EXTORSIONÁRIO [L.S]

Galing kay trouxapeloharry

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EXTORSIONÁRIO: aquele que prática extorsão. Extorsão é o ato de obrigar alguém a tomar um determinado compor... Higit pa

aviso.
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prólogo
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bonnie & clyde 🎥
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epílogo
nota final & agradecimentos.
depois do fim
trailer final
🤍
Ebook de extorsionario (parte 1)

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Galing kay trouxapeloharry

Queria dedicar esse capítulo para o meu amor wallsatsunset que fez essa capa linda para extorsionário, além das outras inúmeras artes que ela faz para mim. Inclusive as capas para os livros de House Cleaner e Relutante. Obrigada por ser perfeita como você é, Jô e obrigada por me presentear com o seu talento. 💙

Denver, Colorado.
Março de 2019.

Nos últimos meses eu tive a sensação de estar me afogando. Era tão desesperador. Eu me debatia por baixo d'água tentando a todo custo fazer com que meu corpo boiasse, mas quanto mais eu tentava, mas eu me afogava. Meus pulmões imploravam por ar, meu coração bombeando rápido, meu corpo começando a ficar dormente, meu peito se comprimindo em uma pressão dolorosa. Eu tentava de tudo para emergir, mas não alcançava a superfície. Tentei me manter parado para flutuar, mas isso só me arrastava mais para o fundo. Eu já estava me entregando, me deixando ser levado para a profundeza do rio, era o fim da linha para mim, eu estava sem ar. Estava desfalecendo quando senti meus braços serem guiados para superfície e eu finalmente puxei o ar: fresco, puro, vitalizante. Inspirei com toda a força fazendo com que meus pulmões fossem inflados de ar, me devolvendo a vida que eu estava prestes a perder.

Eu achei que morreria. Mas estou vivo.

Eu poderia dizer que Louis é o meu ar, o que ele é, sem sombras de dúvidas. Mas Louis também é o meu rio. Ele me afoga e me salva. Ele mata e me faz viver. Ele é o meu pior veneno e o meu melhor antídoto.

Solto um suspiro e disparo na estrada. Meus sentimentos estão todos embaralhados, consumindo e martelando cada célula do meu corpo.

Olho para o banco de passageiro por um breve instante vendo o anel de plástico quebrado. Eu não consegui deixá-lo para trás. Eu tive que pegá-lo na calçada.

É tudo tão surreal e absurdo que às vezes acho que eu estou em devaneio contínuo.

Acho que Deus me puniu por ter tido por um breve instante um pensamento suicida. Eu quis saber como era morrer… e eu soube. Eu morri e renasci tantas vezes nesse tempo que agora não sei mais o que é viver. Eu apenas morro e revivo.

Não vou negar que eu sinto meu coração completamente renovado por saber que Louis está vivo. Aquele filho da puta me tira tudo e me devolve num piscar de olhos. Nada é constante com Louis. Ele sempre me leva ao extremo.

Meu coração está tão acelerado. Meu corpo inteiro arrepiado. Seu gosto ainda brinca em minha boca. Seu cheiro ainda dança em minha pele. Eu estou tremendo de frio por estar com a roupa molhada de chuva. E eu não sei ao certo  como me sentir. 

Desvio da estrada e sigo outro caminho. Eu preciso conversar, eu preciso desabafar, eu preciso contar isso pra alguém, caso contrário irei enlouquecer. Só existe uma pessoa no mundo que eu confio para segredar isso. Sigo na rua até parar em frente à casa pequena e escura. Eu sei que está tarde, mas eu não consigo guardar isso até amanhã. Desço do carro sentindo o vento frio pós chuva atingir meu corpo e caminho a passos largos abraçando o meu próprio tronco, tocando a campainha. Meus lábios começam a tremer e eu não sei ao certo se é de nervoso ou se é só pelo frio. Talvez seja uma mistura das duas coisas.

Toco a campainha mais uma vez, levemente ansioso e impaciente e a porta se abre. É Amélia quem atende, e percebo que ela provavelmente estava na cama, já que está enrolada em um roupão de seda branco. Seus olhos surpresos param em mim antes dela me comprimentar meio sem graça.

"Oi, Harry." Ela diz com a voz suave.

"Oi, Amélia. Eu te peço mil perdões. Sei que é tarde da noite, mas eu preciso muito falar com o Niall. É urgente. Ele está?"

"Claro. Pode entrar. Ele está no banho, eu vou chamá-lo." Ela diz e abre espaço para que eu entre.

Ela me guia para o pequeno cômodo no andar de baixo, que é usado como escritório do Niall e eu me sento na poltrona. Batuco meus dedos nervosos em minha calça úmida enquanto espero. Meu coração parece que vai sair pela boca a qualquer momento e eu respiro devagar e profundamente tentando me acalmar.

Niall aparece na porta do escritório instantes depois, a fechando logo em seguida enquanto caminha em minha direção. Ele usa apenas uma cueca samba canção preta de cetim e os cabelos estão levemente molhados.

"Eu espero que o que você tenha pra falar comigo seja muito importante mesmo. Eu estava pronto pra dar uma rapidinha. E você está empatando a minha foda."

Não presto muita atenção no que ele diz e olho para ele com os olhos levemente arregalados quando ele se senta na cadeira de frente a mim.

"Louis está vivo." Disparo, não conseguindo me conter.

"Oi?" Ele franze as sobrancelhas me olhando.

"O Louis está vivo." Reintero.

"Você está bem, Harry? Bebeu alguma coisa? Foi drogado? Tomou uma dose exagerada de zolpidem?"

"Eu pareço estar alucinado, Niall?" Digo irritado passando a mão pelos cabelos. "Você realmente acha que eu ia brincar com isso?"

Ele fica em silêncio, parecendo me analisar por um instante. Sei que soa absurdo, mas é a mais pura verdade. Ele parece reparar o meu semblante que não tem nem um traço de brincadeira, e então um vinco se forma entre suas sobrancelhas.

"Ele tá vivo?"

"Eu já falei que sim, caralho." Me levanto da poltrona e começo a andar em círculos pela sala. "Eu acabei de sair do restaurante onde o suposto sósia dele era chefe. Mas adivinhe? Não existia sósia algum. Era o Louis o tempo todo, e ele me contou tudo. Ele forjou a própria morte e mudou de identidade. Zayn era fachada. Ele nunca foi bandido, por isso nunca teve ficha criminal. Louis matou um dos presidiários. O corpo que foi achado nunca foi o dele. E olha que isso é só um resumo."

Olho para Niall e ele me encara de boca aberta, parecendo absorver tudo o que eu acabei de dizer. Ele pisca os olhos lentamente parecendo um pouco perdido e ergue as sobrancelhas. Percebo a perplexidade de Niall e então continuo:

"Um detento tentou estuprá-lo e Louis o matou. Eu soo doente se eu disser que eu fiquei feliz com isso?" Não espero a resposta de Niall e balanço a cabeça. "Não com o quase estupro, claro que não… meu Deus, não. Eu quase morri quando ele me contou, meu coração ficou do tamanho de um grãozinho de areia. Mas fiquei feliz por ele ter matado o cara. Assim como fiquei feliz por ele ter matado Joshua. Louis mata e eu acho bem feito? Meu Deus do céu, onde foram parar os meus princípios?"

Solto uma risada incrédula e encaro Niall. Ele parece confuso, olhando para o nada. Mas logo seus olhos sem foco me encontram.

"Essa é a coisa mais louca que eu já ouvi em toda a minha vida." Niall sussurra, parecendo refletir. "Você tem noção que ele é um gênio?"

