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- Alice Escobar -

Cinco dias se passaram, e assiti cada gol do Barcelona.

Neymar me ligou antes de partir.

Mas, depois de cinco dias, estava cheia de meus pensamentos como companhia... cheia de esperar, cheia do sol do verão de Barcelona e meu pescoço pingando.

Ainda bem que Ney voltou naquela noite, batendo à porta, estrondoso e impaciente.

Eu tinha tomado um banho uma hora antes, assisti a filmes da Barbie que nem sabia que existiam, pintei nas telas que estavam no escritório do apartamento, e meus cabelos ainda secavam quando abri a porta para a lufada de ar quente.

Mas não era Neymar que estava parado sob o portal.

Encarei Gavira.

Ele me encarou.

As bochechas de Gavi estavam coradas devido ao calor, os cabelos castanhos caíam embaraçados, e ele realmente parecia estar derretendo parado ali, com as chuteiras desamarradas.

E eu sabia que, com uma palavra minha, Pablo iria para o apartamento de baixo. Que, se eu fechasse a porta, ele sairia e não insistiria.

As narinas de Gavira se dilataram, sentindo o cheiro da tinta atrás de mim, mas ele não deixou de me encarar. Esperando.

Paixão.

O garoto pelo qual eu estava apaixonada.

Saí da frente, segurando a porta aberta para ele.

Gavi observou as pinturas que eu havia realizado na sala, absorvendo as cores alegres que agora davam vida as telas, e falou:

- Você nos pintou.

Permaneci muda.

Gavi avaliou as telas que estavam secando.

- Pedri, Neymar, Ferran e Ansu... - Listou Gavira, observando os jogadores os que eu havia pintado. - Sabe que um deles é capaz de pintar um bigode sob os olhos de quem o irritar primeiro?

Segurei os lábios para conter o sorriso.

- Ah, Neymar já prometeu fazer isso.

- E quanto a mim?

Engoli em seco.

Tudo bem. Sem enrolação.

Meu coração batia tão incontrolavelmente que eu sabia que Gavi conseguia ouvi-lo.

- Tive medo de pintar.

- Por quê?

Gavira me encarou de frente.

- Por quê?

Nada de jogos, nada de provocações.

- A princípio, porque eu estava muito irritada com você por ter atravessado minhas barreiras. Depois, porque temia gostar demais de seu rosto e descobrir que você... não sentia o mesmo, medo de que você estivesse mentindo para mim. E, depois, porque eu tinha medo de pintar e começar a desejar tanto que você estivesse aqui que simplesmente os encararia o dia todo. E parecia uma forma
patética de passar meu tempo.

Ele contraiu os lábios.

- De fato.

Olhei para a porta fechada.

- Você veio direto até aqui.

Gavi assentiu.

- Infelizmente não pude vir de escada por conta do que aconteceu no jogo contra o Paok.

Em CampoWhere stories live. Discover now