Maldições de Sangue

By SagamiRiku

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Artenis Louis é um estudante do ensino médio aparentemente comum, mas que esconde habilidades nada ordinárias... More

PARTE 1: O Sangue de Artenis 01 (Artenis)
O Sangue de Artenis 02 (Artenis)
O Sangue de Artenis 03 (Marcelly)
O Sangue de Artenis 05 (Artenis)
O Sangue de Artenis 05 (Artenis)
O Sangue de Artenis 06 (Marcelly)
O Sangue de Artenis 07 (Artenis)
O Sangue de Artenis 08 (Marcelly)
PARTE 2: O Plano de Seth 01 (Artenis)
O Plano de Seth 02 (Marcelly)
O Plano de Seth 03 (Artenis)
O Plano de Seth 04 (Artenis)
O Plano de Seth 05 (Artenis)
O Plano de Seth 06 (Marcelly)
O Plano de Seth 07 (Artenis)
O Plano de Seth 08 (Marcelly)
PARTE 3: O Retorno de Elizabete 01 (Artenis)
O Retorno de Elizabete 02 (Marcelly)
O Retorno de Elizabete 03 (Artenis)
O Retorno de Elizabete 04 (Marcelly)
O Retorno de Elizabete 05 (Artenis)
O Retorno de Elizabete 06 (Marcelly)
O Retorno de Elizabete 07 (Artenis)
O Retorno de Elizabete 08 (Marcelly)
Um Novo Dia 02 (Marcelly)
Um Novo Dia 03 (Artenis)
Um Novo Dia 04 (Artenis)
Um Novo Dia 05 (Artenis)
Um Novo Dia 06 (Marcelly)
Um Novo Dia 07 (Artenis)

PARTE 4: Um Novo Dia 01 (Artenis)

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By SagamiRiku

Último Confronto

Acho que eles não vão vir, garoto — comentou Seth, que então tomou mais um gole de seu uísque barato.

Nós estávamos no ponto de encontro marcado por Marcelly pelo celular, o Parque da Mangabeira, que já havia sido feito de ponto de encontro uma vez na noite anterior, mas já se passara quinze minutos desde que havíamos chegado ali, e nada da Marcelly e os outros chegarem.

— É, também acho... — concordei, sentado num dos bancos do parque. — Será que aconteceu alguma coisa com eles? Você deixou a Violeta escapar, talvez ela tenha feito alguma coisa...

— Eu não deixei ela escapar, ela só escapou — explicou ele, em vão.

— Sei...

— O que você queria que eu fizesse? Ela é uma vampira completa, e uma das fortes, não sou todo-poderoso.

— Ah, eu entendo.

— Você não fez nada também.

— É, não precisa esfregar na minha cara...

— E você se deixou ser pego.

— Tudo bem, já entendi!

Ele já estava começando a me irritar.

Foi então que meu celular começou a vibrar no meu bolso novamente, e eu rapidamente o atendi, ansioso pelas notícias que poderia receber. O número mostrado na tela era o da caçadora.

— Marcelly, oi! Por que você ainda não chegou? Teve algum problema? — Sem perceber, já havia a enchido de perguntas.

Mas a voz que me respondeu do outro lado da linha não era a de Marcelly.

— Aqui não é a "Marcelly", acho que ela não pode responder no momento, mas, sim, eu creio que ela esteja com problemas...

Era uma voz infantil e arrogante, uma voz que eu odiava e esperava nunca mais ouvir na minha vida.

— Se desejar, pode deixar um recado para ela... embora seja eu que tenha um recado para dar para você, garoto do sangue angelical.

Era a voz de Violeta.

— Filha da puta, o que você fez com ela?! — Acabei gritando, o que chamou a atenção de Seth, que já parecia saber do que se tratava a situação, julgando pelo olhar desconfiado dele.

Violeta apenas deu uma risada, o que quase me fez desligar ali mesmo, não fosse pelas circunstâncias aparentemente perigosas.

— Não se preocupe, ela ainda não está morta, mas não posso garantir isso caso você não chegue aqui em menos de uma hora. Oh, o lobisomem e a sua amiga também estão aqui, se eu fosse você, me apressaria.

Leonardo, Liza...!

— Fala logo onde você tá! — exigi.

— Como desejar, estou no topo do morro próximo à saída da cidade, você não deve estar muito longe. Agora que sabe, até mais, estou ansiosa pelo nosso encontro!

E então ela desligou, sem me deixar dizer nem mais uma palavra.

— Desgraçada! Droga!

Os meus piores medos foram confirmados, aquela sensação ruim de antes então consumia meu coração por inteiro.

— E então, a gente vai lá? — perguntou Seth, ele provavelmente ouvira a conversa inteira com a audição aguçada dele.

— E você ainda pergunta? Claro que sim — respondi, me levantando do banco.

— Tudo bem, então vamo lá — disse ele, se virando para caminhar em direção ao seu carro, que deixara estacionado do lado de fora do parque, felizmente.

— Você não parece nem um pouco nervoso com isso, Seth... — comentei, enquanto o seguia.

