Ketu foi fundada em torno de uma árvore sagrada, um Iroko, uma das fontes de ligação do Aiyê (Mundo Físico) com o Orun (Mundo Espiritual). O local foi escolhido pelo rei Edé, 6º sucessor de Isa-Ipasan (O Chicote de Deus), nome de um príncipe da lendária cidade de Ilê Ifé, filho de Oduduwá e irmão de Ogum, que havia se exilado espontaneamente devido as disputas iniciais pela sucessão ao trono de seu pai e migrado 200km a oeste, levando consigo seu séquito pessoal, composto de suas mulheres, filhos, servidores diretos e algumas outras famílias, que o apoiavam e queriam ter riquezas.
Edé, teria partido da cidade de Aro a oeste, em direção às terras fons. Conduzido por seu parente, o experiente caçador Alalumon, foi levado a um local alto, à sombra de um grande pé de Iroko, onde Alalumon costumava pendurar sua bolsa de caça, quando parava para repousar e se alimentar sempre que passava por aquelas terras.
Foi ali, nas proximidades da sombra daquele Iroko, que Edé e as famílias que o seguiram, dariam início ao famoso Reino de Ketu.
Tendo encontrado o local de seu futuro reino, que junto com o Babalawô da época e depois que um pequeno Conselho de Odés (caçadores), Oloyes (Alto escalão) e Oxós (feiticeiros) o demarcou, como a empreitada era a de fundação de um grande reino de acordo com o costume da época, foi necessário realizar um sacrifício humano para proteger a cidade, todos escolhidos diretamente pelo rei, dentre os membros das mais importantes famílias do seu séquito.
Foram feitas vasculhas nos arredores e de acordo com o estabelecido pelo oráculo acharam um corcunda de uma comunidade vizinha, falante do ramo linguístico ewê que foi sacrificado na entrada do que viria a ser a cidade, história esta que parece ter dado à cidade o seu nome. Quando perguntava-se "Quem consegue endireitar a corcova?" é "Ke 'tu ike?" em ioruba. A resposta dada era essa: ninguém consegue endireitar a corcova, portanto ninguém consegue destruir a cidade. O reino foi batizado assim de "Ketu" e o seu rei de Alaketu (o feiticeiro de Ketu).
O planalto em que a cidade foi erguida era de terra dura e avermelhada, constituída de laterita, debruçando a leste em um pequeno barranco, escasso em fontes de água, de tal forma que criou-se um ditado à respeito: "Água vira mel em Ketu". Para amenizar a falta de água, os habitantes construíram cisternas e poços que coletavam a água da chuva. Esse foi também um dos motivos que limitou o tamanho da povoação. Porém, em contrapartida a localização da cidade em um planalto ofereceu a todos uma excelente proteção – Ketu só seria conquistada apenas uma vez em toda a sua longa história.
O Obá da época de sua fundação construiu um imenso portão no mesmo lugar do sacrifício. O portão, esculpido de madeira de Iroko, incluiu em seu projeto duas portas maciças de madeira, uma por dentro e uma por fora. Ele foi batizado Idena, ou "sentinela".
Pouco depois, um imenso muro de barro que partia do portão e estendia-se até cercar toda a cidade foi erguido. Ao escavar o barro para construir o muro, o povo criou grandes trincheiras do lado de fora, oferecendo uma proteção ainda maior. Como defesa final, os moradores plantaram uma cerca de arbustos espinhosos além das trincheiras.
Dizem que o próprio Obá traçou pessoalmente os muros em torno da cidade, formando uma elipse um pouco irregular. O comprimento total tinha 3.300m, com 4m de altura. A parte maior media 1.100 m e a menor 965 m. Os muros resguardavam uma área de 85 hectares. Os fossos tinham entre 3 e 4m de profundidade e mediam de 5 a 8m de largura.
A lenda conta que o rei Edé era mágico e por isso havia designado dois gigantes para construir a muralha: Ajibodu e Oluwodu. Ambos dormiam de dia e só trabalhariam à noite. Por isso ninguém os via.
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Orun - Aiyé: Guerra Santa #Wattys2016 (EM REVISÃO)
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