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Mission

- Pablo Gavira -

Estávamos treinando com as garotas, mais uma vez. Ficaríamos nessa até a reforma do estádio delas ser finalizada, ou seja, um bom tempo.

Eu era jogador de futebol, não de vôlei e deve ser por isso que eu estou com tanta dificuldade para conseguir acertar um saque.

Talvez eu não estivesse com a minha atenção no saque e por isso a bola está sendo direcionada para todos os ângulos possíveis, mas eu realmente não liguei.

De uma distância considerável, eu assisti Neymar e Alice se divertirem enquanto jogavam. Por mais que eu não fosse fã da menina, eu tinha que admitir que ela era boa no esporte. Neymar também não era péssimo. Os dois juntos pareciam realmente se divertir e não fazer aquilo por obrigação, o que era o caso de todo o resto. A relação deles era bonita.

- Ninguém sabe como aquilo aconteceu. - Bruna, minha parceira, disse, me tirando dos meus devaneios. - Ela nunca deixou ninguém se aproximar, nunca nos contou nada sobre sua vida pessoal.

- Ela nunca criou laços... - Deduzi, voltando meu olhar para minha dupla. - Por quê?

- Não sabemos. - Ela deixou seus ombros caírem. - Não sabemos que nada sobre ela, além do que está disponível na internet.

Bruna suspirou e chamou minha atenção de volta aos saques. Minha atenção não saiu daquela conversa, muito menos da garota.

Cogitei talvez estar errado ao tirar conclusões precipitadas antes de conhecê-la de verdade. "Eu me lembro que eles são apenas duas pessoas que apenas ligam para o próprio umbigo e não possuem consideração por mais ninguém." Foi o meu pensamento dias atrás, mas agora eu me perguntei se eu estava certo em algum momento. "Isso sem contar na falta de educação da garota, que não interage com ninguém além do Neymar." Deve haver algum motivo, um motivo que ninguém sabe, mas que eu estou disposto a descobrir. "Nesses últimos dias eu a vi conversando brevemente com as meninas, mas ela não dirige uma palavra aos meninos." E eu acabei de descobrir que, por mais que ela converse com as meninas, não é nada muito profundo. "Ás vezes eu chego a pensar que ela tem androfobia, é a única explicação que eu encontrei." Pelo que Bruna me contou, seu medo não é de homens, seu medo é de se relacionar com outras pessoas. "Ela conversa e se dá bem com o Neymar, que até onde eu sei é um homem, por isso eu apenas levo essa teoria em consideração ocasionalmente." Agora essa teoria acaba de cair por terra.

Alice era muito mais do que aparências, era muito mais do que deixa transparecer, mas nem as colegas de time, que estão com ela há anos, conseguiram extrair qualquer informação relevante sobre ela. Me perguntei se elas realmente tentaram ou e resolveram ignorar a garota. Essa resposta não seria fácil de ser encontrada, levando em consideração o fato de que, se elas tiverem a ignorado, não terão coragem de admitir e mentirão na minha cara. Eu sabia daquilo.

Alice Escobar era um mistério que eu pretendo desvendar, mesmo sem saber por onde começar.

- Ai! - É a voz dela que eu ouvi.

No mesmo instante sai de meu torpor e me concentrei no que está acontecendo a minha volta.

A morena me lançou um olhar mortal, como se realmente fosse capaz de me matar com aquele olhar. Eu cheguei a ficar com medo, mas voltei a realidade, outra vez, para saber o que estava acontecendo.

Não foi difícil entender o que a deixou tão furiosa.

Minha falta de concentração no que eu estava fazendo fez a minha bola bater bem na cabeça dela.

Se ela já não me odiasse, iria começar a odiar agora.

Sem hesitar, eu me aproximo dela. Apenas quando eu paro ao seu lado que vejo o erro que acabei cometendo.

- Está tudo bem? - Questionei, pensando na força que eu posso ter colocado naquela bola.

- Tudo eu não sei, mas a minha cabeça com certeza não. - É a única resposta que recebo.

Vo ela tentar se levantar. Estiquei uma de minhas mãos para ajudá-la, mas ela ignora.

- A bolada não afetou seu senso de humor. - Brinquei. - Não precisava de uma resposta tão grosseira. - Por mais idiota que eu achasse que fosse a ideia de provoca-la, eu segui em frente.

- Se não quer uma resposta sarcástica - disse Alice -, não faça uma pergunta estúpida.

Ela esbarrou em meu ombro, propositalmente, antes de caminhar até a bola e joga-la de volta para mim. Meus reflexos são bons e sou capaz de segura-la no ar. Dei um passo para trás ao pregar a bola, tentando restaurar meu equilíbrio.

Alice me encarou uma última vez antes de caminhar para fora do campo. Percebi que Neymar não estava por perto, mas não liguei muito para aquele fato, apenas continuei olhando a garota descaradamente. Ela deve ter sentido o peso de meu olhar contra suas costas, já que se virou e me enviou outro olhar mortal.

Aquilo seria divertido.

Alice Escobar estava, com toda a certeza do mundo, na defensiva. Eu não a deixaria assim por muito tempo.

Alice Escobar se mostrou ser um desafio. Eu adorava desafios. Nada vai me tirar a vontade de vence-la e descobrir o motivo dela impedir aproximações, de afastar quem quer que ouse atravessar um centímetro se quer de sua muralha.

Eu, Pablo Martín Páez Gavira, iria retirar todas as armaduras que ela insista em utilizar e descobrir quem realmente é Alice Escobar, custe o que custar. E algo me dizia que essa jornada será divertida.

Vi que ela já havia terminado de beber sua água e caminhou de volta ao campo, agora com Neymar ao seu lado. Eles riam de alguma coisa.

Eu, por outro lado, me vi obrigado a voltar para a aula de Bruna Marques. Caminhar até o outro lado do campo não foi muito animador, admito.

Assim que voltei para o meu canto de treino naquele gramado, voltei a encarar Alice. Sorri quando ela se virou em minha direção, como se sentisse, outra vez, que eu a encarava. Ela revirou os olhos e meu sorriso cresceu ainda mais.

É, aquela missão seria muito divertida.

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Tudo bem para vocês não especificar quem é o narrador do capítulo ou preferem que eu coloque o nome do narrador no começo?

Em CampoWhere stories live. Discover now