Rendenção
— Mestra, você tá bem? — perguntou Leonardo, sua voz demonstrava preocupação.
— Sim... e eu já te disse pra não me chamar de mestra — respondi, meio sonolenta, havia acabado de abrir os olhos.
Quando percebi, vi que estava deitada sobre os braços de Leonardo, que me segurava agachado sobre o solo gramado. Aquele parecia ser o topo do morro em que Elizabete e eu havíamos lutado, mas por que estávamos ali novamente? Pelo que me lembrava, estávamos saindo daquele morro, quando...
— Violeta, onde tá ela? — perguntei, enquanto me levantava com a ajuda de Leonardo.
— Ela já se foi, eu cuidei dela. — A voz que me respondeu foi a desagradável daquele velho bêbado, ele apareceu a alguns metros diante de mim, Artenis estava ao seu lado, ele me olhava com uma seriedade que eu nunca havia visto antes em seu olhar, então me perguntou:
— Marcelly, o que aquela vampira disse... é verdade?
— Hum? Violeta? O que ela disse?
— Ela disse... que você matou a Liza... Isso é verdade?
— Elizabete... ela... morreu...?!
— Sim... eu encontrei o corpo dela no caminho pra cá, e a sua katana tava do lado dele... Marcelly, me diz, o que aconteceu?
— Eu e a Elizabete brigamos, sim, mas depois nós entramos num acordo, e a gente tava indo se encontrar com vocês, quando a Violeta apareceu e... — Eu me forçava a lembrar dos acontecimentos daquela noite, que ainda estavam um pouco nebulosos em minha memória. — Ela tomou controle da Elizabete, eu acho, e então ela...
Isso, ela me mordeu.
Então eu me transformei numa vampira, não foi?
— Não... isso não pode ter acontecido! — gritei, colocando minhas mãos ao redor da minha cabeça.
Como aquilo aconteceu? Como eu deixei aquilo acontecer?!
— Marcelly, o que houve? — perguntou Artenis, preocupado. — O que aconteceu depois?
— Ela me mordeu, e... eu matei ela... — confessei, olhando para o chão, não conseguia sequer me levar a olhá-lo nos olhos.
Foi tudo tão rápido que parecia uma alucinação, mas era verdade.
Eu tinha matado ela, minha melhor amiga, a amiga de Artenis também, o garoto que eu deveria salvar.
— V-você... — Artenis grunhiu, mas não completou sua sentença, eu não conseguia imaginar que tipo de expressão ele tinha em seu rosto.
— Artenis, por favor, entenda, não foi porque ela quis! — Leonardo subitamente interveio por mim. — Eu vi, ela atacou a Marcelly do nada, foi culpa da Violeta, ela tava controlando ela assim como fez com a Marcelly antes!
Artenis permaneceu em silêncio.
— Tudo bem, Leonardo, você não precisa me defender — pronunciei-me, levantando minha cabeça. — Eu sou a responsável pelas minhas ações...
Puxei a pistola do coldre no meu cinto e a apontei para minha cabeça, então completei:
— E sou eu que devo pagar por elas.
— M-Marcelly! — Artenis me chamou, espantado, e eu levantei meu olhar para ele, seu rosto estava pálido, Seth, ao seu lado, permanecia com um olhar calmo e frio. — Você não precisa fazer isso, e-eu entendo!

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Maldições de Sangue
ParanormalArtenis Louis é um estudante do ensino médio aparentemente comum, mas que esconde habilidades nada ordinárias. Ainda se recuperando do desaparecimento recente de sua amiga, um dia ele tem um encontro com três pessoas estranhas em seu colégio e logo...