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Androphobia

- Pablo Gavira -

Estávamos todos no estádio, todos prontos para o treino. Hoje nós treinaríamos futebol, outra vez, mas antes de iniciarmos os treinos Xavi e Adrian disseram que precisavam nos dar algum aviso. Nos juntamos em um círculo e esperamos pelo tal aviso, até Adrian decidir ver se alguém estava faltando.

- Onde estão Alice e Neymar? - Adrian indagou assim que terminou de fazer a tal "chamada".

Olhei ao meu redor e percebi os murmurinhos. Xavi e Adrian estavam esperando por respostas e os que não responderam "não sei" com palavras deram de ombros.

- Só poderemos dar o aviso com todos presentes. - Escutei a voz de Xavi dizer. - Tratem de ligar para eles ou qualquer coisa que possa trazê-los.

Os cochichos apenas aumentaram. Consegui entender parte do que falavam. Alguns faziam brincadeiras sobre eles terem saído para o almoço juntos e ainda não terem voltado, outros apenas estavam curiosos para saberem o que era esse tal aviso.

Eu, por outro lado, estava furioso por ter meu treino interrompido e basicamente adiado por conta da "dupla prodígio".

- O que você acha que eles estão fazendo? - Ouço Pedri me perguntar.

Viro meu rosto para olhá-lo.

Eu não sabia e nem queria saber onde eles haviam se metido ou o que eles estavam fazendo. Minha única preocupação era o meu treino e nada mais.

- Não tenho ideia. - Digo dando de ombros e demonstrando todo o meu desinteresse nesse assunto.

- Acho que eles estão em um motel. - Escuto o meio-campista ao meu lado dizer.

Não consigo esconder o meu nojo ao ouvir aquilo e, automaticamente, imaginar a cena. Minha raiva apenas cresce. Não era algo impossível, então cogitei ser aquilo o que estava acontecendo. Fiquei extremamente desconfortável por saber, ou imaginar, que meu treino estava sendo atrapalhado por conta de duas pessoas que não aceitam seus compromissos e não se dão ao trabalho de serem pontuais.

Não demorou nem dois minutos para eu, e acredito que todos os outros jogadores e treinadores, escutar uma música estourando e duas risadas quase silenciosas se comparadas ao volume da música. Logo os donos da música começaram a cantá-la, ou melhor, gritá-la. Todos os rostos se viraram para a entrada, de onde vinham Alice e Neymar.

Eles agiam como se não houvesse nada de errado, como se eles não estivessem atrapalhando ninguém. Não me dou ao trabalho de impedir meus olhos de se revirarem.

Aquela situação estava sendo mais do que ridícula.

Enquanto a dupla se aproximava, escutei Raphinha responder uma pergunta de Pedri, uma pergunta que acabei não prestando tanta atenção quanto prestei na resposta.

- É funk. - Raphina respondeu simples.

Acredito que a pergunta de Pedri tenha sido algo como: "o que é isso " ou algo do tipo.

Conforme foram se aproximando, a música foi diminuindo.

- Tinha que ser os brasileiros. - Pensei alto, ainda não gostando daquela situação.

- Os brasileiros estão de volta! - Alice exclamou. Seus olhos fixos em mim, como se ela tivesse me escutado.

Não dei importância. Para falar a verdade, eu gostei dessa possibilidade e esperava que ela ela realmente tivesse ouvido aquela pequena frase, quem sabe ela não se tocasse?

Em CampoWhere stories live. Discover now