040

2.3K 205 179
                                    

Crave

- Pedri González -

Cara, como eu fiquei surpreso com cada confissão do Gavi. Como ele tinha conseguido esconder tanta coisa por tanto tempo? Aquele afastamento... Como caralhos eu não fiquei sabendo o real motivo? Eles estavam no mesmo andar que os outros dois times lá na Turquia, e mesmo assim eu só descobri durante aquela conversa que eles tinham ficado no mesmo quarto e dormido na mesma cama durante aquela semana. Logo eu, o maior colecionador de informações de Barcelona, acabei sem saber o que estava acontecendo com meu melhor amigo.

Eu me sentia o pior melhor amigo, o pior comentarista de boatos, o pior analista de fatos sobre a vida alheia, o pior disseminador de informações... Eu me sentia o pior ser humano da face da Terra.

Brincadeiras a parte, eu realmente não estava bem sabendo que passei cerca de um mês sem saber o que se passava na cabeça do meu melhor amigo, mais de um mês sem saber que ele não estava bem e que precisava de conselhos.

Gavi voltou a dar atenção para sua cerveja, eu continuei o encarando e pensando em como fui capaz de deixar tantos pontos importantes passarem batidos.

Meu auto repreendimento foi interrompido pelo barulho da porta.

Uma batida. Ninguém pareceu ouvir, por isso pensei ser algo da minha cabeça. Outra batida. Pensei ser algo da música. Uma terceira batida, uma batida que não combinava com a música.

- Cara, eu não aguento mais esse barulho. - Reclamei, me referindo a porta. - Daqui a pouco a pessoa vai derrubar a porta.

Gavi me olhou como se eu finalmente tivesse ficado louco.

- Estão batendo na porta? Deve ser a pizza que eu pedi. - Ferran perguntou e já lançou uma possível resposta.

Desde quando o entregador sobe até o apartamento? O morador que tinha que buscar, pelo menos no meu tempo era assim. Não liguei para esse fato.

Fiquei empolgado. Quem não gostava de pizza? Pizza, um alimento universal que é capaz de impedir guerras.

- Você está do lado do interfone e não escutou quando o porteiro de ligou? - Falei para Gavi, já negando com a cabeça. - Que vergonha!

Então corri até a porta, ignorando totalmente o drama de Gavi e Alice e o meu próprio drama.

Minha felicidade se foi tão rápido quanto tinha chegado. Não era um entregador na porta, era só a Alice de pijama. Não que eu não gostasse da Alice, assim, eu não amava, mas também não odiava, só que eu tinha gostado muito da ideia de comer uma pizza.

O que caralhos ela faz aqui de pijama do Homem-Aranha e pantufa de Como Treinar o Seu Dragão?

Olhei para trás e percebi que Gavi estava cada vez mais perto da porta.

- Gavi, acho que é para você. - Disse assim que ele se aproximou ainda mais.

Ele pareceu surpreso por vê-la ali, mas não tanto quanto eu.

O que Alice Escobar estava fazendo de pijama na porta do Gavi em plena noite de domingo? Ela não sabe que tem que trabalhar amanhã?

- Caso vocês não saibam, o bairro ainda não é todo se vocês. - Ela disse, nos trazendo de volta a realidade. - Só preciso que vocês abaixem a música.

- O que você faz aqui? - Não consegui esconder minha curiosidade. - Seu namorado mora aqui? - Perguntei assim que vi um anel como pingente da correntinha que ela costumava usar, mas sempre deixava por debaixo da roupa.

Em CampoWhere stories live. Discover now