"Isso é um tigre?" Indaguei, quebrando, por instantes, o momento de constrangimento quase palpável entre nós.

Ele soltou uma gargalhada branda e repentina, subindo ligeiramente a manga da T-Shirt branca para mostrar a totalidade do tigre. Era apenas feito a tinta preta, o que para mim parecia dar-lhe um toque subtil de beleza.

"É o animal preferido da minha irmã mais nova, daquela que anda com a tua irmã." Explicou ele. "Então tatuei um tigre, em memória dela, mesmo que ela ainda esteja viva, claro."

Fiquei de tal maneira absorta na história da tatuagem do tigre que inspecionei cada tatuagem que ele tinha no outro braço. Para ser sincera, não percebia nem metade do que estava para lá tatuado, um 6 ou um 9 a preto, ZAP a amarelo dentro de um balão espevitado vermelho, letras e símbolos e uma mão com os dedos cruzados e... pernas?, um cinto? A curiosidade foi tanta que, sem a sua autorização, subi a manga do outro braço, revelando bem mais do que pernas e um cinto, uma figura, uma... rapariga.

"Tu tens uma... boneca no teu braço?" Perguntei, perplexa, sem saber muito bem se arqueava as sobrancelhas de espanto ou as franzia devido à estranheza da situação.

"Ah... isso..." Resmungou. "É uma história engraçada. Quando tinha 16 anos, desafiaram-me a fazer uma tatuagem da Perrie..."

Da Perrie? A mesma Perrie que faz os serviços malucos na minha equipa de vólei?

"...e disseram-me que era de henna. Adivinha só abracadabra, é permanente." Concluiu ele, soltando uma segunda gargalhada para o ar, ligeiramente mais alta. "Não a disfarcei porque, pronto, vamos deixar marcado na minha pele o meu primeiro amor e o quão merda foi no final."

"Perrie? A mesma Perrie que treina a minha equipa?"

"Não. Quer dizer, sim, mas ela não treina. Eu sou o treinador, ela é a manager."

"Porque tens uma tatuagem da Perrie no teu braço?" Inquiri, mais agressivamente do que desejava. Não sei porquê, mas isto irritava-me...

"Eu namorei com ela, antes da Madison."

Embora aquele não seja, de longe, o loiro natural dela, pelas sobrancelhas podíamos ver que ela era loira... olhos azuis... as semelhanças entre nós as três... seria coincidência, ou ele andava atrás de cor de cabelo e olhos específicos? Ele... não... ele não podia andar neste estado comigo porque eu era... ou podia? Mas...

"Bella?" Balbuciou.

"A Madison falou-me dela, não exatamente da Perrie, mas..." Porque raios já me sentia inundada de tristeza e dúvidas de novo?

Ele, sem sombra de dúvidas, faz-me mal.

"Ela disse que tínhamos as três coisas em comum, e que éramos bonitas e loiras e tínhamos olhos azuis e..."

"Eu espero que não estejas a pensar que eu gosto de ti por causa disso." Interrompeu-me ele, de sobrolho franzido. O meu silêncio foi resposta e ele começou a rir-se, incrédulo. "Claro que não, foi meramente coincidência. Eu nunca vi a Perrie loira, sequer! Nos primeiros tempos, acreditei que ela era ruiva, a primeira vez que a vi tinha o cabelo lilás. Comecei a namorar com ela quando tinha o cabelo cor-de-rosa."

Envergonhada, baixei a cabeça... pelo menos, ele disse que gostava de mim. Mas se não era por isso, era... pelo quê? E, como se adivinhasse a pergunta que pairava na minha mente, ele voltou a falar.

"Ouve, o motivo pelo qual eu gosto de ti, mais do que devia, ultrapassa-me por completo. Acredita. Não sei qual é, mas de certeza que não é pela genética que te deu essas cores. Foram meras coincidências. E, já que estamos a fala disto..."

Physical Education Teacher Z.M.Where stories live. Discover now