19.

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     Meu coração para. Literalmente pula umas batidas e fica só chocado, congelado no tempo, como eu. De todas as pessoas que eu poderia encontrar neste Palácio, de todas as portas que eu poderia entrar, eu entrei em uma que me joga diretamente na boca do leão. É com um olhar cinza predatório que Rei Braken me encara, do outro lado da sala. Um sorrisinho arrogante nos lábios de quem acaba de conseguir uma presa muito valiosa. Estamos cercados por estantes recheadas com livros escuros — minhas únicas testemunhas. O Rei está do outro lado da longa mesa de madeira escura, coberta por papéis. Ah! Este deve ser o escritório do Rei. Uau, parabéns para mim!

      Ele está vestido para o Baile, usando um terno de gala em tom vermelho, com ombreiras largas e tecido caro de veludo. A Coroa cintila nos cabelos loiros escuros, grande e poderosa. Ele está impecável — como gosta de estar. É o homem que fez uma estátua de si mesmo no meio de um Pátio no Reino, o que deveria esperar?

— Apenas uma pessoa da realeza caminha com ar de realeza, Hyacinth Ptolius. — O Rei diz, enquanto começa a dar a volta na mesa, como se realmente estivesse caçando. Como uma presa assustada, eu me movo par a direção contrária a ele, sendo eu quem está atrás da mesa agora. Ele para próximo a porta. — Ou devo dizer, Helena Clarke?

      Sugo o ar com meus dentes e trinco meu maxilar. Como um ato de loucura, eu puxo a adaga de Laia embaixo da bainha do vestido, presa em meu tornozelo. Laia me deu enquanto nos arrumavamos um pouco mais cedo. Disse que havia pego no Palácio de qualquer jeito, e que eu talvez fosse precisar. Se este Rei tentar qualquer coisa, eu vou lutar. E ele percebe a ponta afiada brilhar em minhas mãos.

— Oh, não! Sem violência, por favor. — Diz de forma calma, esbanjando uma expressão neutra no rosto, como uma brincadeira.

      A pequena adaga continua em minha mão, mas a abaixo, abandonando a postura de ataque, mas permanecendo alerta. Certo. Eu não posso mais bancar a garotinha assustada e deixar que ele dite as regras do nosso jogo. Ele estava me esperando, já tem a vantagem.

— Creio que não é a maneira mais agradável de nos conhecermos, não é? — Abro um sorriso agradável, e ele meneia a cabeça em concordância. — Mas veja bem, eu só estou aqui por meu irmão.

     Abro jogo. Não vim aqui para lutar com Braken, ou roubar sua Coroa. Só estou aqui pelo meu irmão, apenas. E ele pode simplesmente me entregá-lo.

— Sim, é claro. Não traria apenas três pessoas consigo se quisesse tomar meu Trono. Não é tão arrogante assim. — Ele diz, mais uma vez mostrando que tem vantagem contra mim.

     Odeio que ele tenha razão e que saiba de tudo. Até mesmo a quantidade de gente que está comigo. Porém, ele não sabe de algo importante: Kya está conosco. Não espero que ela se posicione ao nosso lado se algo der errado, mas ela pelo menos avisará aos líderes, que terão tempo de alterarem qualquer estratégia.

— Verdade, não sou. — Concordo de forma soberba, abrindo um sorriso provocante. — Mas o lugar de meu irmão é comigo. Me deixe sair com ele e só. Pode fingir que nunca estive aqui. — Digo com a voz serena.

      Arin ficaria surpreso em como estou fingindo agora. Uma bela atuação, de deixar qualquer um orgulhoso. Estou morrendo de medo, mas ainda lutando.

— Hum. — O Rei finge pensar. — Não. O viridiano fica.

— Por que? não vai me dizer que se afeiçoou tanto assim a meu irmão? — Perco um pouco da postura e pergunto instantâneamente.

— E se eu disser que sim? — Ele dá um passo para frente, e eu um passo para trás, mesmo com a mesa entre nós.

— Vou levá-lo daqui de qualquer jeito. — Pontuo, começando a ficar furiosa.

Espinhos negrosKde žijí příběhy. Začni objevovat