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Hold on

- Neymar Jr -

Liguei para Alice, o coração acelerado, desejando ouvir sua voz. O telefone tocou, ecoando pelo tempo interminável até que finalmente alguém atendeu. Mas não era a voz dela do outro lado da linha.

- Quem é? - Minha voz tremia enquanto implorava por respostas ao desconhecido.

- Você é parente de Alice Escobar Vasconcelos?

Um calafrio percorreu minha espinha, anunciando o início de uma terrível tempestade emocional.

- Sou. Quem é você? - Minha voz trêmula mal saía de meus lábios.

- Faço parte da equipe de bombeiros de Santos. Sinto profundamente pela sua perda.

O mundo pareceu parar em seu eixo.

- O que você quer dizer? - Minhas palavras mal encontravam forças para serem proferidas.

- Ela se foi.

O celular escorregou de minhas mãos, desabando no chão em um som abafado. A dor no meu peito se intensificou, uma onda avassaladora de desespero tomando conta de mim.

Não, não pode ser verdade.

Fiquei em choque, paralisado diante da terrível notícia.

Então, como um lampejo trágico, lembrei-me de Gavi. Eu havia prometido que avisaria.

Um ímpeto de desespero e urgência tomou conta de mim, empurrando-me além dos limites da dor.

Disquei o número de Gavi, minhas mãos trêmulas segurando o telefone.

- Você chegou tarde demais, Pablo. - Minha voz saiu como um sussurro, carregada de angústia.

- Ela voltou para casa, não é? Eu sabia... - A voz de Gavi carregava uma esperança desesperada.

- Não...

- Para onde ela foi, então?

- Ela... ela se foi, Gavi. Alice... ela... ela morreu.
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- Pablo Gavira -

O pior dia de amar alguém... É o dia que você o perde.

E esse era o pior dia de amar Alice.

Ao receber a ligação de Neymar, meu coração se apertou em agonia, uma mistura angustiante de medo e desespero tomando conta de mim. Minhas pernas tremiam enquanto meu primeiro instinto era correr em direção à maca em que ela estava. No entanto, bombeiros firmes me seguraram, impedindo meu avanço desesperado. A realidade começou a se infiltrar em minha mente, golpeando-me com crueldade.

Não era permitido chegar tão perto de um defunto, especialmente sendo um estranho para eles.

Em uma tentativa desesperada de fazê-los entender, minhas palavras saíram em um grito angustiado:

- É a minha namorada! Eu preciso vê-la!

O olhar impessoal dos bombeiros refletia a tristeza e o protocolo frio que seguiam.

- Senhor, precisamos montar a sua ficha e levá-lo para identificação no necrotério. - A voz do bombeiro soou distante e desprovida de emoção.

Meu coração apertou-se ainda mais, o nó na garganta sufocando-me diante da brutal realidade que se desenrolava diante de mim. Eu não entendia as palavras em português, mas a frieza em seus olhos me dizia tudo o que eu precisava saber.

Em CampoWhere stories live. Discover now