Das Sombras
Estava escuro, as sombras devoravam qualquer coisa além de dez metros de mim; alguns filetes prateados de luz da lua atravessavam os pequenos espaços entre as folhas das árvores acima de nós, mas pouco iluminavam nosso caminho. À frente de Leonardo e eu, Elizabete caminhava na escuridão sem temer, nos guiando como nossos olhos. Descíamos pelo morro sem trocar nenhuma palavra, apenas o grilar dos grilos mata adentro podia ser ouvido.
Leonardo discretamente aproximou-se de mim, vindo sussurrar algumas palavras em meu ouvido:
— Realmente podemos confiar nela?
— Claro que não — sussurrei em resposta —, mas ela é minha amiga, e sinto que pelo menos parte de mim ainda confia nela. Ainda assim, devemos ficar de olho.
— Certo.
— Eu posso escutar vocês, sabiam? Afinal, eu sou uma vampira — avisou Elizabete, num tom um tanto zombeteiro; apesar de tudo, ela ainda permanecia calma ao saber disso.
Vendo que ela decidiu falar alguma coisa, iniciei uma conversa:
— Elizabete, a propósito, o que você pretende fazer depois de pegarmos o Artenis de volta?
— Não fale nele como se ele fosse só um objeto, ele ainda é meu amigo, sabia? — Ela me repreendeu.
— M-me desculpe, é que... — Quando ela falava naquele tom sério, era difícil respondê-la.
— Irei tentar salvar meu amigo, com a ajuda do Artenis, talvez seja possível — falou ela, de qualquer modo.
— Seu amigo...? Ah, fala de...
— Sim, ele. Ele foi envenenado pela Violeta para me manter sob seu controle, creio que tem pouco tempo de vida agora, mas sei onde encontrá-lo.
— Então ela fez isso também? Essa Violeta é realmente um monstro...
— Do pior tipo.
— Mas, se me lembro bem, pelo que você me contou naquele dia no parque, esse seu amigo não é...?
Acho que o nome dele era Viktor, que eu me lembre, ele era...
— Sim, o lobisomem — confirmou.
— Entendo...
— Você tem algum problema com isso? — perguntou Elizabete, que continuava a seguir adiante sem olhar para trás ou para os lados.
— Bem, não posso dizer que não, você sabe para que organização eu trabalho...
— E também sei no que acredita. Mas não se preocupe, acho que a sua ajuda não vai ser necessária para salvar o meu amigo, só o Artenis deve ser o bastante, então você vai poder se livrar desse fardo.
— Não fale assim, por favor... — pedi. — Mesmo que você seja uma anomalia agora, ainda é a minha amiga, é claro que eu gostaria de ajudar.
— Eu... fico feliz em saber disso...
Após mais alguns segundos de silêncio, Elizabete voltou a falar:
— Marcelly, você tem o número do Artenis?
— Do celular dele? Sim... por quê? — perguntei, a questão dela pareceu ter saído do nada.
— E tá com o seu celular aí?
— Sim, quer que eu ligue pra ele agora?
— Sim, ele já pode ter acordado. Nesse caso, seria melhor falar com ele para marcar um ponto de encontro.

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Maldições de Sangue
ParanormalArtenis Louis é um estudante do ensino médio aparentemente comum, mas que esconde habilidades nada ordinárias. Ainda se recuperando do desaparecimento recente de sua amiga, um dia ele tem um encontro com três pessoas estranhas em seu colégio e logo...