- Então, conta tudo, como foi ontem? – Jonas puxou o assunto antes mesmo de dar "bom dia", quando Sara chegou no pátio de concreto polido da faculdade.
- Você nem mandou mensagem avisando que chegou em casa! – Angélica emendou, enquanto dava um beijo na bochecha da amiga.
- Você chegou em casa, né, linda? Porque essa cara de plenitude denuncia outras coisas... – Jonas insinuou, enquanto batia de leve com as duas mãos na parte inferior do rosto de Sara.
Sara riu. Realmente estava flutuando, mas não sabia definir para os amigos a razão daquilo tudo. Podia acreditar em duendes, mas ficar com alguém que mal conhecia e aquilo se tornar a razão de seu sonhar era inexplicável, e só não diria impossível porque acontecera consigo.
- Ai, minha deusa, que risada mais maravilhosa! Acho que sua feição não ficava tão suave desde o Roger e... – Angélica parou de falar, ao ver Jonas fazer uma careta acompanhada de um movimento de negativa com a cabeça.
- Tudo bem falar do indivíduo, gente. Eu superei esse fim de namoro mais rápido que vocês, sabem bem.
Jonas sorriu:
- Mas superar o boy não significa estar a fim de incluí-lo em suas conversas, principalmente pra falar das feições suaves que tinha enquanto estava com ele, né?
Após obter a anuência de Sara, continuou:
- Mas pare de nos enrolar! E o ruivinho? Beija bem? Tem pegada? Foi cavalheiro? Ou é aquele cafajeste arrasa-que-eu-gamo? Rolou mais o quê, pra você estar com esta cara de fada?
- Safada! – Concluiu Angélica.
E Sara resumiu o encontro a algumas palavras, porque não perderia aula pra detalhar a sua noite anterior, muito menos deixaria os amigos mortos de curiosidade até poderem conversar novamente:
- Beija bem, no meu ritmo; tem pegada, do jeito que a gente ama; é cavalheiro, mas sem precisar pedir permissão pra me olhar; apesar de ser tímido, sabe a hora de agir, parece captar os sinais – deve ter irmãs ou muitas mulheres em seu convívio. E tem 23 anos, mas me pareceu bastante homem, e não esses moleques que a gente encontra por aí. Roger, com um ano a mais que ele, ainda não cresceu.
E subiram para seus respectivos prédios de estudo, prontos para serem inflados com a sabedoria.
No intervalo, com a meia hora que tinham disponível, o assunto rendeu, e Sara pôde contar aos amigos aquilo que já sabemos do encontro. Inclusive o fato de ter reparado que ele não usava a correntinha com a inicial do seu nome.
- Shiva seja louvado! – Jonas elevou as mãos e espalmou uma na outra, em frente ao peito.
- Mas, foi só isso? Uma noite de beijos provocou esse humor maravilhoso? Não é possível! – Recomeçou Angélica, no intervalo.
- Não é possível pra você, que não se apaixona nunca, bisca. – Brincou Jonas.
- Quer dizer que pra você eu já estou apaixonada, migo? Não creio nisso.
- Crê em tanta coisa que não vê, mas não no que sente, vai entender...
- Ah, eu acredito em atração avassaladora, acredito em envolvimento precoce, mas em paixão à primeira vista, ou primeira pegada, não dá. Isso é coisa de ficção. Devo estar encantada, só isso.
- Rá! – Debochou o amigo. – Encantado estou eu, e nunca vi esse príncipe mais gordo.
- Jo-Jo, vou te falar, você teria adorado sair com ele.
Jonas sorriu, mas não falou, pois Angélica, enciumada, invadiu o momento:
- E eu, não?
- Não, amiga, todos sabemos que você é uma solteira incorrigível, e que prefere um boy lixo, pra não ter pena ao jogá-lo fora sem nem saber seu nome na manhã seguinte.
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Jogo de confiança
RomanceSara e Filippo se conhecem de forma inusitada. Em seu primeiro encontro, descobrem uma conexão que vai além do físico, e isso assusta mais a ela, que acaba de sair de um namoro com fim sofrível, do que a ele, que encontra no frescor da personalidade...