO E PROLIFERAÇÃO, PORTANTO TUDO O QUE É INDIVIDUALIZADO DEVERÁ RESTITUIR TUDO O QUE EXU DEVOROU. TODOS OS SERES DIVINOS POSSUEM UM BARÁ (GUARDIÃO) TAMBÉM.

ATRAVÉS DE OFERENDAS É QUE ESSA RESTITUIÇÃO É CUMPRIDA, NESTE PROCESSO VITAL EQUILIBRADO, IMPULSIONADO E CONTROLADO POR EXU, O AXÉ DEVORADO REAL E METAFORICAMENTE É USADO PARA QUE A PESSOA POSSA CUMPRIR SEU CICLO EXISTENCIAL DE FORMA HARMÔNICA E COM ELE NUTRE A SI, AOS IRUNMOLÉS, EBORÁS E AOS ANCESTRAIS. NADA É RUIM OU DE MAL NATUREZA, O QUE É DE MAL NATUREZA É O CARÁTER COM O QUAL SE MANIPULA ESSAS ENERGIAS, OU SEJA O SER HUMANO DESEQUILIBRADO É NOCIVO A SI PRÓPRIO MAIS DO QUE A SUAS VÍTIMAS.

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Oxum estava assustada, sempre fora boa em disfarçar suas emoções, mas depois do que se passou, sentia-se responsável pela atitude da Imperatriz Moremi. Não que a tivesse influenciado diretamente, mas ela fora a chave que a levou a deixar-se ser capturada pelos inimigos do Império de Ilé-Ifé, os Igbôs. Por mais que tentasse ainda não conseguia esquecer o encontro que teve com Moremi, embora não contasse desse encontro para ninguém. Sentia que quando olhavam para si, o olhar das pessoas ressoava ódio, ressentimento, como se a acusassem. Cada dia convencia-se que estava ficando louca, só podia ser isso. A tensão elevou-se com os desenrolar dos acontecimentos e a sensação de que era vigiada e perseguida persistia em qualquer lugar.

Voltara apressada a mais de uma quinzena de Irê depois da ameaça das Iyá Mi, "_ Tens que enfraquecer vosso pai. Ele é um elo importante para a queda dos Irunmolés!" Por mais assustada e frágil que estivera depois da morte de seu amado Oxóssi, o Alaketu (Rei de Ketu), essa intimidação a fez correr para seu lar, pois não conseguia imaginar ser a responsável pela morte de seus pais, seria demais para ela aguentar, queria o colo de sua mãe e a palavra de seu pai. A imagem de Exu a perseguia, pois ela sabia que só ele a poderia ajudar a enfrentar o que estava por vir, ele era o Terceiro ser divino criado, o mais humano e próximo de nós, vivia no fluxo de energia indo e vindo entre as dimensões e principalmente, sabia que ele a desejava, mas contemporizava se sua fuga para unir-se com o homem por quem se apaixonara não o ressabiaria. Não queria ter a fúria e a astúcia felina de Exu contra ela, não agora que estava tão desprotegida.

Seu pai e sua mãe estavam em Ilê-Ifé, a capital do Império, a pedido do Imperador Oranmyam, pois uma série de ataques estava acontecendo nas cidades e aldeias vizinhas e por isso seu pai foi chamado urgentemente, ele próprio tivera suas estranhas aventuras, muitas contadas de boca a boca, pois sua fama grande e respeitada. Foi no período em que chegou na cidade para rever sua família, que aconteceu o encontro que ela queria esquecer.