— Nervosismo só atrapalha nessas horas, garoto.

Nós saímos do parque e entramos no automóvel, prontos para partir em direção ao que deveria ser o destino final daquela noite infernal que parecia não ter mais fim.

* * *

Vinte minutos depois, chegamos ao morro localizado ao lado da estrada que sai da cidade. Seth e eu não nos falamos muito no caminho, meu coração estava pesado com a tensão das circunstâncias, e o meio-vampiro parecia distante, alheio a tudo isso.

Mas então, por volta do meio do percurso da trilha no morro que levava ao seu topo, eu vislumbrei algo.

Sentado no chão, com suas costas escoradas numa árvore ao lado da trilha, estava um corpo.

Imóvel, parado. Havia um pequeno furo em seu peito, de onde saía muito sangue, que se misturava ao vermelho de seu vestido. Seus longos fios de cabelo avermelhado caíam sobre seu rosto pálido de traços finos e delicados, parcialmente ocultando-o nas sombras.

Sim, aqueles mesmos cabelos ruivos, aquele mesmo vestido elegante.

Aquela que estava ali, caída, era Elizabete.

— L-Liza! — gritei, imediatamente correndo, minhas pernas pareceram se mover por conta própria.

Podia ser mais uma armadilha, podia ser mais um truque dela — mas eu não ligava, só de vê-la ali, naquele estado decadente, era mais que o suficiente para me fazer jogar de lado qualquer razão ou lógica.

Naquele momento, nada mais me importava, somente ela.

Agachei-me ao lado de seu corpo e peguei em seus ombros, estava mais gelado do que nunca. Com a minha mão direita, cuidadosamente retirei os fios de cabelo jogados à frente de seu rosto, revelando-o em toda sua branquidão, seus olhos estavam fechados, ela parecia dormir profundamente.

Era o que eu mais desejava do fundo da minha alma, mesmo sabendo que a realidade era outra.

— Liza, você...

O que aconteceu?

O que diabos aconteceu?!

Por que eu tenho que perder alguém assim de novo?!

— L-Liza! Acorda! — Enquanto lágrimas brotavam dos meus olhos sem parar, eu sacudia o corpo dela, balançando seu longo cabelo, mas ela não acordava, seus olhos não abriam, era inútil.

— É inútil, garoto. — A voz indiferente de Seth me assombrou vindo de trás. — Ela tá...

— Não diz isso! — gritei, me recusando a enxergar a realidade.

— A gente tem que ir, estamos perdendo tempo. A caçadora e o lobisomem tão em perigo, lembra?

Marcelly! Leonardo! É verdade, eu tenho que salvá-los, eu não posso perdê-los também!

Lembrando-me disso, soltei o corpo gelado de Elizabete e me levantei; nesse movimento, notei um objeto brilhando ali perto. Ao olhar, percebi que era a lâmina de um sabre japonês, uma katana, refletindo a luz da lua, mas havia algumas manchas nela, manchas vermelhas — era sangue. Contudo, o que mais me perturbava era que ela me era familiar.

Essa katana, ela é a da...

— Garoto, vamos logo, Violeta não vai esperar. — Seth alertou mais uma vez, me tirando de meus pensamentos.

Balancei a cabeça em positiva, enquanto secava as lágrimas que molhavam meu rosto com os meus dedos.

— Por que você chora por ela? Não viu o que essa garota te fez?

— Eu sei, mas... ela era minha amiga.

— Se você chama ela de sua amiga, não entendo seu conceito de amizade.

— As pessoas erram, amigos também — expliquei, seguindo em frente. — Vamos.

— Então você também perdoaria os erros da Violeta? — perguntou o meio-vampiro, enquanto me acompanhava.

— Claro que não, isso nunca. Ela não é minha amiga... e há erros que são irreparáveis — respondi.

Eu nunca mais voltaria para os braços da minha mãe, aquilo era um erro irreparável, e eu nunca perdoaria Violeta por isso.

— Mas eu já te disse, não disse, garoto? — Seth continuou. — No mundo sobrenatural, não existe isso de certo e errado, nem acertos, nem erros.

— Você pode me dizer isso o quanto quiser, não vai mudar minha cabeça.

Então, com esses sentimentos pesando em meu peito, continuei a subir o morro, caminhando pela trilha que me levaria ao seu topo, onde Violeta estava me aguardando para o nosso último encontro.

Eu deixei o corpo de Elizabete para trás.

* * *

— Então você chegou, garoto do sangue angelical.

Sentada no topo de uma enorme rocha, a pequena vampira Violeta disse ao me ver chegar no local de encontro acompanhando de Seth. Nós mantivemos uma certa distância dela, cerca de dez metros.

— Tsc, você não deveria ter trazido esse mestiço com você — reclamou ela ao notar a presença do meio-vampiro.

— Mas não faz diferença se eu tô aqui ou não, faz? — perguntou ele.

— Não importa, cadê meus amigos?! — indaguei.

Talvez "salvadores" fosse uma forma mais precisa de chamá-los, e era irônico que eu havia ido até ali para salvá-los, mas senti que "amigos" era o mais natural.

— Não se preocupe, eles estão aqui... nesse casulo — falou, olhando para o lado.

Ela olhava para a massa negra em forma esférica que estava pendurada por fios negros(?) no galho de uma árvore que estava ao lado da rocha em que ela estava sentada, era a ela que ela provavelmente se referia ao dizer "casulo".

— O-o que é isso? — perguntei, espantado.

— É um casulo de sombras que criei, seus amigos estão nele. Somente eu posso retirá-los daí, minhas sombras são muito resistentes — explicou ela, mas aquilo me deixou confuso.

— Sombras?

Como aquilo podia ser feito de sombras? Era claramente matéria, embora fosse incrivelmente escura.

Umbracinese, o poder de controlar sombras, é essa a habilidade dela — esclareceu Seth. — Irônico, já que vampiros não têm sombra, não acha?

— Então ela é outra vampira de alto nível feito a Liza?

— Sim, eu diria que de um nível ainda mais alto, é por isso que ela é tão poderosa, mas... — Um sorriso brotou no rosto dele, aquela parecia ser a hora mais inapropriada para isso, contudo, ele continuou: — nem mesmo esse seu poder te deixa invencível, né? Você tá fraca, ainda não se recuperou da nossa luta anterior. É por isso que recorreu a uma medida tão desesperada quanto sequestrar a caçadora e o lobisomem.

Pela expressão de irritação no rosto de Violeta, o meio-vampiro provavelmente estava correto em sua afirmação, o olhar cansado dela também mostrava isso.

— Mas isso também vale para você, não é, mestiço? — A vampira riu.

Era verdade, as roupas de Seth estavam um trapo, seu terno estava rasgado em vários lugares; antes também era possível, mas, naquele estado, certamente qualquer um o confundiria com um mendigo. E Violeta continuou, dessa vez séria:

— Mas deixemos essa conversa de lado e vamos direto ao ponto: garoto do sangue angelical, venha até mim e entregue o seu sangue. Acho que não preciso deixar isso mais claro do que já está, mas, caso não faça isso, matarei seus amigos; não pense que não sou capaz disso, você viu o que aconteceu com sua mãe, então, por favor, não seja um garoto teimoso desta vez e coopere.

— Não fale da minha mãe, desgraçada! — gritei.

— Se entregue agora! — falou ela, com firmeza.

— D-droga... — Meu corpo congelou, eu estava hesitante.

Mas então eu me lembrei dos rostos de Marcelly e Leonardo, dos rostos daqueles que já haviam me salvado tantas vezes. Não importa o que eu fizesse, mesmo que eles dissessem que faz parte de seu trabalho, eu não poderia retribui-los, mas eu devia ao menos fazer o que estivesse ao meu alcance.

A Marcelly provavelmente vai me odiar por isso, mas eu não ligo, só quero salvá-los, sei que é egoísmo... mas não quero mais perder ninguém, não quero mais sentir dor.

E então dei o primeiro passo em direção à Violeta.

Entretanto.

— Deixa que eu cuido disso garoto, fique aí — disse Seth, tocando em meu ombro. — Lâmina Decepadora!

Logo ele estava empunhando seu típico machado avermelhado, enquanto dava um passo adiante de mim, caminhando em direção à vampira.

— S-Seth? O que você tá fazendo? — perguntei, não compreendendo sua ação súbita.

— Fique aí mesmo, mestiço, meu negócio não é com você! — alertou Violeta. — Pare, já lhe disse, ou matarei os amigos do garoto!

— É? — perguntou ele, parando de caminhar, então, com um sorriso frio no rosto, respondeu:

— Eu não ligo.

— O-o quê? — perguntei, Violeta ficou em silêncio, com um olhar cheio de raiva. — O que você tá dizendo, Seth? Eles me salvaram! Não pode deixar ela matar eles!

— Sim, de fato, fico até um pouco grato com eles por isso, mas não me importa, eles salvaram a você, não a mim, não tenho nenhum tipo de dívida com eles — respondeu ele, com um tom de voz frio.

— Seth, s-se... — gaguejei — se você fizer isso... eu vou te odiar pra sempre, vou te odiar mais do que ela!

Apenas por cogitar aquilo, eu já o achava desprezível.

— Tudo bem, me odeie o quanto quiser, ser odiado é quase o meu hobby, sabe? — Ele riu cinicamente. — Você só seria mais uma pessoa na lista.

— Você... você ficou louco?! — indaguei, eu realmente duvidava da sanidade daquele meio-vampiro, como ele podia dizer aquilo?!

— Talvez, pode ser que já faça muito tempo... — respondeu, sério. — Mas, garoto, acontece que eu prometi a ela, eu prometi à Dri, à sua mãe... que nunca deixaria nada acontecer contigo.

Fiquei sem palavras, e ele concluiu:

— E eu vou cumprir essa promessa... mesmo que você me odeie mais que tudo neste mundo.

Aquelas palavras me chocaram, me espantaram, deixaram-me assombrado — e eu continuei em silêncio.

Que tipo de ligação ele tinha com a minha mãe? Parecia tão forte que era assustadora.

— Chega dessa bobagem! — gritou Violeta, farta, enquanto se levantava. — Eu vejo que não pensam em cooperar... é uma pena, mas terei que matar a todos. Matarei a todos e irei beber o sangue desse garoto até a última gota!

E logo as sombras das árvores criadas pelo luar rapidamente se reuniram abaixo dela, formando uma foice negra, cujo cabo ela segurou com as duas mãos. Seth preparou seu machado.

— Então, venha, mestiço, acabaremos com isto de uma vez por todas!

— Tem certeza? — O meio-vampiro calmamente sorriu. — Essa seria sua chance de fugir.

De repente, o barulho de algo sendo rasgado foi ouvido.

Ele veio do casulo de sombras feito por Violeta, de onde uma lâmina prateada surgia cortando as sombras.

Sim, ela as cortava como se fossem tecido.

Então, do buraco feito pelo rasgão, saltou uma figura.

Ela tinha cabelo preto curto e carregava um homem em seus braços.

Ao aterrissar no chão, ela deitou o corpo do homem, que era Leonardo, nele, então levantou seu rosto.

Aquela era Marcelly, mas...

Os olhos dela, que antes eram de um profundo verde-claro, então eram vermelhos, e sua pele, que antes era levemente morena, então era tão branca quanto à lua naquela noite.

— M-Marcelly? — perguntei, mas, naquele tom baixo, ela não deveria me ouvir daquela distância.

Contudo, mesmo assim, ela olhou para mim como se tivesse ouvido, ela olhou para mim com aqueles olhos vermelhos que contrastavam com seu cabelo negro e pele pálida.

E logo notei, no pescoço dela, havia dois pequenos furos.

Aquilo só poderia significar uma coisa.

— Marcelly, v-você... — gaguejei, incapaz de completar minha frase.

Vampira.

Assim como Liza, ela havia se tornado uma vampira.

— Então você sobreviveu à transformação, incrível, mas... c-como? — perguntou Violeta, espantada. — Como você conseguiu cortar minhas sombras tão facilmente?!

— Não importa, eu... — respondeu ela, com um tom de voz robótico.

Ela olhou para sua própria mão, de onde uma lâmina prateada saiu rasgando sua pele, esticando-se para fora como se fosse uma parte natural de seu corpo, então continuou:

— Elizabete estava certa, agora eu sinto... eu tenho poder. — E se virou para a pequena vampira, que olhava tudo com surpresa em seus olhos. — Poder o bastante para acabar com você!

Sem nenhum aviso prévio, Marcelly simplesmente disparou em direção à Violeta. Numa velocidade incrível que meus olhos mal puderam acompanhar, ela já estava no topo da rocha, prestes a atingi-la com a lâmina que brotara de sua mão, no entanto...

— Pare! — gritou Violeta, seus olhos brilhavam intensamente.

E, no mesmo instante, a caçadora, então uma vampira, parou. Sua lâmina estava a centímetros do rosto de Violeta, ainda assim, ela parou. Não, ela não só parou, estava paralisada, não movia sequer um músculo.

— M-Marcelly? O que tá havendo...? — perguntei, confuso, mas ela não respondia, sequer parecia me ouvir.

— É inútil — disse Seth —, Violeta usou persuasão nela, parece que Marcelly agora é sua familiar.

— F-familiar?

— Sim, uma subordinada.

Quer dizer que ela obedece à Violeta agora? O que diabos aconteceu?

— Isso mesmo, não é a mim que você deve atacar — falou Violeta, voltando a sorrir. — É a eles — ordenou, apontando para Seth e eu.

Os olhos de Marcelly se voltaram para nós, aqueles olhos irreconhecivelmente vermelhos. Neles, não havia mais nenhum vestígio do brilho determinado que aquela caçadora tinha, apenas vazio.

E então, assim como ela havia feito antes, Marcelly saltou dessa vez em nossa direção, ela avançou contra nós sem nem hesitar. Seth velozmente se colocou à frente, bloqueando a lâmina saída da mão de Marcelly com a cabeça de seu machado.

— Garota, não vê o que tá fazendo?! — gritou ele, empurrando a lâmina da caçadora para trás com sua arma.

Contudo, Marcelly não respondeu, apenas voltou a atacar mais rápido do que antes. Seth conseguiu bloquear os ataques dela na mesma velocidade, no entanto, ao final da sequência de golpes, rupturas começaram a surgir na cabeça de seu machado, indicando que ele estava prestes a se partir.

— Droga, essa lâmina... é forte demais! — grunhiu ele.

— Marcelly, pare com isso, por favor! Seth, não machuque ela! — gritei, enquanto assistia à luta entre a minha amiga e o meu padrinho em desespero.

— Eu não acho que isso vai funcionar, garoto! — Ele gritou de volta, e seu machado finalmente quebrou-se em vários estilhaços vermelhos sob a pressão da lâmina de Marcelly, desfazendo-se no ar.

A lâmina da vampira desceu em direção ao meio-vampiro, mas este agilmente rolou para trás sobre suas costas, escapando do alcance dela. Seth e Marcelly se afastaram, encarando um ao outro sem nem piscar, pareciam se analisar, calculando seus próximos ataques. De cima da rocha, Violeta assistia à luta como se estivesse entretida.

Isso é estranho, por que ela também não está atacando? Será que ela está se esforçando para manter Marcelly sob controle...? — perguntava-me.

Já visivelmente cansado e respirando pesadamente, Seth falou:

— Isso é ruim... arf... ela é mais boa do que eu pensava... Sinto muito, garoto, mas acho que deixar ela ilesa não é mais uma opção. Além disso... — Ele abriu seu livro vermelho e puxou mais um de seus machados de dentro dele. — Esta é a minha última Lâmina Decepadora.

Última...? Isso quer dizer... que ele está prestes a perder?! O que eu faço, então...? Além disso, apesar de tudo, a Marcelly ainda tá em perigo!

Marcelly tornou a avançar contra Seth, dessa vez com mais uma lâmina saída de sua mão esquerda. A lâmina do machado do meio-vampiro e as lâminas da vampira chocaram-se mais uma vez, e o resultado dessa troca de golpes foi rápido, pois não demorou muito para o machado de Seth, o seu último, quebrar com um ataque simultâneo de ambas as lâminas, no qual uma delas também atingiu o seu antebraço esquerdo, cortando-o como uma faca atravessa um pão.

— Seth!

— Aaaarrghhhh! — Ele gritou de dor, segurando o que restou de seu membro superior esquerdo, que seria dois terços, com a mão direita.

Uma cachoeira de sangue parecia derramar da área cortada, manchando de vermelho escuro sua perna e a grama ao redor de seus pés. O antebraço que fora decepado caiu no chão a um metro dele, começando a lentamente evaporar em uma fumaça cinza.

Sem parar por um segundo, Marcelly prosseguiu com seu ataque e perfurou o ombro esquerdo de Seth com a lâmina de sua mão direita, que se alongou e fez o meio-vampiro cair para trás sobre o chão enquanto gemia de dor. A lâmina que o perfurava era lentamente movida em direção ao seu peito, e logo notei que o plano de Marcelly — ou melhor, de Violeta — era atingir o coração de Seth e acabar com sua vida de uma vez por todas.

Mas, apesar de toda a dor que devia estar sofrendo, o meio-vampiro reagiu e agarrou a lâmina que o perfurava com a mão que lhe sobrara, assim parando seu mortal percurso. Entretanto, espinhos pareceram sair dela no momento que ele a tocou, também perfurando sua mão, de onde sangue começou a escorrer, o que deixou a lâmina escorregadia o suficiente para que continuasse seguindo em direção ao coração do meio-vampiro, embora de maneira mais lenta.

Em que tipo de monstro a Marcelly se tornou? Isso é inacreditável!

Naquela situação, a única esperança de Seth seria a regeneração de seu antebraço esquerdo, mas esta ocorria a uma velocidade lenta, pois, além de ter sido um ferimento grave, o estado do meio-vampiro não era um dos melhores, ele precisava poupar energia. Impiedosa, Marcelly deu mais um golpe com sua outra lâmina, dessa vez apontando-a direto no peito, mas o meio-vampiro usou o que restou de seu braço para se defender. A lâmina então atravessou seu membro, mas parou a centímetros de seu coração.

— Aaarghh! Sua pirralha... maldita! — gemia ele.

Naquele ponto, já era óbvio que as chances de Seth vencer aquela luta, ou sequer sobreviver a ela, eram mínimas. Pensei em ajudá-lo de alguma forma, mas me aproximar da caçadora naquele estado apenas garantiria o sucesso de Violeta na minha captura — como as coisas estavam naquele momento, não havia nada que eu pudesse fazer, bem como sempre foi. Portanto, pensei em apelar para uma última tentativa desesperada de recobrar os sentidos da caçadora:

— Marce...

— Marcelly, pare! — De repente, o grito da voz de Leonardo ecoou em meus ouvidos.

Ele havia acordado, estava de pé debaixo da mesma árvore em que o casulo do qual Marcelly o retirara estava pendurado.

— Você não é assim! Nunca se entregaria aos caprichos de uma anomalia! — continuou.

Ao ouvir sua voz, a vampira parou, suas lâminas também, mas seu olhar continuava o mesmo, com o mesmo intento assassino de antes. Talvez tivesse funcionado, talvez as palavras do lobisomem tivessem alcançando sua mente, porém, antes que ele prosseguisse, uma enorme mão negra surgiu das sombras atrás de Leonardo, procurando agarrá-lo.

— Leonardo, atrás de você! — avisei.

Com seus sentidos aguçados, o lobisomem conseguiu escapar da investida da mão sombria, que parecia estar sendo controlada por Violeta através de sua estranha habilidade, mas ela continuou a persegui-lo mesmo assim. Enquanto isso, Marcelly permanecia imóvel, embora Seth ainda não tivesse conseguido se desprender de suas lâminas.

— Marcelly, me escuta! — O lobisomem continuava a gritar, socando as rajadas de sombra que o cercavam enquanto elas tentavam o silenciar. — Sou eu, arf... Leonardo! Você disse que nós... somos amigos agora, não disse?!

Então é isso! A Violeta não pode atacar e controlar Marcelly ao mesmo tempo, os gritos de Leonardo quebraram sua concentração!

— Marcelly, escuta a gente, por favor! — falei. — A Violeta não pode te controlar assim, é contra ela que a gente tá lutando, não é?!

— Vocês são irritantes, parem de interferir! — rugiu Violeta.

Contudo, apesar de parecer que finalmente tínhamos uma chance de vencer, Leonardo foi capturado pelas sombras, que voltaram a ter a forma de uma mão, suspendendo-o no ar.

— Leonardo! — gritei.

— M-Marcelly... você... tem que resistir...! — Mesmo com seu corpo sob a pressão da garra de sombras, o lobisomem persistiu em tentar recobrar a consciência de sua mestra.

— Não se intrometa, cão maldito! — grunhiu Violeta.

As sombras ao redor de seu corpo o apertaram ainda mais, fazendo Leonardo cuspir sangue. Engasgando com o seu próprio líquido, ele se tornou incapaz de falar ou até mesmo de respirar, sua situação era crítica.

Entretanto.

Os olhos de Marcelly começaram a lacrimejar, enquanto a cor vermelha intensa deles passava a perder sua luz. Ela continuou imóvel, mas sua expressão rígida mudou para uma de tristeza.

— O-o que eu... estou fazendo...? — indagou-se ela, já de volta aos seus sentidos.

Os esforços de Leonardo não foram em vão, ela, a mesma caçadora de sempre, havia retornado.

— Eu não sei, mas... argh, pode tirar essas coisas de mim? Elas tão me machucando um pouco — pediu Seth.

— Ah, sim... — acatou Marcelly, retraindo suas lâminas de volta para dentro de si, assim o libertando.

O meio-vampiro levantou-se, seus ferimentos já se fechavam, embora ele ainda estivesse longe do que eu diria ser recuperado.

— Olha, eu não vou agradecer depois do que você fez comigo... — disse ele, sorrindo.

— Marcelly, que bom que você voltou! — falei, aproximando-me da caçadora.

— Artenis, eu... me desculpa! — Assim que me viu, ela me abraçou subitamente, as lágrimas continuavam a descer sobre seu rosto.

— T-tudo bem, não foi sua culpa... — Tentei consolá-la, nunca antes tinha a visto tão desamparada, e isso me chocou.

— Eu me tornei... um monstro... — dizendo essas palavras, Marcelly desmaiou em meus braços, foi tão rápido que mal tive tempo para reagir, apenas a segurei antes que ela desabasse no chão.

— M-Marcelly! — gritei, desesperado.

Olhei ao meu redor como se procurasse por ajuda, quando notei que Leonardo, que antes estava sendo atacado por Violeta, se encontrava desmaiado novamente sobre o solo — a mão negra que o agarrava havia desaparecido. E, para a minha surpresa, ao olhar para a rocha sobre qual vimos aquela cruel vampira, notei que ela não mais estava ali.

— A Violeta... pra onde ela foi?! — perguntei.

— Deve ter fugido como a covarde que é — falou Seth, com desdém, enquanto se abaixava para pegar o que havia sobrado do seu braço decepado antes que ele evaporasse por completo.

— Não, ela não desistiria tão fácil assim... — disse, continuando a verificar meus arredores, porém não encontrava sinal daquela vampira.

— Por que não? Ela já fugiu duas vezes, deve ter fugido de novo — rebateu ele, "encaixando" o membro decepado na área em que ele havia sido cortado, ele não estava completo, por isso, seu braço parecia menor do que era antes, mas ele logo cresceu de volta para o tamanho normal. — Ah, assim é melhor.

Contudo, ao olhar para a sombra do meio-vampiro, que era projetada atrás dele sobre a grama, notei algo estranho. Dela, surgiu emergindo uma pequena figura feminina armada com uma longa foice negra — era Violeta. Não sei como ela havia parado ali, mas de uma coisa estava certo, aquilo não era nada bom.

— Seth, na sua sombra, atrás de você! — alertei o meio-vampiro.

Entretanto, ao passo que ele se virava para trás para reagir, a vampira já havia arrancado seu braço esquerdo com sua foice.

— Arghh, meu braço de novo, não! Garoto, pra trás! — gritou Seth, estendendo seu braço direito entre mim e Violeta.

Acatando as palavras do meio-vampiro, coloquei o corpo de Marcelly sobre os meus dois braços e recuei o máximo que pude, mantendo uma distância de pelo menos cinco metros entre eu e a vampira.

— Violeta, você sabe que o que tá fazendo é loucura, desista! — Seth tentou persuadi-la.

— Saia da minha frente, mestiço! — Violeta ignorou suas palavras, balançando sua foice mais uma vez.

Sua lâmina sombria atingiu as pernas do meio-vampiro, cortando-as fora no mesmo instante. Seth caiu sobre a grama enquanto gritava de dor — sem um braço e tendo acabado de perder suas pernas, não havia como ele se mover.

— Garoto, argh... fuja! Larga a garota! — ordenou ele.

— Não, eu... eu nunca faria isso! — falei, enquanto dava passos para trás.

Mesmo que eu tentasse fugir, aquela seria uma tarefa difícil de se fazer carregando o corpo desmaiado de Marcelly, e eu não queria simplesmente deixá-la ali e abandonar Seth e Leonardo, me odiaria pelo resto da vida por isso. Portanto, a única escolha que eu tive foi a mesma de sempre: permanecer ali e tentar sobreviver.

Com isso em mente, me agachei e deitei Marcelly sobre a grama para que ela se recuperasse, então me levantei e me pus adiante dela, virando-me para encarar de frente a vampira que caminhava de forma destemida em nossa direção.

— Essa aura dourada... então você é mesmo o filho de um anjo — disse Violeta, mostrando interesse. — Os meus... não, os nossos esforços não foram em vão.

Hã? Do que ela tá falando? — indaguei-me, mas ao olhar para minhas próprias mãos, notei que, assim como havia acontecido anteriormente naquela mesma noite, meu corpo estava envolto por uma intensa aura dourada novamente. Esse... é o meu poder angelical despertando, mas...

— Não tem nada que eu possa fazer quanto a isso, eu... — comecei a falar. — Eu desisto, você pode tomar o meu sangue, apenas me prometa... me prometa que nunca mais vai machucar os meus amigos... e que vai sair desta cidade.

— O-o que você tá fazendo, garoto?! — gritou Seth, confuso.

Violeta parou de andar, e então me olhou nos olhos de volta, dizendo:

— Você está mentindo, está apenas tentando ganhar tempo para que a caçadora se recupere, não é? Mas isso é inútil, eu posso voltar a controlá-la quando bem entender, principalmente agora que ninguém pode mais interferir, afinal, o que um mortal como você pode fazer?

Ela tinha razão, eu estava mentindo, mas meu objetivo não era o de ganhar tempo para que Marcelly se recuperasse — já imaginava a possibilidade de ela ser controlada outra vez — o meu plano era outro. No bolso da minha calça, havia um frasco de vidro com água benta igual ao outro que Seth havia me dado na primeira vez que confrontamos os vampiros, mas eu só poderia causar um dano significativo com ele caso Violeta se aproximasse. O frasco já estava escondido em minha mão direita, tudo que eu tinha que fazer era atraí-la.

— Você tem razão... eu só sou um mortal, mas prefiro mil vezes ser um humano do que um monstro como você! — vociferei.

— Humpf, já chega de perder meu tempo conversando com a sua espécie! — disse a vampira, que então simplesmente afundou na grama, desaparecendo de nossa vista como se fizesse um truque de mágica.

— O-o que ela fez? Pra onde ela foi?! — perguntei.

— Tome cuidado, ela tá se locomovendo pelas sombras na grama! — avisou Seth.

Pelas sombras?!

Olhei para os lados em alerta, segurando o frasco com água benta em minha mão com força — mas eu não via sinais dela, portanto, não fazia ideia de por onde ela atacaria.

Então, como um vulto no canto da minha visão, uma sombra apareceu emergindo da grama ao meu lado direito. Sem pensar, apenas me virei e atirei o frasco de água benta naquela direção.

Contudo, o que eu acertei não foi Violeta.

O que eu acertei foi apenas o que eu havia visto — uma sombra, ou melhor, a minha sombra; Violeta havia a manipulado para me confundir, pois a sombra se dissipou assim que entrou em contato com a água benta. Mas, então, onde ela estava?

Atrás de mim!

Era o que eu havia concluído à medida que me virava para trás, quando vi a vampira a um passo de me atingir com a longa lâmina de sua foice sombria. Eu podia ver o sorriso da vitória em seu rosto, naquele ponto, já sabia que não teria como eu me esquivar ou me defender, não havia nada que eu pudesse fazer para parar a vampira — ela estava certa, eu era só um mortal.

Eu era só um humano.

No entanto.

Segundos antes que a lâmina da foice de Violeta cortasse o meu rosto, provavelmente o desfigurando para sempre, ela se desfez, e logo todo o resto da arma começou a evaporar no ar como se fosse fumaça também, para o espanto de sua portadora, que permaneceu parada à minha frente.

— O-o quê...?! Minhas sombras...

Fiquei tão espantado quanto ela, afinal de contas, o que havia acontecido? A vampira estendeu sua mão até mim, e eu, em choque, permaneci parado, porém, semelhante ao que havia acontecido à sua foice, sua mão começou a esfumaçar apesar das luvas que estava vestindo, e Violeta rapidamente a afastou de mim.

— L-luz! — gritou ela, recuando como se tivesse visto um monstro, ironicamente.

Olhei para as minhas próprias mãos, então finalmente compreendi a situação — sim, elas continuavam a brilhar, envoltas pela mesma aura dourada de antes.

— Você... não pode me tocar — concluí.

— Garoto, isso é... incrível! — declarou Seth, que ainda estava caído na grama a poucos metros dali.

A vampira continuou a se afastar de mim, até tropeçar para trás e cair sobre o solo, apoiando-se com suas mãos, quando algo que eu não achei ser possível para um monstro insensível como ela aconteceu: lágrimas começaram a sair de seus olhos — ela estava chorando.

— Impossível! — disse ela, socando o chão com raiva. — Tudo que eu fiz... n-não pode ter sido por nada! Eu não posso ter falhado!

Diante do choro dela, não senti nem raiva nem pena, apenas desprezo — nenhuma das lágrimas dela traria de volta minha mãe, por isso, elas não valiam de nada para mim.

— Você usou da minha amiga e da vida da minha mãe pra alcançar o seu objetivo, e os seus familiares foram exterminados por conta disso, e pelo quê? Por nada! Você é a escuridão que deseja ter a luz pra si mesma, mas não pode tocá-la, e desperdiçou a vida de muitos por essa idiotice! — vociferei.

— Cale a boca! — Violeta gritou, erguendo-se. — Fique calado. Você não sabe de nada! Alguém como você, um mortal como você... nunca entenderia!

Já cansado de ouvir as baboseiras sem sentido daquela vampira, dei um passo para frente em sua direção; meu coração já não sentia mais medo, meu corpo não mais hesitava — contudo, senti uma mão sobre o meu ombro, que me parou de andar.

— Garoto... tá tudo bem agora, você não precisa sujar as suas mãos — falou Seth, que surgiu de pé atrás de mim, seus membros já haviam todos sido regenerados.

O meio-vampiro colocou-se à frente de mim, encarando a pequena vampira, e disse:

— Violeta, isso termina aqui. Não vou pedir que se renda, mas se continuar aqui... bem, não posso garantir que as coisas ficarão boas pro teu lado.

A vampira apenas baixou sua cabeça para fitar o chão, sua franja cobrindo os olhos, então disse em um tom reservado:

— Tudo bem... eu... estou indo, mas, antes que eu me esqueça... — Ela levantou seu olhar para mim. — Elizabete, ela era a sua amiga, não era?

Ouvir aquela vampira ter a ousadia de pronunciar o nome da Liza quase me fez perder o controle, no entanto, eu me contive e simplesmente respondi:

— Sim... — Até que uma possibilidade surgiu em minha mente que me deixou ainda mais furioso. — Espera, foi você que matou ela, não foi?!

Mas perante o meu questionamento, Violeta apenas riu e respondeu:

— Na verdade, não, porque quem a matou foi... — A vampira apontou para a garota desmaiada no chão logo atrás de mim. — Ela, a caçadora.

— O... quê?

— Você pode não acreditar nas minhas palavras, mas você viu, não foi? No caminho até aqui... o ferimento no peito de Elizabete foi feito pela arma da caçadora.

Não pode ser, então... foi assim que as coisas acabaram?!

Fiquei chocado, sem palavras. Eu não diria que foi uma revelação, porque já suspeitava disso assim que vi a arma de Marcelly jogada ao chão, mesmo assim, ter minhas suspeitas confirmadas pelas palavras daquela vampira foi ainda mais devastador.

— Já chega, Violeta, vá embora — interviu Seth.

— Meus negócios com você ainda não acabaram, mestiço, as coisas não ficarão assim. — Violeta ameaçou, e em seguida submergiu na sombra projetada por uma das árvores ao nosso redor, sumindo de nossas vistas assim como desejávamos que fizesse.

— Tsc, eu que tenho negócios a resolver com ela depois do que ela fez com a Dri — reclamou o meio-vampiro.

— Seth, vocês dois já se conheciam antes? — perguntei, intrigado.

— Sim, mas isso já faz muito tempo, são águas passadas agora — respondeu ele, obscuro.

— Sei... Por que ela queria tanto o meu sangue? Talvez fosse só pelo poder ou tanto faz, mesmo assim, ela foi longe demais...

— Eu não sei e, pra falar a verdade, não tô nem aí pros motivos dela, não importa quais sejam eles, ela vai pagar pelo que fez. É por isso que você não precisa se preocupar em sujar as suas mãos, garoto, são pra isso que servem as minhas. Você, por enquanto, ainda tem a chance de continuar sendo humano, mesmo que não seja um de verdade.

Aquelas palavras, pela primeira vez, eu havia sentido que aquele meio-vampiro se preocupava genuinamente comigo, não por interesses ocultos ou talvez nem mesmo pela promessa que havia feito a minha mãe, mas de coração, como se realmente fosse alguém da minha família — ou, pelo menos, era no que eu queria acreditar.

— De todo jeito, como tá a Marcelly agora? — perguntei-me ao passo em que me virava para verificar o estado da caçadora que havia se tornado uma vampira e fiquei surpreso ao ver Leonardo, que até pouco tempo estava desmaiado, agachado ao lado dela, tentando acordá-la.

Marcelly, você realmente matou a Liza...?

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