7.

6.3K 459 282
                                    

Dedico este capítulo à pinguim_hemmings ღღღ obrigada por todo o apoio!

– Aurora

Estava sentada à lareira a ler Um Dia Perfeito, de Nora Roberts, enquanto ouvia o som relaxante da chuva que começava a cair com pouco intensidade quando a minha avó veio desesperada à janela.

"Ai, deus me acuda, que está a chover!"

"Calma avó, é só água." Disse de modo sarcástico.

Ela olhou para mim com um ar triste e depois enterrou o rosto nas mãos. Fiquei alarmada, ela parecia fraca.

"O que se passa avó? O que é que tem a chuva?" Levantei-me e fui ao seu encontro.

"A colheita de feijões estava a secar... não esperava este tempo hoje. E agora foi-se tudo."

"Não dá para ir lá cobri-la?" Perguntei.

"Não posso arriscar uma constipação, o médico disse-me que facilmente poderia tornar-se numa pneumonia."

"Eu posso ir lá, diz-me aonde esta que eu vou lá."

"Deixa, deixa. Já não vale a pena." Ela fez uns gestos com as mãos e desandou. "Eu vou mas é ajudar o teu avô na loja que com este tempo não há nada a fazer."

Ela desapareceu para o corredor, com o mesmo ar cabisbaixo com que veio. A minha preocupação com ela manteve-se mas não fazia o que podia fazer, eu não entendo nada do que ele faz no quintal.

"Até logo Aurora, se precisares de alguma coisa liga-me." Ela falou do hall de entrada.

"Adeus avó!"

Voltei a mergulhar na leitura, a chuva tinha engrossado. Com a ajuda daquele som que me relaxava, rapidamente esqueci o mundo que me envolvia.

Nas sombras em movimento, sob a luz dourada e o aroma errante, ela estava deitada na cama, virada para ele, com a cabeça apoiada no braço. Fizera qualquer coisa ao cabelo, algo elegante, e escurecera exoticamente os olhos e os lábios. E no seu longo e maravilhoso corpo havia porções minúsculas de renda preta.

– Isto – disse ela passando a mão livre pelo corpo –, é La Perla.

– Oh, obrigado.

Ela chamou-o com um dedo.

– Porque não vens até aqui e vês mais de perto?

Ele caminhou até junto dela

– Tiras-me a respiração. – Ele sentou-se e percorreu-lhe o corpo com a mão. – Usavas isto na outra noite?

– Sim.

– Se eu soubesse, nunca terias conseguido chegar ao carro.

– A sério? Porque não me mostras o que terias feito, se soubesses?

Nesse preciso instante, ouvi barulho vindo do quintal. Fui até à janela da cozinha, pensando que fosse a minha avó a aventurar-se na chuva por causa dos tais feijões. Mas não era.

Passei pelo hall de entrada e abri a porta de casa. Ele, que estava a caminhar em direção à porta do quintal, viu-me de imediato.

"Hey!" Ele gritou fechando a porta do quintal.

Debaixo de chuva, ele sorriu-me como se tivesse tudo normal.

"És louco! O que é que estás aí a fazer?" Gritei do cimo das escadas.

Quando a Cidade se Apaixona pelo CampoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora