PARTE 2: O Plano de Seth 01 (Artenis)

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Novo Lar

— A propósito, qual é o seu nome?

Perguntei ao homem de terno roxo sentado no banco do motorista do carro, que conduzia o veículo em que estávamos numa velocidade perigosamente alta pelas ruas estreitas e sinuosas da cidade de Nascente.

— Ah, não ouviu? É Seth — respondeu ele, enquanto constantemente tirava os olhos da rua em meio aos goles que tomava da garrafa de vodca que segurava numa de suas mãos (já que a outra estava ocupada com o volante).

Sério, andar com esse cara era uma prova de fogo.

— Sinceramente, é uma vergonha um enteado não saber o nome do seu padrinho — comentou.

— Hein?! Você é meu padrinho? — perguntei, obviamente surpreso, enquanto procurava desesperadamente pelo cinto de segurança.

— Ah, é, a Dri também não te contou isso...

Ela não tinha me contado nada, na verdade.

Mas o que diabos minha mãe tinha na cabeça para ter escolhido esse cara como meu padrinho?!

— E desde quando você conhece a minha mãe?

— Há muito tempo, mesmo antes de você ter nascido.

Pelo que parecia, eles realmente eram amigos de longa data, tanto para que ele a chamasse minha mãe, Adriana, de "Dri".

— É estranho, mesmo assim, acho que nunca o vi antes na minha vida; bem, pelo menos até ontem...

— É claro que você já me viu, mas era pequeno demais pra se lembrar. Já te peguei no colo, você até me chamou de "papai" — comentou ele, rindo.

— Eu te chamei do quê?!

— Ah, você era tão fofinho quando era um bebê!

Depois de apanhar de uma garota no meio da rua, ter chamado esse cara de "papai" entrou na minha lista de vergonhas para a vida toda.

— E como você conheceu minha mãe? — Continuei a perguntar.

— A Dri queria aprender a magia das artes ocultas, então ela me procurou.

— O que diabos minha mãe queria com ocultismo?!

Ela sempre foi supersticiosa, mas não achei que chegasse a esse nível.

— Era uma época turbulenta na vida dela. Ela era jovem, e a mãe estava no leito de morte.

Minha avó, nunca cheguei a conhecê-la, obviamente porque ela morreu cerca de um ano antes de eu nascer, pelo que minha mãe me contou.

— E o meu pai, você chegou a conhecer ele?

— Sim, mesmo que por pouco tempo.

— E como ele era? — perguntei, curioso.

Seth ficou em silêncio por alguns segundos, então respondeu:

— Vou falar a verdade, não fui com a cara do sujeito. — Então continuou com certa raiva em seu tom de voz: — Eu nunca vou perdoar ele por ter abandonado a Dri...

— Mas por que ele deixou minha mãe? É isso que não entendo! — pressionei-o por uma resposta.

— Bem que eu queria te contar, garoto, mas a Dri me fez prometer que não.

— Entendo...

Mesmo que eu quisesse muito saber o que tinha acontecido entre minha mãe e meu pai, não podia fazer Seth quebrar uma promessa que fizera a uma velha amiga; não seria correto.

Maldições de SangueOnde as histórias ganham vida. Descobre agora