11.

6.2K 422 193
                                    

Dedico este capítulo à bib2000 ღღღ obrigada pelo apoio!

  ♡  

– Aurora

Estava sentada no fundo das escadas da minha casa, a apanhar o pouco sol que lá batia. Os dias tinham estada cinzentos e frios, hoje tinha finalmente descoberto as nuvens por isso aquele bocadinho de calor já me deixava mais animada, só por não ter que passar o dia fechada em casa.

Abro os olhos quando oiço passos cada vez mais perto e vejo o Miguel a aproximar-se.

"Olá Aurora."

"Olá Miguel."

"Estás ocupada?" Ele perguntou.

"Parece-te?" Perguntei com uma risada, ele riu-se também e sentou-se ao meu lado.

Olhei para ele e reparei que estava mais arranjado de que o habitual, devia ter vindo da universidade. Vestia um polo azul com uma camisa aos quadrados por baixo, uns jeans cremes e uns vans castanhos. O seu cabelo estava naturalmente despenteado e os seus olhos pareciam ainda mais claros com a luz do dia.

"Vieste da universidade?" Perguntei.

"Sim, cheguei à pouco. Tive umas aulas exaustivas, não tenho energia para fazer mais nada hoje." Ele disse com um sorriso tímido.

"Podias ir dar um passeio, nesse caso. Ainda tens o teu acordo pendente." Falei a sorrir.

"Como me podia esquecer? Tinha justamente pensado em mostrar-te a capela da aldeia mas como me disseste que não és crente pus essa hipótese de lado."

"Se ma queres mostrar é porque é significante para ti e por isso eu quero ir."

Seguimos por estradas estreitas e mal alcatroadas; neste fim do mundo quase não existiam estradas e as que existiam davam para passar um carro apenas e não estavam muito bem estruturadas. O caminho era ainda mais ingreme do que o que tínhamos feito até à cascata, era como se estivéssemos a subir uma colina até ao topo. A paisagem continuava a mesma: vegetação, terrenos, vegetação outra vez e mais terrenos.

Chegamos a uma igreja pequena e antiga. Tratava-se de uma edifício de arquitetura antiga, pintado de branco, bastante ornamentado e com grandes portas de madeira envernizada. No topo, tinha uma cruz de bronze.

Pelas traseiras do edifício, fomos dar a uma pequena porta de madeira velha. Ele tirou um porta-chaves do bolso das calças e introduziu uma das chaves na fechadura da porta.

"Tens a chave da igreja?" Perguntei surpreendida.

"Tenho uma cópia. Em tempo fui acólito e ocasionalmente ajudo no que é necessário por isso acabei por ficar com a chave." Ele abriu a porta, entramos para uma pequena sala. "Tirando o horário das missas, os domingos e os dias especiais, raramente está cá alguém por isso por vezes gosto de vir para cá."

Aquele espaço era um pequeno quadrado, rodeado de mesas atulhadas com objetos religiosos: bíblias, cartilhas, cruzes, cruxifixos, terços. A minha tendência ligeiramente satânica fez-me querer vomitar a olhar para tudo aquilo mas lembrei-me que estava ali pelo Miguel e porque queria ouvir e compreender o seu ponto de vista, por isso mantive a minha serenidade.

Passamos por uma entrada feita na parede espessa, que dava até ao interior da capela. Era um espaço pequeno; no centro existia uma série de bancos organizados que deviam levar cerca de 100 pessoas; dos lados tinha várias representações em barro de santos venerados por aquela religião, bastante realistas e ornamentados; no teto estavam pintadas representações aquilo que seria o céu, com santos e anjos em movimento; por fim, a parte mais importante daquele santuário: o altar era pequeno e não muito destacado do resto do espaço, diferenciava-se pela grande representação de Jesus crucificado envolta com panos finos, flores decorativas e detalhes em ouro; um pouco mais à frente, uma mesa de mármore coberta com um pano branco comprido tinha um pequeno microfone e grande livro vermelho, seguro com um suporte.

Quando a Cidade se Apaixona pelo CampoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora