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Family line

- Alice Escobar -

Estava saindo de casa rumo a outro litoral, sentindo uma mistura de ansiedade e excitação pulsando em meu peito. Era como se algo despertasse dentro de mim, o Sol iluminando meu coração e me impulsionando a seguir em frente.

Ao olhar para trás, contemplei um caminho repleto de momentos maravilhosos que havia percorrido. Cada passo, cada experiência moldando quem eu era naquele momento. Sentia um misto de nostalgia e gratidão ao voltar para o lugar onde cresci, sabendo que ali encontrava um refúgio para libertar minha mente e ser verdadeiramente eu mesma.

Os sons do mar alcançaram meus ouvidos, trazendo consigo uma sensação de serenidade e uma profunda perda da noção de tempo. Cada onda quebrando na praia era como uma melodia suave, envolvendo-me em sua harmonia e transportando-me para um estado de tranquilidade.

Eu estava me mudando para um lugar distante, um refúgio ensolarado onde seria apenas eu e eu mesma. A brisa quente do verão à beira-mar acariciava meu rosto, enchendo meus pulmões de uma energia revigorante. Cada respiração era como um renascimento, uma inspiração para começar de novo.

Não olhe para trás, Alice Escobar. Você construirá novas memórias.
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Meu pai nunca foi de falar muito. Ele apenas dava uma volta no quarteirão até que toda sua raiva tomasse conta dele. E, então, ele batia. Eu nunca fui de chorar muito. Eu levava os socos, mas nunca lutava.

Eu digo que ele é apenas aquele que me deu vida, mas eu realmente me pareço com meu pai.

Eu sou tão boa contando mentiras... eu puxei isso do meu pai, que contou milhões delas para não ir para a cadeia. Deus, eu tenho os olhos do meu pai, mas os do meu irmão quando eu choro.

Eu posso correr, mas não posso me esconder da minha linhagem.

É difícil pôr em palavras como os meus aniversários sempre irão doer.

Eu vejo os pais com suas garotinhas e me pergunto o que eu fiz para merecer isso.

- Como você pôde machucar uma criancinha? - Disse, com a voz trêmula, enquanto fixava meus olhos no túmulo de meu pai na cripta da família Escobar. - Eu não consigo esquecer, eu não consigo te perdoar. Agora tenho medo de que todos que amo me deixem porque eu sou amaldiçoada. Tudo o que eu fiz para tentar desfazer isso, toda a minha dor e todas as suas desculpas. Eu era criança, mas eu não era cega. Alguém que te ama não faria isso. Todo o meu passado, eu tentei apagá-lo, mas agora vejo, será que eu conseguiria mudá-lo?
Podemos até compartilhar um rosto e um sobrenome, mas nós não somos iguais.

Respirei fundo, buscando coragem para prosseguir.

Silenciei por alguns segundos, permitindo que minhas palavras encontrassem o caminho certo.

- Bem, você quase conseguiu me enganar. Me disse que eu não era nada sem você. Ah, mas depois de tudo o que você fez, eu posso te agradecer pelo quão forte eu me tornei. Porque você trouxe as chamas e me fez passar pelo inferno. Eu tive que aprender a lutar por mim mesma e nós dois sabemos toda a verdade que eu poderia dizer, mas vou apenas dizer que isto é o meu adeus a você, papai. - Soltei as palavras com um tom de desdém e ironia. - Espero que você esteja em algum lugar rezando. Eu espero que sua alma esteja mudando. Eu espero que você encontre sua paz caindo de joelhos, rezando. Eu estou orgulhosa com quem eu sou, sem mais monstros, posso respirar novamente. E você disse que eu estava acabada... Bem, você estava errado e agora o melhor ainda está por vir. Porque eu posso fazer isso sozinha. E não preciso de você, encontrei uma força que nunca soube que eu tinha.
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Em CampoWhere stories live. Discover now