XXVII. As palavras que tanto quis ouvir

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– Claro. Obrigada mesmo – dou um selinho nele e o abraço apertado antes de sair do carro.

Vou direto para a recepção e pergunto qual é o número do quarto do meu pai. Os corredores estão silenciosos e a emergência está bem mais tranquila do que ontem. Antes de entrar no quarto dele, bato na porta.

– Pode entrar –a voz da minha mãe é bem clara.

– Oi mãe – falo entrando no quarto e fechando a porta atrás de mim.

– Olá minha filha – minha mãe está sorrindo, isso só poderia significar boas notícias. Olho para a cama e vejo meu pai sentado na cama e comendo seu almoço.

– Pai – sorrio ao ver ele bem melhor do que eu imaginava. – Que bom que o senhor já está bem melhor...

– Ah Alice, – ele fala. – Você e sua mãe que são preocupadas demais, não foi nada demais... Eu estou bem.

– Agora que você está acordado e medicado você diz isso não é? – minha mãe fala brava, mas sei que ela está só implicando com o meu pai.

– Você é muito exagerada Rita. Não está percebendo que eu estou pronto para outra?

– Não fala isso nem de brincadeira pai! – falo apertando minhas mãos. – Mãe, a senhora já almoçou?

– Ainda não filha.

– Eu estou tentando fazer com que ela coma um pouco aqui comigo, mas não estou tendo nenhum sucesso.

– Que tal isso mãe? – retiro o almoço que eu tinha comprado para ela de dentro da minha bolsa e entrego para ela.

– Agora sim estamos falando – minha mãe sorri e pega seu almoço.

– Quer que eu compre algum suco, ou algo para beber?

– Não precisa se dar ao trabalho filha, vou na pequena cafeteria daqui e procuro alguma coisa para beber. Vocês dois vão ficar bem quando eu for?

– Claro que sim Rita, onde já se viu essa pergunta...

– Pois eu volto daqui há alguns momentos. Qualquer coisa, estarei com o eu celular ligado – minha mãe fala dando um beijo na testa do meu pai, outro na minha e saindo do quarto.

Meu pai sorri sem mostrar os dentes para mim e continua a comer o seu almoço. Recebo uma mensagem do Samuel me dizendo que ele já tinha chegado em casa e que estava bem. Meu pai não fala nada por uns bons momentos.

– Então, sua mãe me disse que você passou a noite aqui no hospital... – ele fala, sem olhar para mim.

– Foi, mas não foi nada demais...

– Nada disso Alice, sei que ficar nos corredores do hospital sem ter notícias é uma agonia sem igual...

– Ah, mas já passou pai – levanto. – O senhor já terminou aqui? – pergunto apontando para a bandeja que continha os seus alimentos.

– Já sim, mas pode deixar que eu levo pra...

– Pode ficar deitadinho aí pai, só vai levantar quando o médico dizer que está liberado fazer isso.

– Você é preocupada que nem a sua mãe...

– Acontece né? Acho que piorei um pouco por conta do susto de ontem... – pego a bandeja que estava num suporte na cama e coloco em cima de uma pequena bancada mais afastada. O ajudo a deitar e ele fica me olhando.

Batidas na porta e logo depois já é aberta. Uma mulher com longos cabelos brancos entra no quarto, vestindo um jaleco branco. Ela nos cumprimenta.

Amor na Segunda VoltaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora