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Dedico este capítulo à Crazyfrsims ღღღ obrigada por todos os comentários, por todas as conversas, por todos os elogios, por todo o apoio e por ter ganho mais uma amiga ღ

– Miguel 

O sol já baixava no céu, que escurecia lentamente. Tinha acabado de chegar da universidade e antes de entrar em casa, segui a pé pela estrada principal, que levava aos campos de cultivo, onde gosto de terminar os meus dias.

Passei pela parcela de terra destinada aos meus avós, que já não se encontravam lá. Assim sendo, os meus planos eram colher uma peça de fruta fresca e sentar-me num muro a olhar para o horizonte e ouvir o som da natureza enquanto saboreava o doce fruto.

Foi então que vi a Aurora. Ela estava sentada no muro de pedra que cercava o terreno dos seus avós. Tinha o que parecia ser um livro ou um caderno em cima das suas pernas e parecia concentrada e distante. O seu cabelo estava solto e os últimos raios de sol do dia incidiam em cima dele, tornando o rosa claro num tom mais vivo.

Caminhei em direção a ela. Depois da maneira como nos beijamos ontem não havia margem de dúvida que o desejo que eu tinha de estar perto dela era correspondido da sua parte. Ao aproximar-me dela, reparei que tinha os fones postos e senti-me hesitante por alguns momentos: se calhar não queria ser incomodada. De qualquer das formas não parei de caminhar em direção a ela, não conseguia evitar.

"Aurora." Falei baixinho quando cheguei perto dela. Pensei que ela não me iria ouvir mas ela olhou para trás.

"Olá Miguel." Ela tirou um fone do ouvido e sorriu-me. "O que andas a fazer?" Ela perguntou muito casualmente, sem qualquer embaraço.

"Vim ver se os meus avós ainda estavam aqui mas não os encontrei e depois vi-te e decidi vir dizer olá." Disse-lhe um pouco atrapalhado. "Posso fazer-te companhia?"

"Claro que sim."

Sentei-me ao seu lado no muro, deixando um pequeno espaço entre nós, suficiente para que os nossos corpos não se tocassem.

"Se calhar querias estar sozinha." Disse baixinho, quase num murmúrio, como uma incerteza.

"Não sejas idiota." Ela olhou para mim e sorriu. "Já te disse que gosto de estar contigo."

Lancei-lhe também um sorriso e reparei no caderno que ela tinha ao seu colo. As folhas eram brancas e tinham textos rabiscados a lápis.

"Escreves?"

Ela olhou também para baixo, percebendo que eu estava a falar do conteúdo do caderno.

"São só uns rascunhos."

"Posso ler?" Pedi.

Ela entregou-me o caderno, sem pronunciar mais palavras.

Estava escuro, ela não conseguia ver nada; o vento era o único som que se ouvia, ela estava assutada. De repente, ela ouviu a voz dele, chamava o seu nome. Passava da meia-noite, nem ela sabia onde estava mas ele tinha conseguido encontra-la. Ele correu ao seu encontro, visto que ela estava estática. Quando a tomou nos seus braços, ela inalou o seu cheiro e sentiu-se em casa, completamente protegida. As suas mãos deslizaram até à face do rapaz, seguraram o seu rosto para que pudesse beijar os seus lábios como se ele fosse dela. Naquele momento ela sentiu que eles se pertenciam, de facto.

O texto era confuso; não conseguia perceber se transmitia felicidade, pelo encontro dos dois jovens, ou tristeza, por não pertencerem um ao outro como desejavam. Mas uma coisa era certa, transmitia emoção, sentimento e tinha sem dúvida potencial.

Quando a Cidade se Apaixona pelo CampoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora