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Peace

- Pablo Gavira -

- Alice? - Murmurei.

As luzes estavam apagadas. Nós estávamos deitados na cama. Estava esticado ao longo do corpo dela, minha cabeça usando sua barriga como travesseiro. Meus olhos estavam no teto.

Ela estava passando a mão em meu cabelo, seus dedos às vezes afundando entre as mechas.

- Seu cabelo é como água. - Ela sussurrou. - É tão fluido. Como seda.

- Alice.

Ela deixou um beijo leve no topo da minha cabeça. Esfregou as mãos pelos meus braços.

- Você está com frio? - Perguntou.

- Você não pode evitar isso para sempre.

- Nós não temos que evitar isso, nem um pouco. - Ela disse. - Não há nada a evitar.

- Eu só quero saber se você está bem. - Falei. - Estou preocupado com você.

Ela ainda não havia dito uma única palavra para mim sobre a carta. Ela
não disse nem uma palavra durante o tempo todo em que ficamos na sala dela, e não falou sobre isso desde então. Nem fez alusão ao assunto. Nenhuma vez. Mesmo agora, ela não disse nada.

- Alice?

- Sim, amor.

- Você não vai falar sobre isso?

Ficou em silêncio de novo por tanto tempo que estava prestes a me virar para olhar para ela. Mas, então.

- Luísa não me culpa. - Ela disse, suavemente. - Isso é um grande consolo para mim.

Eu não a forcei a falar depois disso.

- Pablo? - Falou.

- Sim?

Pude ouvi-la respirar.

- Obrigado. - Ela sussurou. - Por ser meu amigo.

Eu então me virei. Apertei-me mais junto dela, meu nariz roçando seu pescoço.

- Sempre estarei ao seu lado se precisar de mim. - Disse, a escuridão prendendo e baixando minha voz. - Por favor, lembre-se disso. Lembre-se disso sempre.

Mais segundos se passam na escuridão. Eu me senti caindo no
sono.

- Isto está acontecendo de verdade? - Eu a ouvi sussurrar.

- O quê?

Pisquei, tentando ficar acordado.

- Você parece tão real. - Ela disse. - Sua voz parece tão real. Eu quero tanto que isto seja real.

- É real. - Eu falei. - E as coisas vão melhorar. As coisas vão melhorar muito, muito. Eu prometo.

Ela tomou um fôlego tensa.

- A parte mais assustadora. - Declarou, com a voz muito baixa. - É que, pela primeira vez na vida, eu realmente acredito nisso.

- Que bom. - Disse suavemente, virando meu rosto para o ombro dela.

Fechei os olhos.

Os braços de Alice deslizaram ao redor de mim, puxando-me para mais perto.

Encostei os lábios no pescoço dela, quase nada. Foi um beijo como uma pena.

Meu coração estava me fazendo todo tipo de pergunta.

As mãos delicadas dela desceram pelo meu corpo.

Em CampoWhere stories live. Discover now