009

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Friday night

- Alice Escobar -

- Vamos lá, Lili, você precisa sair de casa. - Neymar insistia em uma ideia claramente ridícula.

- Eu já saio de casa. - Respondi calmante. - Eu estou fora de casa nesse exato momento.

Estava caminhando para fora do CT do Barcelona. Neymar enchia o meu saco para que eu saísse com ele e mais alguns garotos do time essa noite.

- Você precisa se distrair. - Ele continuou. Abri a boca para protestar, mas ele é rápido em me cortar. - Barbie não vale.

Idiota! Meus argumentos estavam acabando.

- Qualé, você sabe que sair para espairecer não é sair para encontrar algum pretendente. - Ele continuou tagarelando em meu ouvido. Cara irritante. - Está mesmo com medo de se divertir?

Parei de andar no mesmo instante. Ele estava brincando comigo, estava usando meus pontos fracos contra mim. Meu orgulho é um dos meus piores pontos fracos.

- Tudo bem, eu vou. - Vi o sorriso tomar conta de seus lábios. - Me manda mensagem quando estiver saindo de casa.

Corri para o meu carro o mais rápido possível. Tinha a intenção de me livrar de Neymar e chegar em casa o mais cedo possível. Também queria evitar mudanças repentinas de ideia.

Neymar já havia me dito antes: não posso deixar o medo me controlar. Eu preciso viver novas experiências, preciso voltar a viver.

Assim que chego em casa ligo a TV do quatro e deixo tocando enquanto vou me arrumar. Comecei escolhendo - ou melhor, tentando escolher - minha roupa.

Se tem uma coisa que me causa dificuldade é escolher. Não gosto de escolher entre opções, principalmente opções de roupa, porque eu sou muito indecisa.

Fui revirando aquele guarda-roupa e encarando as que eu jogava na cama. Não gostava de nenhuma.

Resolvi tomar um banho, porque eu estava suada por conta do treino, e pensar no look durante o próprio banho.

Me encarei no espelho antes de entrar no box. Vi o que eu estava fazendo com o meu corpo, principalmente com o meu braço esquerdo, e o que os treinos intensivos estavam causando. Sorri. Era aquele ditado "cansa o corpo, descansa a mente", mas um pouco diferente.

Depois que terminei meu banho relaxante de muitos minutos, voltei para o quarto. Avistei uma figura masculina sentada na cama e assistindo a entrevista de Pablo Gavira. Parei para assistir um pedaço.

Ele não só me defendeu, como também me elogiou...

Dei de ombros. Caminhei até a frente da televisão, tapando a visão da tela.

- Ei! - Ele exclamou.

- Só saio depois de decidir que roupa irei usar. - Nós dois sabíamos o que aquilo queria dizer: escolha o que eu vou usar essa noite, aí estará liberado para assistir o que quiser.

- Eu gosto daquela calça. - Apontou para uma jeans de lavagem escura. - E aquela blusa. - Apontou ata uma blusa preta de manga curta.

Lancei um olhar mortal para o homem a minha frente. Ele pareceu entender o recado, porque logo adicionou:

- E a jaqueta de couro preta.

- Sapato?

- Coturno preto ou superstar branco.

Sorri para ele. Eu amava o quanto ele me conhecia, amava como ele sabia o que me deixava confortável e o que eu nunca usaria naquele tipo de ocasião.

Sai da frente da TV, que já não passava mais a entrevista de Gavi. Peguei as peças que precisaria e fui me vestir. Não fui para o banheiro, me vesti no canto do quatro. Mesmo não vendo, eu sentia seu olhar sobre mim. Ri e fui atrás de meu sapato. Com muita dificuldade, escolhi o tênis da Adidas.

Em CampoWhere stories live. Discover now