Esforço-me ao máximo para me recompor, faço os possíveis e impossíveis para deixar as lagrimas para trás, para tentar esquecer a dor interior que me comia a cada minuto. Uma réstia de mim dizia-me ainda para continuar a lutar, para me manter forte mais uma vez, o problema é que a parte do meu corpo que me gritava isso, era muito pequena, como um grão de areia na imensidão da praia. Tento controlar a minha respiração, sou bem sucedida, sinto o ar a entrar nos meus pulmões com mais facilidade. As minhas mãos, outrora trémulas e suadas, começam a funcionar normalmente. Um último esforço, um último esforço para manter a minha mente sã. Não consigo evitar, o meu pensamento está somente em Harry, tento enxotar isso para bem longe. A questão é se eu quero realmente enxotar o Harry para fora da minha vida... Eu penso que é o mais correto a fazer... Durante toda a minha vida tentei ajudar os outros, pondo-me sempre em segundo lugar, agora está na hora de me preocupar comigo. Quanto mais depressa eu esquecer este assunto melhor... Pergunto-me se serei capaz de fazê-lo. Sinto-me uma toxicodependente a querer entrar em reabilitação... Eu quero tanto largar esta droga de nome Harry, mas esta droga faz-me sentir tão bem, mesmo sabendo que me prejudica, mesmo sabendo que é ma para mim, que altera todo o meu organismo...
Levanto-me do chão do meu escritório e inspiro fundo, passo a manga da minha camisa pela minha cara, tentando apagar todos os vestígios de lágrimas. Considero a acção praticamente impossível visto que os meus olhos estão vermelhos vivos, um claro sinal de que estive a chorar. Um 'bater à porta' desperta a minha atenção, corro até à minha secretária e sento-me por trás do computador, fingindo que está tudo bem, fingindo que nada se passa.
"Entre..." A minha voz sai num sussurro.
Vejo a figura de Louis a aparecer do outro lado da porta, o meu corpo enche-se de alívio pois não terei que fingir, considero Louis um amigo... Ele entra e fecha a porta, mas não vem na minha direcção. Ambos ficamos a olhar-nos durante longos segundos, Louis está à espera que eu quebre novamente, embora não tenha presenciado o meu 'ataque psicótico' percebe rapidamente que não estou bem, que não estou nada bem. Quando dou por mim já tenho lagrimas a escorrer pela minha cara de novo, soluços saem da minha boca. Ando em passo apressado para o jornalista, este abre os braços para me receber, choro no seu ombro durante algum tempo.
"Eu, eu não sei como é que isto foi acontecer..." Digo com dificuldade.
"Nós vamos resolver isto, tudo vai ficar bem." Consola-me.
"Era sobre isto que me estavas a alertas esta manha?" Levanto a minha cabeça do seu ombro e encaro-o.
"Sim, era..." A sua voz sai trémula, como um tentei avisar-te.
"Alguém está a tentar tramar-me, alguém quer arruinar a minha vida." Quebro o abraço e começo a andar nervosa de um lado para o outro, os olhos ainda brilhantes e molhados.
"Hey calma, nos vamos dar a volta por cima... E apenas uma notícia, foi apenas um jornalista idiota" Diz tentando animar-me, parando assim que assimila as palavras na sua cabeça, ele acabou de chamar um colega seu de idiota.
"Não Louis!" Grito alterada. "O problema é que não foi só a notícia..." Digo num murmúrio, rezando para que Louis não tenha ouvido a minha declaração.
"April, o que não me estás a contar?" Louis avança até mim, com um ar sério, a verdade é que ele quer ajudar-me. "Não foi nada..." Desvio o assunto. Baixo a cabeça, evitando ao máximo o contacto visual.
Louis agarra no meu cotovelo, não de uma forma bruta, apenas quer que eu o encare. Puxa o meu cotovelo, de maneira a que eu me aproxime dele, a sua mão puxa o meu queixo para cima.
"Diz-me, April." O seu tom de voz é calmo e suave.
"Hoje de manha, encontrei um bilhete no chão da minha casa, alguém o mandou pela fresta da porta." Paro para ganhar coragem, Louis encoraja-me. "O bilhete dizia: Declara Harry Styles culpado de uma vez, não o ajudes. Se ele não morrer April, és tu quem morre. Não dei grande importância ao bilhete, mas agora, agora acho que alguém me quer fazer mal. Louis, eu tenho medo..." Volto a chorar no ombro do meu amigo, um pouco mais aliviada por ter desabafado. Mas não totalmente leve, o assunto 'Harry' ainda pesava toneladas, mas esse assunto não podia desabafar com ninguém, esse assunto apenas pode permanecer comigo.
"Shshs calma..." Passa a mão pelas minhas costas. "April, tu tens que apresentar queixa na polícia, uma ameaça de morte, é grave e serio."
"Não por favor, Louis... Eu já tenho problemas suficientes, da maneira como a imprensa está isso ia saber se em segundos, eu não quero isso. Por favor promete, que não vais a polícia e que não dizes nada a ninguém." Olho-o, ele suspira em desagrado.
"Eu prometo... Apenas tem cuidado." Pede-me.
"Eu irei ter..." Dou um fraco sorriso, é o melhor que consigo fazer neste momento.
O silêncio que se instalou é interrompido pelo telefone a tocar na minha mesa de trabalho, olho para Louis, limpo a cara com a manga da minha blusa e respiro fundo, carrego no botão que me faz atender a chamada e coloco o auscultador na minha orelha.
'April?' A voz insegura de Naomi surge do outro lado da linha.
'Sim, Naomi?'
