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Day off

- Pablo Gavira -

- Você não deveria estar treinando? - Perguntou assim que me viu entrando no quarto.

- Eu doei sangue ontem, estou de folga. - Sorri ao fechar a porta e caminhar até Alice.

- Você odeia folgas. - Afirmou.

- É, mas eu gosto de ficar com você. - Meu sorriso se alargou. Escobar revirou seus olhos.

- Nossos cinco minutos acabaram. - Ela disse. Eu ignorei

- Trouxe o cronut que prometi. - Alice pareceu finalmente perceber a sacola de papel que eu segurava. - Não conseguimos comer quando saímos do estádio.

- Você não prometeu nada. - Retrucou.

- Bom, falei sobre eles, era justo que comprasse para você.

Determinado, andei até sua mesinha. Ela recuou alguns passos para não ser atropelada. Agora estávamos os dois ao lado da mesa, e pousei o saquinho sobre ela, junto do livro.

- Estilhaça-me... - Comentei.

- A saga sem fim.

Peguei o livro e o folheei.

- Nunca li.

Ela acenou com a cabeça em direção ao saquinho em cima da mesa.

- Vamos comer?

Deixei o livro de lado, abri o saquinho e peguei um cronut.

- Pronto. O paraíso.

Ela se aproximou um passo e minha pele arrepiou.

- Não parece algo capaz de mudar uma vida.

- Não faz pouco de um cronut antes de experimentar.

Ela aceitou o desafio e deu uma mordida.

- Muito bom. - Falou com a boca cheia.

- Muito bom!? Muito bom? É o melhor. - Peguei o meu e comi em quatro mordidas, depois suspirei feliz. - Nunca mais vai conseguir comer um donut.

- Será que você me estragou?

- Sim.

Observei suas mãos enquanto ela terminava de comer.

- Continua usando isso aí. - Falei.

- O quê?

- A pulseira. - Isso tinha que ter algum significado. Ela realmente precisava da minha amizade.

Levantei o braço e puxei a manga da jaqueta para mostrar a minha.

- Eu também.

- Fiquei com preguiça de procurar a tesoura.

Sei. Alice é do tipo que deve carregar uma faca na bota. Não acreditei nisso nem por um segundo. Mas sabia que ela era muito orgulhosa, reservada ou sei lá o que para admitir que precisava de um amigo.

Se bem que ela saiu do estádio e veio direto para o hospital...

Quando ergui os olhos, ela estava me encarando. Sustentei seu olhar com determinação. Não era fácil. Os olhos dela eram castanhos e muito penetrantes, tanto que pareciam enxergar dentro de mim. Eu estava certo. Havia algo em estar perto dela, dessa pessoa que tinha me visto nas piores circunstâncias, que me fazia relaxar.

Ela suspirou, frustrada.

- Eu não sei se vou renovar meu contrato com o Barcelona. - Ela falou, chamando minha atenção. - Não devia mais voltar.

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