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Be alright

- Alice Escobar -

Eu estou morta? Ou esse é um daqueles sonhos? Daqueles sonhos terríveis. Parece que isso é eterno. Se eu estou viva, por quê? Por que eu fui abandonada por tudo e todos que eu já conheci, que eu já amei? Qual é a lição? Qual é o ponto? Deus, me dê um sinal ou eu vou desistir. Eu não posso continuar assim. Por favor, só me deixe acabar com toda essa dor. Estar viva dói muito.
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- Pablo Gavira -

- É a terceira vez que ela vai para o hospital em pouco tempo. - Não fui capaz de identificar a voz feminina que soou no estacionamento. - Alice não vai durar muito, pode anotar.

A fala me incomodou.

Como ousam falar dela assim?

Dei mais um passo em direção ao carro de Pedri e parei. Um pensamento tomando conta de minha mente.

Alice está no hospital?

Não, eu saberia se ela estivesse.

Ou talvez não.

Corri até o carro, onde Pedri me esperava.

- Ficou sabendo do motivo do sumiço do Neymar? - Perguntou assim que sentei no banco. - Parece que alguém tomou mais remédios do que o recomendado. - Disse, mediante ao meu silêncio.

- A mídia já tem todas essas informações?

Eu estava surpreso, mas não devia. A mídia sempre arranja uma maneira de descobrir o que lhe é conveniente.

- Não, ainda não. - Sua resposta veio enquanto dirigia em direção à saída. - Davi me contou.

Outra surpresa.

- O Davi te contou? - Repeti, desacreditado. - Desde quando vocês são amigos?

- Desde que eu e a Alice nos tornamos amigos.

Terceira surpresa em poucos minutos.

- Enfim, onde te deixo hoje? - Mudou de assunto, dando de ombros. - Na sua casa, na da sua mãe...?

- No hospital.

O carro brecou.

Pedri me olhou como se tivesse acabado de ver um fantasma.

- Ela não quer te ver nem pintando de ouro. - Disse, sério.

- Então eu vou pintado de prata.

Ele fechou os olhos, respirou fundo e suspirou.

Então escutamos uma buzina.

Pedri encostou o carro.

Levantou seus olhos da estrada para mim. Viu a provável tristeza em meu olhar.

Desviei o olhar dele. Peguei meu celular e abri os contatos.

- Eu sei que cometi um erro bobo. - Comecei a tremer e minha voz começou a falhar.

E eu vi a cor fugindo do seu rosto.

E meu amigo disse:

- Eu sei que a ama mas acabou, parceiro. Já não importa, guarde o telefone. Nunca é fácil ir embora, deixe-a pra lá. Vai ficar tudo bem

Eu ainda relia todas as mensagens que ela tinha mandado. Sei que não era certo, mas estava fodendo com a minha cabeça.

- E quando eu conversei com ela, eu percebi que estava seguindo em frente. - Falou. Suas palavras em alto e bom som. - Mas não é o fato de que você se sente arrependido, é o sentimento de traição de que ela não pode se livrar.

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