'Desculpa incomodar, mas o chefe pediu que fosses ao seu gabinete. Disse que era importante e que não demorasses muito...'
'Obrigada, estarei lá em minutos.' Suspiro fundo, sabia que mais tarde ou mais cedo isto ia acontecer...
'Ah e, April?'
'Sim?' Estremeço com o receio das suas palavras, mais más notícias não por favor.
'Boa sorte.' Quase a imagino com um sorriso caloroso do outro lado da linha.
'Obrigada, bem vou precisar.' Agradeço pousando o auscultador.
"Então?" Louis pergunta expectante, desesperado para que eu lhe diga alguma coisa.
"O meu chefe chamou-me, quer falar comigo..." Suspiro à beira do desespero, a ansiedade como me por dentro.
Louis avança até mim, coloca as mãos sobre os meus ombros, sorri-me, credo, como eu acho este sorriso tão fofo. Ao longo do tempo, eu e Louis temo-nos conhecido melhor, no inicio era apenas uma pessoa com quem eu partilhava as minhas descobertas, agora é um amigo.
"Vai correr tudo bem. Limpa essas lagrimas e sê forte, tal como tu és. Não deixes que isto te deite abaixo, independente daquilo que o teu chefe disser, lembra-te da excelente advogada que és." De novo o sorriso, de novo o olhar de compaixão. "Eu vou andando, preciso de voltar para a redacção, mas assim que puderes, liga-me. Diz-me como correu." Beija o topo da minha cabeça e sai, mas não sem antes piscar-me o olho, o que me fez rir. Objectivo cumprido, Louis.
Assim que ele sai, começo a tentar reunir toda a minha coragem. Preocupa-me o que o meu superior me irá dizer, é claro que algo positivo não é de certeza, mas disso eu já estou à espera. Preocupa-me é as consequências que irei ter. Não posso adiar muito este pesadelo, isso só iria enfurecer mais o meu chefe, visto que ele pediu que não me demorasse.
Saio do meu escritório e tento ao máximo ignorar todos os olhares. Caminho com passos vagarosos pelo corredor que leva até ao gabinete do meu superior. Um formigar apodera-se das minhas pernas, pequenas gotículas de suor colam os meus cabelos à minha testa, as minhas mãos transpiram como nunca transpiraram. Estou nervosa, estou muito nervosa. Paro em frente à porta de madeira escura, onde está escrito "Mr. Brown". Respiro fundo e sem pensar muito dou com os nós dos dedos na superfície de madeira, mas levemente, esperando que ninguém responda do outro lado da porta.
"Entre." A voz de Mr. Brown ecoa. A minha mão vai à maçaneta da porta, rodo-a.
"Mandou chamar?" Pergunto mesmo já sabendo a resposta.
"Sim, entra." Diz rude. "Senta-te." Aponta para a cadeira à frente da sua secretaria.
"É sobre a noticia de hoje, não é?" Pergunto embora já saiba a resposta novamente.
"Receio que sim." Senta-se a minha frente com o habitual copo de whisky na mão, dá um gole.
"Quero que saiba que é tudo mentira, nada do que aqueles jornalistas disseram é verdade." Bem, a fotografia é verdade, mas decido guardar isso para mim.
"Bolas, April!" Grita batendo com a mão no tampo da mesa. O seu humor mudou totalmente. "Não me interessa se a notícia e verdadeira ou não. Tu tens noção do quanto o nome desta firma ficou manchado?!"
"Eu, eu sei... Peço desculpa por isso." Estou à beira de lágrimas.
"Cala-te!" Exclama. "Receio ter que tomar medidas." Baixo o olhar, não quero manter contacto visual.
"Mr. Brown, por favor, eu prometo que isto não volta a acontecer." Os meus olhos estão vermelhos.
"Basta April! Já tomei a minha decisão." Bebe outro golo. "Vou passar o 'Caso Styles' para outro advogado. A partir de hoje, estás fora do caso."
Receio não ter ouvido bem... Ou será que ouvi? Não! Não me podem tirar o Harry. Não! Tudo menos isto... O Harry precisa de mim, eu preciso de Harry. Outro advogado não o ira entender, outro advogado não conseguira resolver o caso e... E Harry vai morrer. As lágrimas que eu tentava controlar, escorrem agora pelas minhas bochechas. O meu peito está pesado, o meu coração apertado.
"Não! Por favor não faça isso, tudo menos isso." Imploro ao meu superior. Este dá uma gargalhada sarcástica pouco se importando comigo.
"Tens sorte por eu não te estar a despedir neste momento! Hoje até ao fim do dia quero o processo, as pistas, tudo o que pertence a Styles, na minha secretária."
"Por favor..." Sussurro tão baixo que nem eu própria percebo se as palavras chegaram a sair-me da boca. "E o que irei fazer a partir de agora? No que irei trabalhar?
"Tens um novo processo." Atira-me um dossiê. "Separação e partilha de bens apos divórcio."
"O quê?! Eu resolvo casos de homicídios, eu trabalho com assassinos, não divórcios!" Reclamo revoltada.
"April, podes sair do meu escritório. Não tenho mais nada a acrescentar."
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Ola meninas c: Desculpem a demora e bla bla bla bla eu sou sempre a mesma ahahah, nunca capaz de cumprir updates.
ºComo estão? Tá tudo a correr bem?
O que acharam deste capitulo? Gostaram? Tadinha da April... E agora? Como acham que a historia vai continuar, agora que a April foi retirada do caso? Comentem as vossas opnioes por favor :))
Votem e comentem, obrigada por tudo!
Bjs, ly all <3 <3 <3