Bela
— Será que posso ter a atenção de todos, por favor. Sei que alguns de vocês tem compromisso em breve, então vamos nos sentar e começar a reunião — Pedro diz chamando a atenção de todos. Alguns se sentam e outros permanecem em pé na sala do apartamento de Miguel, enquanto Pedro nos dá um breve resumo do que já havia sido conversado e apresenta cada uma das pessoas envolvidas, afinal era a primeira vez que todos conseguiam finalmente se reunir.
O grupo era pequeno, umas doze pessoas no máximo, todos por volta dos trinta e cinco anos ou mais, era uma combinação bem eclética de pessoas, tínhamos dono de padaria, ex militar, mecânico, donas de casas, aposentados, padre e enfermeiros.
— Como pode ver Miguel, poucos de nós têm algum tipo de treinamento, mas estamos dispostos a ajudar da melhor maneira possível da forma que pudermos. — todos concordam em uníssono.
— Isso não será problema, desde que o foco seja o de afastar, impedir ou assustar o alvo, evitando qualquer confronto com o mesmo. — Miguel diz se levantando com Erik e ficando ao lado de Pedro — Sei que querem defender a cidade desse maldito e proteger suas mulhers. Eu apoio completamente a causa e sou extremamente grato pela a iniciativa de vocês, mas não sabemos como funciona sua cabeça, não o conhecemos, não sabemos se possui treinamento, anda armado, o que está disposto a fazer para conseguir o que quer... — seu olhar vaga até mim, raiva e preocupação inundando seus olhos, fazendo meu peito doer por saber que mais uma vez eu era a causa de sua dor. Apesar da tristeza e apreensão, me mantenho firme retribuindo seu olhar, precisando que Miguel entenda que isso era maior que eu, que ele, que nós. Depois do que aconteceu com sua irmã ele deveria ser o primeiro a entender meu lado, me apoiar, nenhuma mulher merece passar pelo que sua irmã passou ou ter sua vida tirada de uma forma tão cruel como tantas outras vítimas tiveram, e se me arriscar for o preço a se pagar para pegar esse desgraçado, que assim seja.
— Desde que chegamos a cidade, após o ocorrido com a última vítima temos recolhido o máximo de informações possíveis, conversando com sobreviventes, amigos das vítimas e analisando todas as informações já recolhidas dos casos anteriores para tentar compreender melhor o nosso agressor e assim montar um perfil psicológico para nos ajudar a entendê-lo melhor seus movimentos, seu raciocínio e ontem finalmente pudemos terminar seu perfil.
— Quietos por favor! — Miguel grita calando a todos quando vozes se elevam com perguntas, uma sobre a outra e a confusão se instaura.
— Obrigado — agradece quando enfim se silenciam
— Agora peço que ouçam tudo com atenção e depois responderemos todas as dúvidas que possam haver. Pois bem como estava dizendo, finalmente acabamos a análise de tudo e pudemos fechar seu perfil psicológico. Gostaria de lembrá-los que este estudo não é cem por cento eficaz, ainda mais em situações como essa onde não se tem muita informação sobre o ocorrido, onde tudo é muito vago, não só pelos amigos, mas pela própria vítima, pois elas sempre são dopadas de alguma forma, deixando tudo muito nebuloso, confuso. Mas apesar de tudo é um ótimo recurso para nos ajudar a ter uma melhor noção do que estamos enfrentando— Erik toma a frente da conversa percebendo a inquietação do amigo.
— A primeira conclusão que podemos ter foi a de que estamos trabalhando com um profissional. Como chegamos a essa conclusão? Simples, ele está a anos aterrorizando a cidade com seus ataques, e em todo esse tempo não cometeu um erro se quer que o entregasse, que atrapalhasse sua confiança e o colocasse em perigo. Provavelmente caiu na cidade após fugir do seu antigo habitat, algum erro do passado finalmente veio à tona ou perdeu o controle e acabou se expondo de alguma forma.
— Ele é metódico, não gosta de mudanças, gosta de estar sempre no controle, isso nos deu uma esperança de encontrar qualquer erro, pista, mas infelizmente não encontramos nada. Acreditamos que inicialmente ele não matava suas vítimas, talvez por um descuido ou erro ele tenha começado a fazê-lo como uma forma de garantia de que tudo sairia do jeito que deveria. Sua técnica vem sendo aprimorada há anos, garantindo a perfeição que ele acredita possuir. Não se enganem achando que a sobrevivência das últimas vítimas foi um erro, porque foi um mero golpe do destino, um erro de cálculo ou talvez excesso de confiança.— Erik diz serio olhando carinhosamente o amigo. Miguel acena levemente com a cabeça, mas posso ver suas mãos fechadas em punhos nas laterais do corpo, os nós dos dedos esbranquiçados pela força. Não deve ser fácil lembrar de tudo que sua irmã passou, posso ver isso quando a tristeza e culpa nublam seu semblante. Uma necessidade urgente me atinge com tudo no peito, me fazendo lutar para não levantar e ir ao seu encontro, confortá-lo, obrigá-lo a entender que nada daquilo era sua culpa, mas não posso fazer isso, não em frente a tantas pessoas desconhecidas.
— Ele é inteligente, esperto, não se arrisca desnecessariamente, se mantém à espreita, estudando bem suas vítimas antes de atacá-las, até saber exatamente quando e onde é a melhor oportunidade de conseguir agarrar seu prêmio. Ele sabe que precisa ser perfeito em seus movimentos, pois só tem uma oportunidade de atacar, falhar não é uma opção.
— Viramos várias noites discutindo a possibilidade de não ser um atacante, de ser um grupo, tamanha a perfeição de seus ataques, a falta de pistas, de testemunhas, mas logo descartamos a idéia, ele é metódico de mais para confiar em alguém — Miguel continua falando no lugar de Erik.
— Por fim, após analisarmos inúmeras vezes todas as informações ao nosso dispor, chegamos a uma conclusão. Sei que pode parecer chocante o que vou dizer a seguir, mas todas as informações nos levam a crer que ele é alguém conhecido na cidade, se mistura bem entre a multidão, é amigável, com um ótimo papo, porém solitário. — um burburinho começa mas Miguel logo os silencia com um assobio estridente.
— Quietos por favor! Eu não quero que comecem a apontar dedos para qualquer um que acreditem se encaixar no perfil, por que não é assim que funciona. Não queremos que se instaure o caos na cidade, isso vai alertado e acabará arruinando nossa melhor chance de pegá-lo. — todos concordam e o silêncio retorna, então Miguel continua.
— Ele é confiante, perfeccionista, atento a tudo e muito esperto, não o subestime, se ele não fosse tão astuto já o teriam pego. Antes de julgar qualquer pessoa como sendo nosso meliante, vocês precisam entender que a análise de comportamento e perfil de alguém é mais complexa que isso, não é por que você conhece alguém que mora sozinho a anos que você vai apontá-lo como culpado, ou porque crê que ele seja solitário ou extremamente amigável e conhecido que seja o criminoso, as coisas não são simples assim. Lembrem-se disso.
— Ele precisa continuar acreditando que ainda está fora dos holofotes, que ainda possui controle de tudo, seu excesso de confiança será a chave para pegá-lo. Precisamos continuar nos mantendo escondidos, surpreendê-lo é a nossa melhor chance, por que uma vez que ele saiba que estamos atrás dele o jogo vai mudar.
— Como assim? — Uma mulher pergunta e o burburinho começa novamente.
— Quando ele tiver consciência que estamos em seu encalço ele se tornará mais cuidadoso, podendo até desaparecer por um tempo como medida preventiva. Por isso precisamos aproveitar essa chance.
— E como faremos isso? — Uma mulher pergunta.
— Nós temos analisado bastante suas vítimas, os lugares onde ocorreram os assassinatos e as entrevistas com amigos e isso nos levou a um fator bem comum entre todas as vítimas, elas sempre estavam saindo de uma festa, bar, ou algum lugar onde jovens vão se divertir. — Miguel respira fundo antes de prosseguir — Em alguns dias teremos algumas festas de despedida do semestre acadêmico, as últimas comemorações deste ano antes que a maioria dos alunos voltem para suas cidades de origem para passar as férias de fim de ano. Suspeitamos que ele com certeza irá aparecer por lá, afinal já está a um bom tempo sem dar as caras, se perder a chance ele provavelmente ficará dois longos meses solitários até a volta das aulas. — Miguel me olha rapidamente antes de desviar o olhar, mas consigo ver a luta interna sendo travada por ele em seus olhos, ele não gostava da ideia de me colocar em perigo, mas conforme ele mesmo havia dito essa era a nossa melhor chance, ele sabia disso. — E com isso vamos armar uma pequena armadilha, se ele estiver tão desesperado quanto acreditamos nós iremos pegá-lo e acabar com isso de uma vez por todas.
— E quando será isso meu filho? — O padre pergunta.
— Na próxima semana acontecerá em uma das repúblicas a última festa antes das férias de fim de ano da universidade — Erik toma a frente, batendo no ombro do amigo em apoio — Lá teremos a oportunidade perfeita. Jovens bebendo sem limites, aproveitando a última festa antes de voltar para a casa dos pais, em um lugar um pouco mais afastado da cidade, sem muitas casas ao redor, poucas pessoas transitando e uma enorme área de vegetação nos fundos o que facilitaria a entrada e saída do nosso alvo.
— E como sabemos que ele irá mesmo para a tal festa? — Um senhor pergunta — Poderíamos estar desviando os recursos para a festa enquanto ele ataca em outra área — a confusão de vozes começa novamente.
— Não sabemos, mas suspeitamos de um possível alvo, é certo que ele está de olho em tal pessoa a um tempo. Ele está se tornando mais displicente, a caçada é inebriante e excitante até certo ponto, depois disso começa a ser uma falha grave, como se a cada dia que se passa ele estivesse perdendo o controle e isso é inadmissível. Pensem... há quanto tempo foi o último ataque? As ocorrências anteriores eram de quanto em quanto tempo? — Todos começam a conversar, fazer mais e mais perguntas e Erik vai respondendo-às calmamente enquanto Miguel se senta ao meu lado.
— Eu sei que você não quer isso... — sussurro ao seu lado, mas ele me para.
— Nós falamos sobre isso depois — diz olhando ao redor, apertando minha mão suavemente.
— OK!
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Hello meus trevozinhos!
Como estamos?
E ai... A pergunta de um milhão de dólares...
O que acharam do capitulo?
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#Ajude essa pobre autora a espalhar seu filhote desconhecido por esse mundo afora rs.
Conto com vocês hein!
Nos vemos em breve! Tenham uma ótima semana.
Não me abandonem.
Beijos
Mry