Miguel
— Bela, eu sei que você ainda tem muito que discutir com Olivia, todos temos, mas você não vai conseguir nada dela, não agora. Ela esta chateada e irritada pelo maldito idiota, então vai pra cima de você com tudo para descontar toda a sua raiva e não vai dizer uma merda se quer. Então vamos focar no que realmente pode ser feito aqui agora, tudo bem? — confirma com a cabeça — Ótimo! Preciso que você arrume suas coisas, você acha que esta bem para fazer isso ou quer que eu faça para você?
— Eu consigo. — diz sem me olhar, ja seguindo em direção ao nosso quarto. Eu pego seu braço instintivamente a virando para mim, ouço seu suspiro cansado antes que ela me olhe. — Não é hora para isso Miguel e alem do mais acho que temos coisas muito mais importantes para resolver nesse momento do que o que... seja lá isso que esta acontecendo entre a gente.
— O que você quer dizer com isso?
— Serio? — ela bufa frustrada — Quer saber, se tem uma coisa que o dia de hoje me ensinou é que não conhecemos as pessoas de verdade, não tão bem quanto achamos. Acho que... — ela fecha os olhos rapidamente respirando devagar antes de voltar a abri-los e falar — acho que tudo foi rápido de mais entre a gente, no fundo não nos conhecemos direito, não de verdade.
— Claro que a gente se conhece! Sou eu Bela, você me viu desde o maldito dia que nós conhecemos, assim como te vi. Como você pode dizer uma merda dessa?
— Se a gente se conhecesse de verdade você estaria confiando em mim e eu poderia fazer o mesmo com você. Eu... eu acho melhor nos darmos um tempo, ver se esse sentimento entre nós é de verdade ou foi só mais um fruto de duas pessoas passando por momentos ruins juntas que acabam se apoiando uma na outra e confundindo essa gratidão com algo mais.
— Não! — a palavra sai de minha boca sem eu se quer pensar — Você não pode estar falando serio sobre isso? Você não pode querer usar toda essa merda com Olivia pra cima de mim.
— E o que eu estou jogando para cima de você Miguel? Me diz? Por que eu sempre fui muito clara sobre o que sinto, sobre o que penso e o que quero com você, mas você preferiu ignorar a maioria e agir somente da forma que você quer. Vamos ser honestos aqui, você se importa muito com o que as pessoas vão achar sobre nós, por que nossa ser dez anos mais velho que eu é um pecado, vamos pro inferno. — diz irônica, uma risada cruel saindo de seus lábios — Mas isso não é o pior de tudo, o pior é ver o quanto você me quer, mas luta com isso por causa dessas ideias pre concebidas na sua mente. Acha que nunca ouvi você falar com Erik sobre mim? Que nunca ouvi você dizer o quão ruim seria ficar comigo, por que eu sou nova, não aproveitei nada da vida, não vi o mundo, não fiz merda nenhuma, que... que eu preciso viver primeiro, ter experiencias para saber o que realmente quero. — Bufa!
— Que porra de experiencias a mais você quer que eu tenha? Você acha que depois de tudo que vivi vou ser como qualquer outra mulher que você conheceu? Que preciso sair fudendo trocentos caras para saber quando sossegar e querer só um? Que eu preciso conhecer o mundo para saber realmente o que quero? Que preciso beber, fumar, me drogar ou o caralho a quatro para poder finalmente ser uma adulta, para poder dizer que "eu tive experiencias", que "eu curti a vida". Me poupe Miguel! Quer saber, eu preciso de um tempo longe de você. Se quiser falar sobre os planos do que iremos fazer e qualquer coisa relacionada a isso eu estou aqui, mas quanto ao resto, só me deixa em paz ok. — ela se vira correndo para o quarto e fico ali parado sem saber o que dizer, por que... realmente havia algo para ser dito? Eu poderia argumentar contra isso? Não, eu não podia, por que no fundo sabia que tudo que havia dito era verdade.
Me viro e sigo até o amplo espaço que fizemos de base, abro as caixas dos equipamentos e começo a guardar dando tempo para Bela poder fazer suas coisas em paz. Faço tudo automaticamente, desligando os aparelhos, desplugando computadores, tomadas, cabos, drives, telas e todo o resto. Quando estava arrumando as ultimas caixas Erik aparece.
— Tudo bem por aqui? — Apenas assinto com a cabeça.
— Ei — Erik se aproxima me puxando pelo ombro — Eu sei que não esta nada bem, deu para ouvir você e Bela... conversando.
— Então por que perguntou? — rebato irritado — Desculpe! Só me ignora ok. Temos mais quanto tempo para sair em segurança?
— Umas duas horas se ele estiver vindo a toda velocidade.
— Ok! Eu... vou lá fora recolher os bloqueadores de sinal.
— Caio já foi, eu dei o mapa com os locais para ele.
— Quem ficou com Olivia?
— Pedro.
— É muita coisa para ele fazer sozinho. — digo já me preparando para sair.
— Ele da conta. — Erik me para — Agora você precisa do que irmão? Me diz como posso te ajudar.
— Eu não faço ideia — passo a mão pelo rosto — honestamente acho que não tem nada que possa ser feito.
— Sempre tem, mas vai depender de você. Vai deixar que ela esteja certa e desistir ou vai mostrar a ela que você a ama, que tudo que tiveram foi real, que confia e valoriza cada parte dela, cada ideia, cada ação, cada maldita palavra que sai daquela boca. Que valoriza sua historia, quem ela é e a ama por isso, por que tudo que aconteceu com Bela foi o que fez ela ser essa mulher incrível que você tanto admira e ama. Vou repetir novamente o que você me disse quando quase deixei Caio ir embora para sempre, "o medo só aparece quando você se importa, se não fosse importante, se não significasse algo, você não teria medo." e meu amigo eu posso te garantir, você vai se arrepender amargamente todos os dias da sua vida se deixar aquela menina ir embora — diz apertando meu ombro uma ultima vez e sai, parando na porta e me olhando uma ultima vez por cima do ombro.
— Espero que você tome a decisão certa, realmente espero, porque tem certas oportunidades na vida que só nos são dadas uma única vez, então melhor não arriscar deixa-la ir para depois se arrepender e descobrir que é tarde demais.
Erik sai e eu não me permito pensar em suas palavras agora, não ainda, mas elas haviam atingido seu ponto, isso pode ter certeza. Respirando fundo volto e acabo de ajeitar as coisas, levo tudo para a sala, caixa por caixa e quando não ha mais nada que possa fazer para enrolar sigo para o quarto. Bato na porta, mas ninguém responde então abro não imaginando o quanto ver o lugar vazio iria doer. O que eu esperava? Que ela estivesse aqui me esperando? Para que exatamente?
Me jogo no chão, bem ao lado da cama e me permito finalmente pensar e a única coisa que me vem em mente é...
Que diabos estou fazendo com a minha vida?
Havia uma enorme luta dentro de mim entre meu coração e a razão, uma gritava para que eu tirasse essa merda de autopiedade e fosse atras da minha felicidade, que eu não era a única pessoa envolvida nisso tudo então não tinha o direito de decidir por nós dois, porem a outra parte gritava mais alto ainda o quão injusto seria deixar Bela me escolher, que eu poderia acabar fadando nossa relação ao fracasso, pois ela iria acabar se ressentindo de sua escolha no futuro e perceberia tarde de mais tudo que perdeu ao me escolher.
Meu medo nunca foi por mim, sempre foi por ela. Eu iria sofrer como um filho da puta? Iria, mas sabendo que teríamos alguma chance no futuro. Por que esse sentimento que temos, essa ligação, esse encaixe tão certo, isso não é algo que simplesmente se acaba, se esquece. Não mesmo. Isso perdura por anos, por uma vida inteira, por que quando tem que ser não tem jeito. É o destino, o universo ou o que quer que você chame te conectando tão profundamente com alguém que fica marcado na alma, na sua essência e por mais que você siga em frente, sempre vai haver aquele sentimento, aquela parte chamando pela sua igual.
Eu não queria sentir isso, você acha que quero algum idiota perto dela, tocando aqueles lábios macios, acariciando sua pele sedosa, enrolando sua mão por seus longos cabelos, ouvindo aqueles gemidos deliciosos de prazer que ela solta, não mesmo porra! Eu queria tudo isso para mim, ou melhor, tudo isso já era meu, sempre seria, mas ela precisava viver por si, ter suas experiências. Bela nunca teve uma vida só dela, ela precisa finalmente se soltar, viver e não apenas sobreviver. Fico imensamente feliz de ter feito parte disso, de ter ajudado ela a ver certas coisas e finalmente vê-la se abrindo mais e mais a cada dia, mas não consigo seguir em frente com ela com esse medo dentro de mim.
Como posso correr o risco de toda essa impulsividade não ser resultado dos sentimentos enlouquecidos e conflitantes do primeiro amor. Me lembro como era estar apaixonado pelo primeira vez, o quão intenso e certo tudo parecia ser, me lembro em como acreditei que seria para sempre, que tudo era certo, definitivo, perfeito e eterno... até não ser mais.
Foi doloroso quando chegou ao fim, talvez por que todas as primeiras vezes sejam dignas de serem memoráveis ou talvez por que quando amamos pela primeira vez vamos sem expectativas, sem bagagem, sem medo, sem receios, apenas... nos jogamos esperando o melhor.
Deus! Eu estava fodido, essa era a única certeza que eu tinha no momento, por que de resto...
Me levanto, mentalmente e emocionalmente exausto, não podendo gastar mais nenhum minuto me torturando por algo que eu não poderia fazer nada a respeito no momento e começo a guardar todas as minhas coisas, quando enfim guardo o ultimo par de roupas dentro da mochila me sobressalto ao ouvir vozes elevadas vindo do lado de fora do quarto.
— O que diabos esta acontecendo agora? — pergunto correndo até o quarto de Olivia de onde percebo vir toda a confusão.
Bela e Caio estão ajoelhados no chão aparando uma pálida Ana, enquanto Erik ajuda Pedro segurando uma toalha em sua cabeça que esta coberta de sangue.
— O que aconteceu? Onde esta Olivia? — pergunto olhando por todo o quarto, rezando que ela estivesse presa no banheiro ou algo assim.
— Ela fugiu — Ana diz as lagrimas, o rosto se contorcendo de dor.
— O que você tem? — pergunto preocupado me abaixando ao seu lado, Ana abre a boca para responder, mas rapidamente a fecha ofegando de dor.
— A pressão dela esta nas alturas e ela esta com tendo cólicas. — Caio diz e olho para ele ele pânico.
— Me desculpe Miguel — funga — eu não queria ter feito isso, é tudo minha culpa. — choraminga — Eu precisava saber se aquilo era tudo um teatrinho ou era verdade. Eu não podia acreditar que a menina doce que eu conhecia na verdade era aquele ser cruel que vi hoje.
— Não se preocupe com isso agora Ana, o importante é o seu bem e o do bebê. O que nós precisamos fazer Caio? Leva-la ao hospital? Chamar um medico? Porra, me fala o que for preciso que faremos.
— Como não esta tendo nenhum sangramento, acho que o ideal nesse momento seria o máximo de repouso possível e ficar de olho nessa pressão para garantir que tudo esta se normalizando.
— Certo, mas qualquer coisa me avisa que saímos daqui imediatamente.
— Claro.
— Eu não gosto disso. Acho que seria muito mais seguro se me tirassem o mais rápido daqui. — Bela diz me olhando seriamente — Você sabe que ele só quer a mim, se ele perceber que não fugi, não vai fazer nada com vocês então vocês podem ir com segurança para o hospital e obter ajuda para Ana e o bebe.
— Não! — Ana grita em meio a um gemido de dor — Nada disso! Ou fazemos tudo juntos ou nada feito.
— Isso mesmo amor — Pedro diz se aproximando de Ana, segurando firme a mão da esposa — além do mais ele deixou claro que se você não o obedecer ele tinha alguém em mente para usar para te fazer mudar de idéia.
— Seria arriscado de mais, quem garante que ele não usaria um de nós para faze-la voltar e ir embora com ele? — Erik completa.
— Vocês estão certos. — Bela soa derrotada — então ficamos e lutamos, juntos. — ela olha para mim desafiadoramente, eu apenas dou um leve aceno com a cabeça concordando e me virando rapidamente para Pedro.
— O que houve com sua cabeça?
— Olivia me acertou com o abajur, parece que ela é mais esperta do que pensávamos, mas estou bem.
— Tem certeza?
— Tenho sim. E você meu amor, certeza que esta bem? — ele diz olhando preocupado para Ana.
— Estou bem querido, me desculpe. Eu não deveria ter vindo aqui e ter tirado satisfação, eu estava tão puta, tão chateada... eu não pensei. — chora novamente, caindo nos braços do marido.
— Não se preocupe com isso Ana, nós agora temos mais informação do que ja tivemos nisso tudo, então sabemos o que procurar. Deixe Olivia achar que venceu essa rodada, que ela esta a salvo.
— Mesmo assim eu...
— Nada disso, nada de mais nem meio mais. Você agora só tem uma obrigação, se acalmar e ficar boa, dai vamos sair daqui para nosso lugar alternativo. E quando chegarmos lá vamos procurar um medico para você imediatamente, então com tudo certo, vamos nos das uns dias para acalmas os ânimos, relaxar e bolar um plano para finalmente derrubar esse filho da puta de uma vez por todas.
— Estamos realmente confiando nele de que Bela esta segura?
— Não vejo por que não cara. Toda aquela chacina foi obra dele pelo visto e como ele mesmo disse ele fez tudo para deixar Bela segura, facilitando nosso trabalho, então creio que nossa única preocupação agora seja ele.
— Certo, mas mesmo assim vou continuar de olho.
— Sempre irmão. Não podemos levar nada como certo. ainda mais se tratando desse miserável
****
--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Hello meus trevozinhos!
Tudo bem com vocês?
Desculpem não ter postado na semana passada,
mas um idiota derrubou o post da rua e deixou toda a rua sem internet e telefone por uma semana - aaaaaafff!!
Maaas... agora que a net voltou \o/ temos capitulozinho para vocês,
antes tarde do que nunca certo?
Gostaram? Me conta nos comentários vai e
claro, não deixe de chamar seus amigos para conhecer essa minha
historia maluca e me dar uma forcinha.
Bem... bora lá pessoa \o/
Conto com vocês hein!
Bora dar um Up nessas leituras.
Nos vemos em breve.
Não me abandonem.
Beijos
Mry
❤️