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Driving for the first time

- Alice Escobar -

O piso frio era muito branco no andar da diretoria, e fiquei pensando em como eles o mantinham limpo com todo aquele tráfego. Depois que saí da sala onde assinei um contrato de marketing - que nem li -, percorri dois corredores, contando uma centena de ladrilhos do piso até me acalmar. Estava pensando em diferentes produtos de limpeza que eles poderiam usar, quando dois pés surgiram na minha linha de visão. Levantei a cabeça e não disfarcei o espanto.

- Gavira? O que está fazendo aqui? - Olhei para trás para ver se tínhamos plateia.

Quando vi que estávamos sozinhos, eu o abracei, o que me fez relaxar mais do que contar os cem ladrilhos.

- Achei que você podia estar precisando da sua distração. - Ele respondeu quando me abraçou.

Eu ri, mas sabia que, apesar do sorriso em seu rosto, estava falando sério.

- Espera, não veio para nenhuma reunião? Está aqui por mim, de verdade?

- Você falou sobre promessas, uma reunião com o Adrian e uma entrevista, não sei direito. Não estava prestando muita atenção, mas senti que podia rolar um estresse.

Ele estava ali por minha causa, de verdade. E eu estava mais que chocada.

- Não estava prestando atenção? Sério? Tenho a impressão de que ouviu tudo direitinho.

- Não se acostume com isso. - Ele me olhou de cima.

Abracei Gavi de novo, mas me afastei depressa quando ouvi passos. Adrian passou por nós, olhou para mim e levantou as sobrancelhas. Ele resmungou um “legal” e continuou andando.

Gavi ficou em silêncio, depois perguntou:

- E isso ajudou?

Dei risada, mas não havia humor na reação.

- A gente pode sair daqui?

Hesitei, começando a pensar na burrada que tinha cometido por não ler o contrato que tinha acabado de assinar, logo depois de participar de uma entrevista cansativa com Elen.

Gavi assentiu, e o sorriso desapareceu.

- Eu saio, então.

- Não. - Respondi, determinada. - Eu vou com você.

Andamos em direção à saída.

- Como acha que eles mantêm esse chão limpo? - Perguntei.

- Com um bom zelador?

Sorri por ele ter respondido à minha pergunta em vez de debochar dela.

- Veio com o Pedri até aqui?

Ele confirmou com a cabeça.

- Como convence o garoto a ser seu Uber particular?

- Do jeito antigo.

- Ameaçando o coitado?

O sorriso voltou.

- Pagando. Prometendo favores.

- Quase acertei. - Juntei as mãos com um estalo e sorri para ele. - Chegou a hora.

- Hora do quê?

- De você aprender a dirigir.
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Meu corpo foi para a frente com um tranco e quase bati a cabeça no painel.

- Pega leve no freio. Não precisa sapatear nele. - Estávamos no estacionamento de um colégio. Foi o único lugar em que consegui pensar que era grande o bastante e não tinha muitos obstáculos.

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