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Anyone can betray anyone

- Neymar Jr -

- Alice… - Sussurrei seu nome. Não obtive resposta. Suspirei. - Tá, faz isso mesmo, me ignora. Ah, falando nisso, depois que a porcaria que o médico te deu sair do seu organismo e a sua cabeça funcionar, eu vou te dar o meu bourbon e você vai ficar boa, tá bem? - Soltei outro suspiro, dessa vez de frustração. - Mas enquanto isso, tem uma coisa que quero que saiba… Você é uma péssima amiga. Sabia disso? Você tem ideia do que ia me acontecer se você morresse hoje? Hã? Anos de culpa! Uma culpa paralisante e egoísta!

Fiquei em silêncio por alguns segundos, apenas observando minha irmã desacordada naquela cama de hospital. Desacordada há horas, desde que desmaiou nos ombros braços de Gavi naquele vestiário.

- Para não falar no ressentimento que eu sentiria quando fosse forçado a arranjar outro amigo de copo. - Disse, menos expressivo do que antes.
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- Eu devia te bater em você por ter feito aquilo! - Alice falou. - Eu devia... Eu devia...

Entrei no quarto do hospital depois de sair para comer alguma coisa, depois de muita insistência de Davi.

- O quê? - Davi deu risada. - Vai jogar outro travesseiro em mim?

Nenhum deles percebeu que eu havia voltado.

Permaneci parado, apenas encostado no batente da porta.

- Acho que vou ter que jogar um travesseiro em você e outro no Gavi.

Meu filho então parou de sorrir. Ao ver sua expressão, Alice também parou de dar risada.

- Tive medo de que você acabasse como o meu padrinho... Agora tenho medo de que Gavi te faça sofrer.

Ele então perguntou.

- Você confia nele?

- Eu confiaria minha vida a ele. - Respondeu baixinho. - Na verdade, já fiz isso, e faria outra vez.

- Igual você confiava no tio Leo?

Ela apenas concordou com a cabeça.

- Como era? - Perguntou Davi baixinho. - Amar?

- Era como morrer um pouquinho a cada dia. Era como estar viva também. Era alegria tão plena que doía. Aquilo me destruiu e me desfez e me forjou. Eu odiava sentir isso, porque sabia que não podía escapar, e sabia que me mudaria para sempre.

- E aí Neymar, como você 'tá? - Gavi perguntou, colocando um braço sobre meu ombro.

Alice e Davi me olharam no mesmo instante. Ela me lançou o olhar de "você estava mesmo escutando a nossa conversa?". Sorri sem graça em confirmação.

- Davi, vamos na lanchonete. - Disse, interrompendo o silêncio. - Tem um lanche que você vai adorar.

- Não, eu quero ficar com a tia Alice. - Ele rebateu, sorrindo.

- O combinado era ela não ficar sozinha, agora o Gavi está aqui. Vamos. - Entendi uma mão em sua direção.

- Tia, você gosta da minha companhia?

- É claro que eu gosto, meu amor.

- Viu só? - Perguntou, como se estivesse confirmando a coisa mais óbvia do planeta. - Eu posso ficar aqui entretendo ela.

- Davi, vamos comer alguma coisa. Ela vai ficar bem a sós com o Gavi.

Então ele finalmente entendeu o recado.

Em CampoWhere stories live. Discover now