9.

5.3K 430 267
                                    

Dedico este capítulo à leehalves15 ღღღ obrigada por todo o apoio!

– Aurora

Entrei no quarto e deixei-me cair na cama. O tédio que sentia naquela tarde era tão grande que se fosse visível chegava até ao outro lado do mundo. Há três dias que passava os dias a dormitar no sofá e só me levantava para ir comer. Hoje recusava-me a passar o dia no mesmo inferno.

Lembrei-me do Miguel. Na verdade, não me podia lembrar dele porque nunca o tinha esquecido, ele está constantemente presente nos meus pensamentos. De qualquer das maneiras, tinha saudades de estar com ele e por isso mandei-lhe mensagem.

Aurora: Olá Miguel

Miguel: Olá Aurora

Aurora: Então, é hoje que me mostras o resto da aldeia?

Miguel: Estou a fazer um trabalho para a faculdade, não vai poder ser hoje, desculpa

Aurora: Não faz mal, só mandei mensagem porque não queria ficar mais um dia em casa

Aurora: E porque estava a pensar em ti

Miguel: Bem, podes vir cá a casa. Assim fazemos companhia um ao outro

Aurora: Não te quero distrair

Miguel: Eu quero que venhas

Não havia mais nada a dizer, peguei no casaco e saí. Caminhei uns 20 metros até ao final da rua e estava na sua casa. Era uma vivenda regular, do mesmo género de todas aquelas que se encontravam nesta região. As paredes estavam pintadas de azul acinzentado e tinham um pequeno jardim frontal que tinha uma grande variedade de bonitas flores. Ele abriu-me a porta antes que eu pudesse bater à porta, deve ter-me ouvido a chegar.

"Olá Aurora, podes entrar."

Subi o par de degraus até à porta e entrei na habitação. Depois de fechar a porta, encaminhou-me por um corredor que tinha várias molduras com fotografias.

"És tu?" Perguntei-lhe em relação a uma fotografia de uma criança com os seus 2 anos, que estava apenas sentado no chão, de fralda.

"S... sou." Ele disse embaraçado.

"Eras fofo." Fiz uma pausa e olhei para ele. "Ainda és."

Levou-me até ao seu quarto. A primeira coisa que notei foram os grandes quadros e fotografias de paisagens que estavam afixados nas paredes brancas. Havia uma cama de casal no meio do quarto, de um dos lados estava uma pequena mesa-de-cabeceira; do outro, uma secretária com vários papéis empilhados e anotações coladas na parede. Numa das paredes uma janela quadrada deixava entrar luz suficiente para iluminar toda a divisão; na parede oposta estava um roupeiro com duas grandes portas de vidro e uma estante com livros e CDs ao lado. Era um quarto simples, com os seus toques de personalidade que lhe dava um aspeto mais moderno.

"Desculpa, não te vou poder dar muita atenção, tenho mesmo que acabar isto." Ele disse sentando-se na cadeira da secretária, em frente ao computador.

"Não tem problema. Importaste que eu veja as tuas coisas?"

"Está à vontade."

Fui de encontro àquilo que mais me interessava, a estante. Analisei cuidadosamente a sua seleção de livros: a maior parte eram livros de geografia, os restantes faziam parte da literatura clássica.

"Gostas de ler?" Perguntei-lhe.

"Gosto mas não o faço com muita frequência."

Observei agora a sua mesa-de-cabeceira. Ao lado do candeeiro estava uma miniatura de Nossa Senhora de Fátima e um terço.

Quando a Cidade se Apaixona pelo CampoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora