Em Campo

043

No more soccer

- Alice Escobar -

Neymar estava me encarando, preocupado.

- Que diabos foi aquilo?

Ferran e Pedri também estavam olhando para mim, sem fazer nenhum esforço para esconder sua confusão. As garotas estavam se despedindo de alguns jogadores. Adrian estava me observando com atenção. Xavi e Raphinha estavam concentrados em uma conversa.

- O que você quer dizer? - Perguntei.

Tentei ser casual, mas acho que minhas orelhas ficaram cor-de-rosa.

Neymar levou uma mão para à nuca. Encolheu os ombros.

- Vocês dois brigaram ou algo assim?

- Não. - Eu respondi rápido demais.

- A-hã.

Ney tombou a cabeça para mim.

- Como está o Davi? - Questionei, esperando mudar de assunto.

O mais velho começou com o monótono: "Ele está bem. Um pouco bagunceiro, mas bem. Continua com sua obsessão temporária por vôlei."

Pedri soltou um suspiro longo; esfregou os olhos logo antes de acompanhar Ferran para longe.

Ele suspirou.

- De qualquer forma, é bom vê-la, princesa, mas estou cansado feito o diabo. E com fome. E mal-humorado. Você sabe.

Ele fez um movimento descuidado com a mão. Jogou-se no chão.

Tem alguma coisa que ele não está me dizendo.

- O que foi?

Eu me sentei em frente a ele e baixei a voz.

Ele levantou os olhos, encontrou os meus.

- Vou sentir sua falta, tudo bem? Vou sentir sua falta me enchendo o saco todos os dias.

Neymar parecia muito cansado. Eu podia mesmo ver a exaustão em seus olhos.

- Eu não queria deixá-la para trás.

Meu coração se apertou depressa.

É claro.

A reforma acabou, estávamos apenas nos despedindo para voltarmos as rotinas normais.

Eu me aproximei de Neymar. Apoiei minhas mãos em seus ombros.

Olhei para cima e descobri que todos os outros se dispersaram.

Ansu, Ferran, Pedri e Raphinha estavam indo para o vestiário, enquanto Adrian e Xavi ficaram andando pelo local. Estavam parando perto do carrinho de bolas, tendo uma conversa que não consegui ouvir.

- Então... - Ele disse. - Eu não a vejo por 24 horas e você e Gavi passam de vamos-nos-pegar-de-um-jeito-superdramático para deixe-me-ignorá-la, hein?

Neymar começou a traçar formas nos gramado embaixo de nós.

- Deve ter uma história interessante aí. - Mudei o foco da conversa para ele.

- Duvido.

- Você não vai mesmo me contar o que aconteceu?

Ele levantou o olhar, ofendido.

- Eu conto tudo para você.

- É claro que não conta. - Retruquei.

- Não seja grosseira.