25.

4.6K 272 73
                                    

Dedico este capítulo à PandaCelestial7 ♡♡♡ obrigada por todo o apoio!

  ♥ 

 – Aurora

"Aurora despacha-te!" Gritou a minha avó do hall de entrada.

Ao som do meu presente de natal, olhei-me ao espelho enquanto arranjava o meu cabelo pois hoje não se encontrava no seu habitual liso. Estava bastante frustrada porque fui obrigada a acordar cedo, vestir uma roupa toda pipi para ir à missa de natal, já que estou a viver numa aldeia onde as pessoas nem um palmo de testa têm e de cérebro muito menos, por isso sou obrigada a ouvir tretas católicas na próxima hora para não pensarem que a minha avó abriga uma criação diabólica em casa, ou seja, uma adolescente de 18 anos ateísta e com o cabelo pintado de rosa. Que monstro!

Quando finalizava de calçar os meus botins dei por mim a cantarolar ao som da playlist e percebi que por muito que aquilo me chateasse, não havia nada que pudesse estragar o meu humor hoje. Mal tinha dormido porque tinha tido o melhor natal da minha vida há algumas horas atrás e tornou-se um pensamento que não queria largar. Sentia o coração cheio e a mente leve, mas, como não me queria tornar lamechas ou confrontar-me com perguntas difíceis, bastava-me saber que tudo estava a correr bem e que eu ia fazer o que fosse preciso para que continuasse assim.

[...]

Devido ao meu pequeno atraso, quando chegamos à capela já estava toda a gente sentada nos bancos de madeira despidos e desconfortáveis, embora a missa ainda não tivesse conversado. Assim que começamos a percorrer a enorme tapeçaria vermelha à procura de um banco livre, um burburinho de fundo surgiu e todas as velhas beatas olharam para mim, comentando, previsivelmente, o meu cabelo rosa. Por favor, estejam à vontade.

Ficamos praí na quarta fila e, assim que me sento e absorvo o que se passa à minha volta, sou inundada por memórias do dia em que o Miguel me trouxe cá.

Passei os meus lábios pelo seu maxilar, deixando leves beijos na sua pele. Levei uma das minhas mãos até ao seu cabelo e deslizei os dedos por este, enquanto o voltava a beijar. A minha cintura estava por cima da sua, as suas pernas estavam afogadas na imensidade das minhas coxas grossas e as suas mãos deslizavam lentamente até ao meu rabo, puxando todo o meu corpo para o seu. As partes mais sensíveis do nosso corpo tocavam-se ocasionalmente, roçando uma na outra.

"Quero tanto sentir-me Miguel." Murmurei ao seu ouvido.

Senti um olhar intenso vindo das filas da frente do outro lado a igreja e, ao despertar dos meus pensamentos, vi o Miguel a olhar para mim à medida que a sua expressão facial se ia iluminando. Pela primeira vez em muito, muito tempo, senti as minhas bochechas corarem enquanto lhe acenava e sorria.

[...]

Sentia-me completamente desconcentrada. Eu e o Miguel não tínhamos parado de trocar olhares e sorrisinhos e as memórias que recuperei no início desta hora eterna não me saíam da cabeça. A minha avó tinha reparado no que estávamos a fazer várias vezes, mas, em vez de nos repreender, não disse nada. Boa, avó.

"Em nome do pai, do filho, do espírito santo, amém. Tenham uma boa semana, Deus vos acompanhe." Terminou, finalmente, o padre.

Assim que as pessoas se levantaram dos seus lugares e começaram a sair a minha felicidade foi instantânea e, não só por aquilo ter finalmente acabado, mas porque com certeza que os meus avós e os do Miguel iam ficar na conversa e isso significava que eu e ele também podíamos ficar.

Como tinha previsto, assim que já nos encontrávamos à porta da capela, esperamos um pouco até que eles vieram ao nosso encontro. Cumprimentamo-nos formalmente e antes que os nossos avós pudessem começar a conversar, o Miguel falou.

Quando a Cidade se Apaixona pelo CampoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora