Physical Education Teacher Z.M.

Capítulo 5

Quando disse na Segunda-feira que queria todos preparados às oito e quarenta, não estava a brincar. De facto, mal o 39 vermelho do relógio do gimnodesportivo se transformou num 40, ele apareceu, começou a fazer a chamada e quem não estava presente levou falta. Eu, a Carly e a Miranda sempre chegamos a horas, porque sabemos perfeitamente que é possível falar enquanto tiramos roupa e enfiamos outra no nosso corpo. A maioria das raparigas da turma não. A Victoria e o seu grupo, aliás, demoram bastante, porque se esquecem de que vêm para Educação Física; não para um casamento. Penteiam o cabelo na perfeição de modo a que o rabo-de-cabalo fique igualmente perfeito e, para nada imperfeito aparecer, chegam laca à parte de cima da cabeça para estancar por completo os pequenos fios de cabelo que ameaçam sobressair. Para não falar que a Vanessa, uma das raparigas do seu grupo estúpido, faz questão de retocar o rímel e pentear as sobrancelhas. E enquanto elas fazem tudo isso, eu e as minhas amigas estamos já a correr os cinco minutos propostos pelo professor. Obviamente, ele deixou claro que, quem parar, irá fazer vinte flexões. Ninguém levou a sério, até a Elsa e a Sarah se estenderem no chão azul e tentarem com todas as suas forças fazerem uma pequena flexão que fosse. Não conseguiram.

Escusado será dizer que nem metade do tempo tinha passado e eu e a Carly já estávamos completamente rotas. A Miranda não, a Miranda sempre foi a rapariga que ficava a jogar futebol com os rapazes quando os professores dividiam a turma por sexos, para os jogos serem equilibrados. À medida que nós íamos recuperando o fôlego, ela tentava perdê-lo numa corrida rápida, sem se cansar sequer. Nós ficávamos a vê-la e, entretanto, as outras apareceram.

"São nove menos cinco. Têm falta." Avisou Malik, com os olhos postos no livro de ponto. "As faltas de atraso são dadas quando um aluno chega atrasado quinze minutos ou menos. Vocês chegaram vinte cinco. Têm a oportunidade de viver com isso e participar na aula e, talvez, eu pondere em tirar a falta, ou podem ir embora e a vossa nota no final do período já terá menos dois valores."

Quem estava mais perto da entrada para a nossa divisão, como eu e a Carly e mais um pequeno grupo de alunos numa corrida lenta, ouviu perfeitamente o que ele dissera. Ao contrário do que eu esperava, elas ficaram na aula, talvez por ele meter medo, talvez por ele ser exigente, talvez por ele ser giro, eu não sei. Mas que elas ficaram... é verdade.

"Vou fazer quatro equipas que se irão manter até ao final do ano. À medida que vão ganhando jogos, vão ganhando pontos, se fizerem os exercícios bastante mal, vão perdendo. Quem ficar com mais pontos no final do ano, não recebe nada, apenas é a equipa com mais pontos. De que cores são os coletes disponíveis?"

"Temos amarelos, verdes, vermelhos, azuis e laranjas, acho eu." Informou o Eric.

"Organizem-se em equipas de seis, uma equipa terá sete, excecionalmente. Não fiquem muito felizes por formarem uma equipa de gajos que só jogam futebol e raparigas que amam vólei, porque eu vou equilibrar as equipas. Um minuto."

Foi a algazarra total quando se começaram a fazer as equipas. Ninguém levou muito a sério o que ele dissera sobre equilibrar as equipas, porque os rapazes que andavam numa equipa de basquetebol já se estavam a juntar num dos cantos da divisão, e o grupo da Victoria já se estava a reunir com outras raparigas que não eram totós, mas que também não eram espetaculares o suficiente para integrarem naquele estúpido gangue. Eu fiquei numa equipa com a Carly e a Miranda, o Eric, o Toby e a Daisy. A equipa podia-se dizer equilibrada, porque tanto a Miranda como a Daisy se dedicavam bastante ao desporto, os dois rapazes desenrascavam-se bem demais e eu e a Carly servimos para que a equipa não seja muito superior às outras. Mas havia a equipa das estrelas, o Jon, um idiota chapado e convencido, o Tom, um autêntico pervertido, o Scott, um exibicionista irritante, o Roger, um viciado em ginásios e tudo mais, o Nick, um arrogante de primeira, e, por fim, o Oliver, um retardado, que fazia tudo o que o Jon e o Tom mandavam.