𝟏𝟓. Difíceis decisões

1.5K 150 244
                                    

Foi uma péssima noite, e talvez a palavra péssima ainda fosse uma sutileza para se referir a solidão que se alastrava dentro daquele apartamento

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.



Foi uma péssima noite, e talvez a palavra péssima ainda fosse uma sutileza para se referir a solidão que se alastrava dentro daquele apartamento.

Não era uma sensação estranha para Natalie; aquele vazio e o ar pesado pairando ao redor de si, sendo arrastada às profundezas de um lugar que ela não pertencia mais. Ou ao menos não queria pertencer.

Ela conhecia bem a solidão; foi a sua companheira nos últimos anos e Natalie até chegou a achar que aquela amizade tinha sido desfeita, mas lá estava ela novamente, flertando com a velha amiga.

Quando Frank deu as costas e o impacto da porta ecoou por todo o apartamento, ela não soube exatamente o que fazer. Por longos e duros minutos, manteve-se de pé, agarrada ao próprio roupão porém com as mãos completamente atadas.

Um misto de confusão e abandono submergiu contra seus ombros de uma forma irredutível, e só assim, Natalie conseguiu caminhar até a borda da cama e sentar sobre o colchão. Estava tão anestesiada que até as suas próprias sinapses estavam lentas, algo cientificamente impossível. Sua mente, a todo custo, buscava por algo que pudesse indicar o motivo de Frank decidir não se entregar.

Ela estava decidida a fazer aquilo naquela noite; a se entregar.

Natalie nunca foi uma mulher sentimentalista; podia contar nos dedos – utilizando apenas uma mão – os homens que se destacaram em sua vida. John foi o que mais arrebatou o seu coração e Olívia era a prova viva disso, mas antes dele, existiram apenas meras paixões, que vieram facilmente e foram embora da mesma maneira. Ainda assim, ele demorou em torno de um ano inteiro para conquista-la, talvez em decorrência da guerra.

Mas quando se tratava de Frank... Natalie não sabia explicar a evolução daquilo que eles tinham e que não parava de crescer. Era como se o tempo agisse diferente quando estavam juntos. Três meses parecia tão pouco e ao mesmo tempo uma eternidade. O suficiente para desabrochar um caos de sentimentos nela.

Estava tão acostumada com o contato que eles tinham, com o carinho que criaram um pelo outro, que assisti-lo partir foi como ser apunhalada pela adaga mais afiada, dilacerando-a por inteiro, junto com a culpa de ter magoado alguém que se tornou importante.

Parecia que o escritor da sua vida tinha irrisoriamente apertado o volume de intensidade em tudo que ela sentia.

Natalie quis convencê-lo a ficar; provar que, aquela noite, a companhia dele era essencial, mas a aflição que fluía dos olhos celestiais de Frank foi o suficiente para calá-la. Teve medo de estragar ainda mais o que poderia estar se rompendo sem ela ao menos notar.

Nem a chegada de Olívia no dia seguinte, contente com os vários presentes acumulados pela sala de estar ou quando levou a filha em seu restaurante favorito para almoçarem juntas, foi o suficiente para distrai-la das teorias invasivas de compreender o que levou Frank a dar as costas, sem ao menos deixar uma justificativa.

RUN with ME | romanogersWhere stories live. Discover now