Capítulo 6 - Cobras e Facas

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Eu estava lento

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Eu estava lento.

Distraído, pensando em que legal seria se eu pudesse voar. Iria pra qualquer lugar se pudesse voar.

Comeria carne assada.

Não que este pensamento tenha sido algo formulado e revisado, preparado e apresentado.

Foi apenas um pensamento.

Eu queria comer carne assada mas não tinha nenhuma carne. Se tivesse alguma carne não sei se saberia o que fazer com ela. Enfim, não tinha nenhuma carne e não tinha coragem de matar uma das vacas que eu encontrava em minhas explorações. Será que eu saberia o que fazer se tivesse a coragem para isso?

Bom, voltando ao assunto, voar me permitiria ir pra um lugar distante daqui onde eu pudesse comprar alguma carne sem que alguém me fizesse perguntas. Usaria algum dinheiro. Trocar dinheiro por carne é melhor do que deixá-lo dentro de um colchão.

Eu estava lento e distraído.

Tão distraído que não notei o Barão rosnando.

Distraído ao ponto de olhar as nuvens e senti-las mudando de cor.

Foi assim, distraído, que eu pisei na cobra que estava bem na minha frente. Ela era roliça e úmida.

Meu tronco foi projetado para trás e minha cintura foi projetada para frente.

Lembra da engrenagem em movimento?

Alguns movimentos não param depois de iniciados.

Olhei para o meu lado direito enquanto caía e a vi puxar a cabeça para trás.

O que eu pensei naquele momento? Não faço a menor idéia.

Tudo foi muito rápido.

Muitas coisas podem acontecer em menos de um segundo.

Você pode derrubar uma faca que cairá de ponta no peito do seu pé enquanto gira uma xícara de café muito quente sobre seu peito. Poderá gritar um palavrão e piscar os olhos algumas vezes antes de completar um segundo.

Olhei a cobra e suas escamas douradas.

Pisquei muitas vezes. Vi o Barão latindo (não sei se o ouvi).

Senti o gosto de terra.

Rolei pelo chão.

Caí mais ainda.

Tudo isso em um segundo.

Ao meu lado esquerdo corria um riacho e o barranco por onde caí era cheio de plantas compridas e moles.

Deitado e com parte do meu corpo dentro d'agua eu olhei para o alto do barranco e imaginei o réptil peçonhento vindo em minha direção pronto para morder meu pescoço.

Recuei.

Escutei a vegetação se mexer. Vi o movimento da vegetação. Algo vinha em minha direção.

Recuei mais ainda.

O animal pulou sobre mim e foi direto em meu rosto

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O animal pulou sobre mim e foi direto em meu rosto.

Barão lambeu meu rosto várias vezes, latiu, abanou o rabo e também cheirou minha orelha.

Acho que a cobra tinha todo o direito de me morder, afinal eu pisei no meio nela. Mas ela não queria nada comigo.

Mas o Barão ficou preso num emaranhado de vegetação enquanto voltávamos para casa e eu demorei muito tempo para soltá -lo. Me deu muita dó dele e então a partir deste dia eu achei melhor sempre ter uma faca comigo caso eu tivesse que livrar alguém de um emaranhado novamente.

Foi uma boa decisão.

Jeff mais leve que o arOnde as histórias ganham vida. Descobre agora