Vento e Lâmina

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Capítulo 15

Vento e Lâmina

          Era possível escutar as lutas do lado de fora. A vontade de sair correndo era grande, mas nós precisávamos manter a estratégia. Quem quer que tenha vindo nos atacar provavelmente seria um grupo competente, então precisávamos fazer algo parecido com a estratégia que usamos quando tomamos a cidade: permanecer divididos para evitar que eles combinassem forças e nos derrotassem de uma vez. Embora eu duvidasse que o Duque estivesse tão apreensivo enquanto escutava nossa guilda avançando.

          Mas o que realmente me preocupava era que eu tinha que esperar na antiga prefeitura. O lugar praticamente gritava que era ali que o líder da guilda estava, e logicamente o melhor lutador dos invasores viria até aqui. Isso se eles não resolvessem vir em grupo. Nenhuma das ideias me parecia muito agradável, tendo em vista meu histórico de lutas.

          Foram os passos de alguém entrando na prefeitura que me fez pular da cama, agarrando minha espada em minha mão direita. Não havia mais tempo para ficar pensando, eu precisava pelo menos manter minha postura e esperar os outros lidarem com quem quer que estivessem enfrentando.

          Eu teria que revisar essa posição após finalmente reconhecer a pessoa que estava diante de mim.

          — Brayan. Então era mesmo você o estudante que se tornou um Amaldiçoado.

          E lá estava ela, a pessoa responsável por qualquer complexo de inferioridade que eu tivesse tido enquanto ainda era um estudante na Escola do Divino: Kendra, uma das Escolhidas mais famosas da atualidade e minha antiga colega de turma. Mas isso foi enquanto eu ainda fazia parte da escola. Eu não podia deixar que isso afetasse a situação agora.

          — Kendra. Ou melhor dizendo, Senhora das Lâminas. Então ele mandou você. Eu sabia que ele queria me capturar logo, mas não achei que conseguiria convencer sua guilda. — Tentei manter a calma enquanto falava. Não havia como negar que Kendra era melhor com espadas e mais experiente do que eu. Mas isso não era tudo, a espada que ela usava era o que realmente me preocupava.

          — Eu ia recusar o pedido, não tenho tempo para caçar traidores da escola, existem forças especializadas nisso. Mas então ele disse o seu nome.

          Ah, então ela queria levar para esse lado. Por acaso ela estava tentando fazer eu me render sem ter que lutar? Bem, era capaz de ser isso mesmo. Porém eu ainda tinha um trabalho a fazer.

          — Você fala como se tivesse algum motivo que fizesse a minha traição ser pessoal para você. Eu não lembro de termos alguma conexão do tipo.

          A resposta demorou um segundo a mais do que o normal. Por algum motivo, isso fez meu coração gelar. Não existia mesmo um motivo, existia? Eu não tinha esquecido de nada... eu acho.

          — Nós dois estudamos juntos sob a orientação dos mesmos professores. Mesmo que nossas interações fossem quase inexistentes, a sua traição ainda me deixa com um gosto ruim na boca.

          A resposta fria dela foi o suficiente para me acalmar. Eu sabia que sete anos era muito tempo, mas eu ainda era muito novo para esquecer algum evento que me ligasse a maior celebridade da escola.

          O som de aço sendo desembainhado foi o suficiente para me lembrar que a situação era mais séria do que apenas uma questão de memória. A lâmina dela era a coisa que mais me preocupava, principalmente pelo o que eu havia escutado sobre a combinação dela com a sua Bênção.

Estrela MortaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora