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 Dedico este capítulo à Vera_fm ღღღ obrigada por todo o apoio!

– Miguel

"Já está tudo Sra. Amélia? Já acabei de lavrar o terreno, está pronto a plantar! Mas agora está na minha hora, tenho que ir para a universidade daqui a pouco." Aproximei-me da senhora idosa que estava a ajudar naquela manhã.

"Muito obrigada Miguel, eu com estas dores de costas nunca conseguiria fazer isso sozinha ainda mais depois que o meu marido se foi... tem sido mais difícil ainda." A senhora diminuiu a voz à medida que ia terminando a frase, evidenciando a tristeza que aquela recordação lhe trazia.

"Não relembremos isso, eu estou aqui para ajudar e ajudo de boa vontade!" Passei a mão pelas suas costas num gesto aconchegador.

"Eu realmente não tenho como te agradecer. Por isso é que eu te queria dar uma coisa." Ela tirou o bolso da bata um pequeno molho de notas e estendeu-mo para que eu pegasse. "Eu sei que é muito pouco mas..."

"De jeito nenhum Sra. Amélia, toda a ajuda que lhe dou vem de coração, nunca aceitaria dinheiro seu quando sei que precisa muito mais dele do que eu."

"Para te ajudar com a faculdade, é o mínimo que posso fazer para te agradecer."

"Fazemos assim, se me quer agradecer, aceito uma das suas maravilhosas tartes de maçã, que lá em casa toda a gente adora." Peguei na sua mão que me oferecia o dinheiro e fi-la recuar.

"Mas..."

"Não se fala mais nisso, fico à espera da tarte! Agora tenho mesmo que ir."

"Tens um bom coração Miguel, és boa pessoa." A senhora idosa olhou-me com um olhar bondoso e afetivo.

"Sou apenas justo." Acariciei a sua mão que ainda segurava. "Falamos depois Sra. Amélia!"

"Adeus Miguel."

Caminhei pelo estreito caminho de terra que ligava à estrada e segui em direção a casa com o coração mais aconchegado por ter provocado o sorriso àquela senhora tão carinhosa. Ao passar pelo terreno dos senhores Ferreira, avistei a Sra. Maria e pensei imediatamente na Aurora. Tinham passado dois dias e o pensamento daquele beijo ainda andava as voltas na minha mente. Não conseguia parar de pensar na textura dos seus lábios, no sabor da sua boca mas sobretudo na adrenalina que senti quando nos tornamos num só. Bastou um clique para me sentir mais vivo que nunca.

Manter o contacto com ela era o meu maior objetivo neste momento. Sabia que eventualmente iriamos voltar a encontrar-nos, até porque somos vizinhos, mas não conseguia parar de pensar numa maneira de voltar a estar com ela. Era involuntário. E ainda tínhamos de pé o compromisso de lhe mostrar o resto das coisas bonitas por aqui. Contudo, este objetivo era extremamente difícil de concretizar, devido à minha timidez e falta de jeito. Como é que a iria abordar? De repente, fez-se um clique na minha mente e lembrei-me das novas tecnologias.

Podia pedir-lhe o número de telemóvel.

Provavelmente iria pôr os pés pelas mãos e acabaria por não conseguir. Foi então que voltei a olhar para a Sra. Maria e era como se tivesse descoberto a pólvora.

Fui ao seu encontro, entrando discretamente na sua propriedade.

"Com licença, olá Sra. Maria." Disse assim que me aproximei o suficiente dela. "Desculpe estar a incomodá-la."

"Oh, olá Miguel!" Ela, que estava de acocorada no chão a plantar couves, ergueu o tronco e levantou-se. "Não te preocupes, não incomodas nada! Precisas de alguma coisa? Oh, não me digas que tínhamos combinado alguma coisa e eu me esqueci!"

Quando a Cidade se Apaixona pelo CampoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora