Capítulo 21

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Leiam a nota de autora!

*

O plano era simples. Executá-lo, nem por isso.

Há sempre a probabilidade de alguém ainda estar acordado, ou até passar ocasionalmente de um quarto para a cozinha ou vice-versa, e com alguém, refiro-me aos pais, pois a Catherine e o Peter já devem estar a dormir há um par de horas. De qualquer das maneiras, a rezar e a implorar nas nossas mentes, eu meti a chave na fechadura e abri a porta de casa, deparando-me com a penumbra infinita que se estendia pelo corredor principal. Dando espaço ao Mark para entrar com uma Martha adormecida nos seus braços, liguei a luz. O andar debaixo parecia completamente vazio.

Ao contrário do que pensamos, levar a Martha para o quarto dela foi fácil. Depois de dois minutos a guiar o Mark pelos degraus das escadas, chegamos ao corredor do primeiro andar, percorremo-lo o mais rápido que nos foi permitido e deitamos a Martha na cama, rezando e implorando, agora, para que nem o pai nem a mãe decidam vir acordá-la e a vejam com a roupa da festa no corpo e o cheiro a vomitado a pairar no ar em sua volta.

Vê-la assim, fez-me imaginar um universo paralelo, onde o Harry a traria para aqui e ficaria com ela a noite toda, mesmo sabendo que ela iria dormir durante esse tempo. Depois, a realidade atingiu-me. Ora bolas, o Harry.

"Mark, temos de voltar para a escola." Sussurrei, não por causa da Martha, mas sim porque o quarto dos meus pais eram mesmo ao lado.

A cara dele foi o suficiente para me fazer aperceber de que pedir para ir à escola não chegava.

"Eu deixei o Harry lá."

"O Ron leva-o, não te preocupes."

Um facto interessante sobre o meu irmão e o meu melhor amigo: eles estão na mesma turma, o que torna a conversa sobre essa mesma turma, na maioria das vezes, incompreensível. Porém, conhecia o Ron, o amigo do Harry, e, portanto, sei que nem um, nem outro, estão em condições de conduzir. O Harry não vive assim muito longe da escola, podia acompanhá-lo até casa se o Mark não o quisesse levar no carro... mas...

E depois?

"Mark, por favor! Ele está em baixo por causa da Martha! Só o quero deixar em casa, por favor, vá lá..." Supliquei, agarrando-lhe os ombros e abanando-o ao som das minhas palavras.

"Tem lá calma, sua lunática. Eu deixo-te na escola, mas não quero saber o que acontece depois. Saí de lá porque a Martha está num estado quase letal, não tenho vontade de voltar para a festa. Desenrasca-te no fim, percebeste?"

Talvez alguém me dê boleia... com sorte, a Anne está acordada e traz-me a casa depois de eu deixar o seu filho consigo. Esse seria o meu plano A, mas se existem mais vinte cinco letras no alfabeto, é porque o plano A raramente funciona. De qualquer das maneiras, estava mais preocupada em levar o Harry a casa e continuar a conversa sobre a Madison do que saber quem me traz de volta para casa.

Era meia noite e quarenta e já eu estava na escola de novo. Ainda nem a porta do carro tinha batido e já o carro conduzido pelo Mark estava em andamento. Com um revirar de olhos, apertei ainda mais o casaco do meu irmão e entrei na escola. Porque raios não troquei de roupa em casa?, seriam só mais cinco minutos, ele não iria morrer por causa de cinco minutos. E porque raios não está ninguém na portaria? Teria a festa acabado? Hm... vinte minutos para a uma da manhã, não me parece. Provavelmente foi à casa de banho ou qualquer coisa do género.

Podemos distinguir três grupos na festa: o primeiro grupo, que deve ser metade das pessoas aqui presentes, estava envolto nas mesas de jogos a meio do pavilhão. Quer dizer, não tão a meio, porque já foram arrastadas de um lado para o outro; o segundo grupo é constituído pelas pessoas que continuam de pé, no meio da divisão três, supostamente a dançar e a falar com os pares e amigos. A Miranda e a Carly estavam lá no meio, certamente. O terceiro grupo era feito de pessoas sentadas no chão azul, encostadas à parede de tijolo, todos espalhados pelos quatro cantos do pavilhão, sem força alguma para fazerem o que quer que seja. O Harry era uma das pessoas. Ele estava sentado, com os joelhos dobrados e o braço direito apoiado neles, com um copo quase vazio na mão ao dependuro. Vão ser uns longos vinte minutos até sua casa.

Physical Education Teacher Z.M.Where stories live. Discover now