Jogo de confiança

By amarceleferraz

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Sara e Filippo se conhecem de forma inusitada. Em seu primeiro encontro, descobrem uma conexão que vai além d... More

01 - Vila Nova
02 - Ônibus não é boate
03 - Real Tech
04 - Carpe Diem
05 - Roger that
06 - Fibra Moral
07 - Alô, alô
08 - Omitir não é mentir
09 - Agarrando oportunidades
11 - Um Dilema
12 - Conexão 4G
13 - Desculpa pra beber
14 - Reunião incomum
15 - Tudo do que precisava
16 - Novas sensações
17 - Tudo a seu tempo
18 - Tempestade e calmaria
19 - Transcendental
20 - Ele está de volta
21 - Quebra de confiança
22 - Penélope ardilosa
23 - Tentando esquecer
24 - A vida não para
25 - Onde o calo aperta
26 - À Moda antiga
27 - O Resgate
28 - Entre doses de tequila
29 - Que Pena, amor
30 - Intervenção
31 - Jogo de confiança
32 - Eclipse
33 - Recompensas

10 - Três conflitos

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By amarceleferraz

- Então, conta tudo, como foi ontem? – Jonas puxou o assunto antes mesmo de dar "bom dia", quando Sara chegou no pátio de concreto polido da faculdade.

- Você nem mandou mensagem avisando que chegou em casa! – Angélica emendou, enquanto dava um beijo na bochecha da amiga.

- Você chegou em casa, né, linda? Porque essa cara de plenitude denuncia outras coisas... – Jonas insinuou, enquanto batia de leve com as duas mãos na parte inferior do rosto de Sara.

Sara riu. Realmente estava flutuando, mas não sabia definir para os amigos a razão daquilo tudo. Podia acreditar em duendes, mas ficar com alguém que mal conhecia e aquilo se tornar a razão de seu sonhar era inexplicável, e só não diria impossível porque acontecera consigo.

- Ai, minha deusa, que risada mais maravilhosa! Acho que sua feição não ficava tão suave desde o Roger e... – Angélica parou de falar, ao ver Jonas fazer uma careta acompanhada de um movimento de negativa com a cabeça.

- Tudo bem falar do indivíduo, gente. Eu superei esse fim de namoro mais rápido que vocês, sabem bem.

Jonas sorriu:

- Mas superar o boy não significa estar a fim de incluí-lo em suas conversas, principalmente pra falar das feições suaves que tinha enquanto estava com ele, né?

Após obter a anuência de Sara, continuou:

- Mas pare de nos enrolar! E o ruivinho? Beija bem? Tem pegada? Foi cavalheiro? Ou é aquele cafajeste arrasa-que-eu-gamo? Rolou mais o quê, pra você estar com esta cara de fada?

- Safada! – Concluiu Angélica.

E Sara resumiu o encontro a algumas palavras, porque não perderia aula pra detalhar a sua noite anterior, muito menos deixaria os amigos mortos de curiosidade até poderem conversar novamente:

- Beija bem, no meu ritmo; tem pegada, do jeito que a gente ama; é cavalheiro, mas sem precisar pedir permissão pra me olhar; apesar de ser tímido, sabe a hora de agir, parece captar os sinais – deve ter irmãs ou muitas mulheres em seu convívio. E tem 23 anos, mas me pareceu bastante homem, e não esses moleques que a gente encontra por aí. Roger, com um ano a mais que ele, ainda não cresceu.

E subiram para seus respectivos prédios de estudo, prontos para serem inflados com a sabedoria.

No intervalo, com a meia hora que tinham disponível, o assunto rendeu, e Sara pôde contar aos amigos aquilo que já sabemos do encontro. Inclusive o fato de ter reparado que ele não usava a correntinha com a inicial do seu nome.

- Shiva seja louvado! – Jonas elevou as mãos e espalmou uma na outra, em frente ao peito.

- Mas, foi só isso? Uma noite de beijos provocou esse humor maravilhoso? Não é possível! – Recomeçou Angélica, no intervalo.

- Não é possível pra você, que não se apaixona nunca, bisca. – Brincou Jonas.

- Quer dizer que pra você eu já estou apaixonada, migo? Não creio nisso.

- Crê em tanta coisa que não vê, mas não no que sente, vai entender...

- Ah, eu acredito em atração avassaladora, acredito em envolvimento precoce, mas em paixão à primeira vista, ou primeira pegada, não dá. Isso é coisa de ficção. Devo estar encantada, só isso.

- Rá! – Debochou o amigo. – Encantado estou eu, e nunca vi esse príncipe mais gordo.

- Jo-Jo, vou te falar, você teria adorado sair com ele.

Jonas sorriu, mas não falou, pois Angélica, enciumada, invadiu o momento:

- E eu, não?

- Não, amiga, todos sabemos que você é uma solteira incorrigível, e que prefere um boy lixo, pra não ter pena ao jogá-lo fora sem nem saber seu nome na manhã seguinte.

- Só ouvi verdades.

- Não posso chamar nenhum dos dois de mentiroso, né? Mas vocês sabem o porquê disso tudo. Não estou em momento de me amarrar em ninguém. Não sei focar em dois objetivos ao mesmo tempo, e terminar essa faculdade com boas notas e um emprego é a minha mais desesperadora meta!

- E há de conseguir, amiga! Vai arrasar na entrevista mais tarde!

- Ai, socorro, não fala nela, que eu fico mais nervosa! Ontem à noite assisti a vários vídeos sobre os erros mais comuns na busca por emprego, e dicas para se dar bem... As mais impactantes foram "ensaie as suas respostas" e "seja verdadeiro". Se me perguntarem a razão de eu querer tanto a vaga de estágio e eu disser que preciso me livrar do sufocamento parental o quanto antes, acho que não vão gostar!

- Calma, amiga, dar a melhor resposta é uma questão de perspectiva. Por que não diz que busca a sua independência, e que o estágio é o primeiro passo para conquistá-la? Será a declaração da verdade, mas de uma forma madura e interessante!

- Gente, por que não pensei nisso? Fiquei horas ao espelho e nada tão simples e impactante me ocorreu.

- Ser suave é difícil, mas sempre vale a pena.

- Sábias palavras, minha guru.

- Ai, meninas... Estou sofrido. – Jonas mudou o rumo da conversa.

- O que foi, gêmeo?

- Não sei... Inveja boa, talvez?

- Não existe inveja boa, ela é sempre destruidora, você sabe bem.

- Mas não tem nome para o que eu estou sentindo.

- Explique e nós ajudamos a rotular, se for necessário. – Ponderou Sara.

- Ah, fofa... Você está toda vibrante com a noite de ontem e a possibilidade de viver um novo amor. – Ignorou a cara feia de Sara. – Angel quase botando os bofes pra fora de tanta ansiedade pela entrevista de uma vaga estágio que a gente sabe já ser dela; não adianta tentar dar uma de o-futuro-a-Jeová-pertence, gêmea, você tem talento, conhecimento e uma carta de recomendação poderosa em mãos, tudo o que precisa é dar um jeito de se acalmar. Mas, voltando a mim, cadê a novidade? Em que área da vida eu posso dizer que estou empolgado? Solteiro há tanto tempo, que já preciso tomar aulas de romance, esperando a vaga de emprego no escritório da tia Cláudia que ela prometeu há dois semestres, quando acabou meu estágio, e se vocês disserem que eu deveria me alegrar porque tenho saúde, dou na cara das duas com um galho de amoreira.

- Ah, meu amor, você está ressentido! – Condoeu-se Sara.

- E se vitimizando também. – Angélica foi impassível. – Se está sozinho, é porque quer. Ou está fugindo de algo, com medo, alimentando traumas... Lindo, divertido, inteligente e moderno, um partidão que ultimamente só tem andado conosco, cuidando pra ficarmos bem e evitarmos os neandertais das baladas – o que eu agradeço –, ou consolando a Sara, que não precisa ser consolada, mas o que tem feito por si? Dificilmente vai arrumar alguém enquanto não mudar a sua energia... E se falarmos em emprego, por que não liga pra tia Cláudia e cobra por novidades? Quem sabe, se você mostrar interesse, ela não agiliza esse processo, ou te indica pra alguém? Espero não ter sido cruel com você, mas não adianta viver sentindo pena de si mesmo, mano!

- Não. Não foi cruel. Deu um show de capacidade de observação e comunicação. Vou parar pra pensar no que você disse e tomar uma atitude.

- Quem sabe – Sara falou – não é uma boa buscar a causa dos seus conflitos internos? Entender os porquês pode realmente te ajudar a sair desse marasmo. Tire um momento pra si, medite, reflita, e então saberá o que fazer.

- Amo vocês, irmãs.

- A gente também te ama, coisa linda!

- Mas... – Lembrou Angélica, alongando o "a".

- O quê? – Sara e Jonas perguntaram juntos.

- Está na hora de você contar como acabou a noite! Marcaram outro encontro ou falar sobre isso no jardim de plástico foi só um comentário perdido?

- Ah, marcamos! Quando ele me deixou em casa – fomos caminhando do shopping até lá. Mas só pra sábado. Pelo que entendi, ele trabalha bastante, e está no último período da faculdade, então não tem muito tempo de sobra, mas hoje cedo me mandou mensagem dizendo que não vê a hora de me reencontrar.

- Tô completamente apaixonado pelo seu boy, Sarita! Nem esperou passar 24 horas pra disfarçar o interesse ou fazer qualquer joguinho...

- Sim, também gostei, mas não sabia o que dizer, mandei um sorriso.

- Isso, gata, não se joga ainda. – Aconselhou Angélica.

- Pois eu já estaria todo entregue.

- E de coração partido em cinco minutos.

- Deve mesmo ser melhor nunca experimentar sentimentos profundos e não ser capaz de reconhecer o amor, nem que ele dance pelado na sua frente. – Ironizou Jonas.

- Como se alguém estivesse dançando pelado pra você nos últimos tempos!

- Hora da aula! – Interrompeu Sara, cansada.

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