Quando a Cidade se Apaixona p...

By perftho

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Aurora acabou o ensino secundário este ano mas não sabe que rumo dar à sua vida. Em tal situação, os pais man... More

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By perftho

Dedico este capítulo à pinguim_hemmings ღღღ obrigada por todo o apoio!

– Aurora

Estava sentada à lareira a ler Um Dia Perfeito, de Nora Roberts, enquanto ouvia o som relaxante da chuva que começava a cair com pouco intensidade quando a minha avó veio desesperada à janela.

"Ai, deus me acuda, que está a chover!"

"Calma avó, é só água." Disse de modo sarcástico.

Ela olhou para mim com um ar triste e depois enterrou o rosto nas mãos. Fiquei alarmada, ela parecia fraca.

"O que se passa avó? O que é que tem a chuva?" Levantei-me e fui ao seu encontro.

"A colheita de feijões estava a secar... não esperava este tempo hoje. E agora foi-se tudo."

"Não dá para ir lá cobri-la?" Perguntei.

"Não posso arriscar uma constipação, o médico disse-me que facilmente poderia tornar-se numa pneumonia."

"Eu posso ir lá, diz-me aonde esta que eu vou lá."

"Deixa, deixa. Já não vale a pena." Ela fez uns gestos com as mãos e desandou. "Eu vou mas é ajudar o teu avô na loja que com este tempo não há nada a fazer."

Ela desapareceu para o corredor, com o mesmo ar cabisbaixo com que veio. A minha preocupação com ela manteve-se mas não fazia o que podia fazer, eu não entendo nada do que ele faz no quintal.

"Até logo Aurora, se precisares de alguma coisa liga-me." Ela falou do hall de entrada.

"Adeus avó!"

Voltei a mergulhar na leitura, a chuva tinha engrossado. Com a ajuda daquele som que me relaxava, rapidamente esqueci o mundo que me envolvia.

Nas sombras em movimento, sob a luz dourada e o aroma errante, ela estava deitada na cama, virada para ele, com a cabeça apoiada no braço. Fizera qualquer coisa ao cabelo, algo elegante, e escurecera exoticamente os olhos e os lábios. E no seu longo e maravilhoso corpo havia porções minúsculas de renda preta.

– Isto – disse ela passando a mão livre pelo corpo –, é La Perla.

– Oh, obrigado.

Ela chamou-o com um dedo.

– Porque não vens até aqui e vês mais de perto?

Ele caminhou até junto dela

– Tiras-me a respiração. – Ele sentou-se e percorreu-lhe o corpo com a mão. – Usavas isto na outra noite?

– Sim.

– Se eu soubesse, nunca terias conseguido chegar ao carro.

– A sério? Porque não me mostras o que terias feito, se soubesses?

Nesse preciso instante, ouvi barulho vindo do quintal. Fui até à janela da cozinha, pensando que fosse a minha avó a aventurar-se na chuva por causa dos tais feijões. Mas não era.

Passei pelo hall de entrada e abri a porta de casa. Ele, que estava a caminhar em direção à porta do quintal, viu-me de imediato.

"Hey!" Ele gritou fechando a porta do quintal.

Debaixo de chuva, ele sorriu-me como se tivesse tudo normal.

"És louco! O que é que estás aí a fazer?" Gritei do cimo das escadas.

"Vim dar uma mãozinha!" Disse, copiando as minhas palavras do dia em que ele me ajudou com a torneira.

"Estás todo encharcado, vais ficar doente! Entra, depressa!"

"Eu moro já ali." Ele constatou um facto óbvio, como se eu tivesse a inventar uma desculpa para que ele fica-se. Estava mesmo.

"É caminho suficiente para te fazer adoecer!"

Ele riu-se com a minha desculpa esfarrapada e concordou em subir.

"Descalça-te, eu vou arranjar-te uns chinelos." Disse-lhe assim que ele entrou.

"Eu vou molhar a casa toda à tua avó, eu posso ir para casa, é já ali."

"Não te preocupes." Disse entregando-lhe uns chinelos antigos do meu avó que tinha ido buscar à despensa. "Anda, vamos para junto da lareira."

Conduzi-o até à lareira, ele pingava por todos os lados.

"Tira a roupa, eu vou arranjar-te uma manta."

"Tu queres que eu me dispa?" Ele perguntou no seu jeito desajeitado e tímido.

"Se ficares com essas roupas junto ao corpo ainda ficas doente a sério. Está à vontade, não te preocupes que eu não olho."

"Hum... não é isso... hum... é só que eu... eu... não quero dar trabalho."

"Miguel, não tem problema. Alem disso, assim fazes-me companhia." Disse-lhe de maneira sincera. Ele sorriu. "Eu volto já."

Fui até ao meu quarto, buscar a manta que lhe tinha oferecido. Eu tinha mesmo acabado de o mandar despir? Foi uma proposta sem segundas intenções, apenas pensei no seu bem-estar, mas sem dúvida que isto vai ser engraçado.

"Posso?" Perguntei depois de bater à porta da cozinha.

"Claro, a casa é tua..." Ele disse atrapalhado, do outro lado da porta.

Entrei pela cozinha e deparei-me com a sua figura esguia e alta apenas coberta por uns bóxeres pretos. O seu tronco era liso e as suas pernas eram finas contrastavam com os ombros largos que faziam com que ele não fosse um "magricela". Apesar de ter desviado o olhar, eram impossível não ter reparado na sua parte íntima. O tecido de tom preto que o envolvia era discreto, fazendo com que o relevo não se notasse muito. De qualquer das maneiras, as minhas hormonas dispararam de imediato. Surpreendentemente, dei por mim também atrapalhada e acabei por fixá-lo um pouco mais do que o que devia.

"Aqui tens." Disse entregando-lhe a manta.

Ele agradeceu-me de imediato e colocou a manta pelas costas, embrulhando-se nela. Eu fui buscar mais duas cadeiras para ao pé da lareira, uma para ele se sentar e outra para estender as suas roupas molhadas, de modo a que secassem pelo menos um pouco.

"Obrigado por tudo, a sério, dei-te imenso trabalho." Ele disse assim que nos sentamos. A cadeira com as suas roupas estava entre nós e os nossos olhares fixavam a lareira.

"Porque é que vieste aqui com este tempo?" Perguntei-lhe repentinamente, era algo que me estava a deixar bastante curiosa.

"Porque eu sabia que a tua avó tinha os feijões para venda a secar e que devido à sua saúde não podia ir lá cobri-los à chuva."

"Mas porque é que fizeste isso? Vieste à chuva só por causa de uns feijões? Que nem sequer são teus?"

"Não são só uns feijões. Eu sei quanto trabalho tem a tua avó para plantar, regar, colher, pôr a secar e escolher todos os produtos que ela tem a mais e pode vender. Sei porque fui eu que a ajudei e sei também que ela tem todo este trabalho só para ter um pouco mais de dinheiro para pôr na conta poupança, que eventualmente vai ser a tua herança um dia. Sabes, ela já me tinha falado de ti e dos teus pais. Tudo o que ela tenta arrecadar e poupar é porque ela vos quer dar o melhor que pode."

"Mas porque é que te preocupas com isso? Não é problema teu."

"Apenas gosto de ajudar, é uma das poucas coisas para as quais tenho jeito, faz-me sentir útil, faz-me sentir bem."

"Então moras aqui de livre vontade?"

"Sim, quando acabei o secundário decidi vir fazer a faculdade em Viseu para vir morar com os meus avós."

Universitário? Gostei.

"És de onde?"

"Santarém."

"Porque é que quiseste vir para aqui? Porque é que trocaste a cidade pelo campo?"

"Digamos que eu não sou uma pessoa que tenha muito jeito com a maior parte das coisas. Estou sempre a partir coisas, a tropeçar, a estragar o trabalho dos outros, a gaguejar... sou desajeitado. E pessoas como eu não se conseguem entregar nas grandes cidades porque existe demasiada gente e essas pessoas reparam em nós. Aquela fase entre os 13 e os 16 anos foi muito difícil para mim: não tinha muitos amigos e por também ser tímido, era um alvo fácil; acrescentado a isto, os meus pais também não compreendiam a minha falta de jeito, nunca nada que eu fazia estava bom para eles. Eu não me sentia bem em lado nenhum, nem na escola, nem em casa. Assim, quando acabei o secundário vim para cá. Agora estou no curso que gosto e se algo correr mal tenho os meus avós, que me apoiam em tudo. Eu ajudava-os sempre que podia nas terras até que apanhei o gosto. Finalmente tinha achado alguma coisa que conseguia fazer bem, era como se a minha falta de jeito nem existisse. Os vizinhos da minha avó começaram a ver, uns favores levaram aos outros e agora é basicamente uma coisa diária."

Ele mexia freneticamente com as mãos e fixava-as continuamente enquanto falava, um gesto típico da sua atitude tímida mas que revelava mais do que isso: mostrava que não era um assunto no qual tocava várias vezes e por isso não sentia muito à vontade para o explorar.

"É uma visão da cidade muito diferente da minha, nunca tinha pensado dessa maneira."

"A vida não é tão fácil para uns como é para outros." Ele olhou para mim não com um olhar julgador mas com um olhar de quem apreciava a compreensão. "E tu? Porque é que vieste? E desta vez, quero uma resposta esclarecedora." Ele disse-me com um sorriso, por já termos falado sobre isto mas por não ter revelado muito.

"Está certo, desta vez eu conto tudo." Disse e olhei para ele com um sorriso. "Então, este ano eu acabei o secundário este ano e fiquei completamente à toa na vida. Não sei o que é que consigo fazer de útil no mundo do trabalho, na verdade, eu não gosto de nada que envolva trabalhar. E como a minha mãe não me parava de chatear a cabeça, obrigou-me a vir para aqui porque assim ao menos ajudava os meus avós nas tarefas de cá, mas como também já podes ter notado, também sou uma nódoa a cuidar das terrinhas."

"Tenho a certeza que deve haver algo que gostes de fazer e que possa ser útil, de alguma maneira, para a sociedade."

"Bem, se souberes por favor diz-me, é que eu estou mesmo perdida."

Ele olhou para mim e riu-me, algo que eu retribuí. Depois voltamos a encarar as chamas da lareira.

"De uma maneira muito geral, não temos histórias muito diferentes. A verdade é que estamos ambos aqui por causa dos nossos pais." Ele disse, depois de alguns segundos.

"A culpa é toda deles. Aposto que os meus só me quiseram mandar para aqui para me chatear porque assim já não podia sair com os meus amigos." Aumentei um pouco o meu tom de voz, involuntariamente. "Isso é o que mais me chateia! Tenho 18 anos, estou na idade de sair, beber até cair para o lado, dançar, divertir-me, aproveitar a juventude! Mas não, eles não me podiam ver contente, tinham que estragar tudo."

"Bem, eu não tenho propriamente esse problema, como já disse, não sou propriamente o tipo de rapaz que gostas de festejar dessa maneira."

"Não vais às festas da universidade?" Perguntei surpreendida.

"Vou a algumas mas não é algo que me desperte muito interesse."

"Estás a gozar! Eu dava tudo para ir a uma festa universitária!"

"Eu posso levar-te a uma, se quiseres."

"Estás a falar a sério? Isso era brutal! Obrigada, Miguel." Falei entusiasmada, olhando para ele.

"De nada, Aurora." Ele olhou para mim.

Fixamos os olhos um do outro e desejei que aquela cadeira com roupa não tivesse entre nós. Saber que ele estava ali ao meu lado, de bóxeres, apenas coberto com aquela manta, deixava-me molhada de uma maneira que nem o calor da lareira podia secar.

Nesse preciso momento, o barulho da porta de casa fez-se ouvir e a minha avó entrou dirigida à cozinha.

"Então juventude, o que é que se passa aqui?" Ela perguntou de uma maneira alegre.

"Hum... isto não é... nós estávamos só... eu vou já..." O Miguel tentou dizer alguma coisa mas atrapalhou-se todo.

"Estou a ver que tiveram uma tarde muito divertida." Ela voltou a rir-se, como se se estivesse a divertir com a situação.

"O Miguel veio cá para ir tapar os feijões que estavam à chuva, então eu convidei-o para se aquecer e assim ele fez-me companhia. Foi só isso, 'vó."

"Oh Miguel, a sério? Fico-te muito agradecida!" Ela segurou a mão do rapaz e apertou-a em sinal de agradecimento. "Mas bem, vou deixar-vos à vontade, para acabarem o que quer que estavam aqui a fazer."

"Avó!"

Ela saiu a rir, fazendo pouco de nós mais uma vez. Quando já estávamos novamente sozinhos, olhei para o Miguel, que estava vermelho que nem um tomate.

"Não te preocupes, ela está a brincar."

"Sim, não há problema." Ele respondeu-me timidamente. "Bem, se calhar é melhor vestir-me e ir, agora que já não estás sozinha."

"Sim, claro, as tuas roupas já devem estar secas." Levantei-me da cadeira. "Eu deixo-te à vontade para te vestires."

"Não." Ele levantou-se também. "Não precisas de ir."

Mantive-me em silêncio, surpreendida com a sua resposta. Voltei a sentar-me na cadeira e observei-o enquanto ele se vestia, nem tentei esconder. Ele olhou também para mim e riu-se, eu ri de volta; ao fim ao cabo, aquilo era uma situação cómica.

Depois de vestido, acompanhei-o até ao fim das escadas da entrada.

"Obrigado por tudo." Ele agradeceu.

"Era o mínimo que podia fazer depois daquilo que fizeste pela minha avó." Fiz uma pequena pausa. "Além disso, eu gosto da tua companhia."

"Eu também gosto de estar contigo."

Ele aproximou-me de mim até os nossos corpos de tocarem. Eu fixei os seus olhos, inclinado a cabeça para cima, por ser um pouco mais alto que eu. Uma das suas mãos passou confusamente pelas minhas costas, hesitando em agarrar o meu corpo. Não conseguindo esperar mais, agarrei a sua face com as minhas mãos e juntei finalmente os nossos lábios. Desta vez o beijo era mais intimo, exigia mais contacto. Os meus lábios encaixavam nos seus, alternando entre um e outro, saboreando cada pedaço da sua boca. Separamo-nos lentamente, como se não o quiséssemos fazer. Despedimo-nos com um sorriso e murmuramos um 'até manhã'.

Entrei em casa com um sorriso e dei de caras com a minha avó.

"Então, convidaste o Miguel para entrar por boa educação?"

"Claro."

"Então e também o beijaste por boa educação?"

  ♡ 

Olá leitoras do meu coração! Este capitulo demorou imenso mas tambem é gigante! (2300 palavras!) e carregado de feels, espero que gostem! 

tenho uma mega novidade para voces! lembram-se de vos ter falado de um rapaz que andava na minha escola, tinha ar de mauzão, tinha rastas no cabelo e é uma das minhas maiores crushs de sempre? pois bem, eu tinha descoberto o tumblr dele há uns tempos e no outro dia ele mandou-me mensagem a perguntar se eu tinha uma crush nele! Eu fiquei para morrer mas disse-lhe que sim e ate tivemos uma conversa muitoooooo boa! Apesar de ele nao te demonstrado interesse em mim, ele sabe quem eu sou e fiquei a saber que na verdade ele é bue sentimental e valoriza-se muito pouco :( só me apetecia dizer "não penses assim, eu amo-te, és tudo para mim" xD mas nao ia dizer isso né porque depois ele ia pensar que eu não batia bem da cabeça. mas enfim, fico super contente por ter falado com ele e por ele ter falado comigo na boa mas claro que me deixou um pouco triste porque perdi aquela pequena esperança que todas nos desenvolvemos quando temos uma pequena crush, a esperança de ele poder ter algum interesse em mim. E para acrescentar a isto, descobri que o professor giro da minha escola (tambem conhecido como o homem da minha vida) é um professor substituto e se vai embora em Maio porque a professora que ele estava a substituir vai voltar. FIQUEI TÃO TRISTE, voces não têm noção. Parece bue parvo mas desenvolvi mesmo uma paixão enorme por aquele homem (sim, porque eu também descobri que ele tem 32 anos, mas ele parece tão jovem, dava-lhe uns 27 de aparencia) e saber que apartir de maio ele vai desaparecer da minha vida é tãooooo triste :(

a vida é uma merda

mas nem tudo é mão, visto que na sexta-feira passada eu estava no pavilhão dos professores com umas amigas minhas a falar sobre ele e quando ele passou por nós, ouviu-me a dizer que se pudesse inscrevia-me na disciplinada de geografia só para o ter como stor. E ELE RIU-SE. fiquei tão contente crl, é que eu quero mesmo que ele saiba, que literalmente oferecer-me xD

mas bem, chega da minha vida, mas já que estamos a falar nisto, a pergunta de hoje (que não é bem uma pergunta) é: descrevam a vossa crush, ou as vossas crushs, caso tenham mais que uma. as minhas ja sabem, é o professor e o rapaz mauzão de quem vos falei em cima. 

love you so much ♡

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