Paro os passos e fico encarando-o. Eu estou pirando e Niall foca nas artimanhas de Louis? Sinceramente…

"Você sabe que os crimes que ele cometeu simplesmente se aniquilam?" Ele pergunta com os olhos levemente arregalados. "Segundo a constituição, quando o réu morre, automaticamente extinta a punibilidade e o Estado perde o poder de punir. Afinal, não tem como punir alguém morto. E mesmo se ele for pego, ele pode ser processado por falsidade ideológica, por fraude processual e mais alguns agravantes, mas os crimes que ele cometeu antes disso, são extintos. De vinte e oito anos, ele pegaria apenas uns cinco, seis, no máximo. E mesmo assim, já se passaram dois anos. E esses foram os anos mais críticos. Se ele não foi descoberto até hoje, é bem improvável que ele seja agora. Ele já foi esquecido."

Olho para Niall franzindo as sobrancelhas e ele parece notar.

"Me desculpe, eu estou espantado com a genialidade dele. Eu jamais suspeitei. Eu não deveria estar exaltando isso quando sei que ele foi um filho da puta com você." Ele solta um suspiro passando a mão no rosto como se precisasse se recuperar. "Como você está com tudo isso?"

Volto a me sentar na poltrona e encolho levemente os ombros soltando um suspiro.

"Não sei. Eu estou uma bagunça… na hora do desespero eu só sabia bater nele."

"E ele não te deu um tiro?" Niall diz parecendo genuinamente surpreso.

"Não. Acho que ele finalmente largou essa vida, e parou de tentar resolver tudo na base do tiro." Sinto meu coração se acelerar quando digo: "Ele disse inúmeras vezes que me ama."

"Ele disse que te ama?"

"Disse." Assinto.

"Ele deve ter mudado de vida mesmo, porque na sala de audiência no dia do julgamento ele xingou até os seus antepassados." Ele relembra e eu não contenho em soltar uma risada baixa, porém verdadeira, causando um espanto nele. "Você está feliz?"

"Por um lado, sim. Muito." Confesso baixo. "Estou feliz por ele estar vivo, mas estou com ódio dele também. Eu não consigo perdoá-lo ainda. Eu estou magoado, sentido, desolado. Eu sofri dois anos da minha vida. Aí ele volta e acha que vai reconquistar o meu amor? Não. Não é assim que as coisas funcionam. Eu não vou entregar meu coração para ele de bandeja de novo. Se ele me quiser, ele vai ter que penar muito para me provar que ele me merece."

"E você acha que ele vai?"

"Me provar?" Pergunto e Niall assente. Dou um sorriso pequeno antes de responder: " Eu tenho certeza."

Sei que é uma questão de tempo até que a minha raiva e a minha mágoa passem, mas dessa vez, eu não serei tão entregue. Eu preciso que Louis me prove que ele se acha digno do meu amor.

"Isso tudo é muito lindo. Essa paixão e essas inúmeras provas de amor e tudo. Mas e aí, Harry?" Ele pergunta sério. "Você sabe que as pessoas mais próximas a você conhecem o caso e podem reconhecer ele. Querendo ou não, ele ainda é fugitivo. Ele não é uma pessoa completamente livre. Ele se livrou da prisão, mas os rastros continuam. Ele pode ser reconhecido a qualquer momento aqui em Denver."

"Eu não mudo de roupa pra abandonar tudo pelo Louis, Niall. Eu me mudo de Denver num piscar de olhos. Fora que as pessoas mais próximas que eu tenho são você e o Liam e acho que vocês dois não denunciaram ele."

"Mas e seus pais? E a empresa?"

"Meus pais não se lembram nem de mim, quanto mais de quem me sequestrou." Digo dando de ombros. "Eu não pensei nos próximos passos. Eu não sei como vai ser nossa vida de agora em diante. Eu prefiro não pensar nisso agora."

Ele assente, parecendo refletir por um instante.

"Isso daria um filme." Ele diz, balançando a cabeça e soltando uma baixa.

"Já rendeu um livro. Quem sabe no futuro também não possa render um filme?"

"Você é maluco." Ele comenta.

"Completamente." Concordo de prontidão, porque eu sei que é verdade. Louis aguçou sentimentos em mim que eu jamais pensei que existissem. Reflito por um instante e fico sério novamente. "Eu precisava te contar, Niall, mas por favor, não conte isso pra ninguém. Nem pra Liam. Se eu não te contasse eu ia enlouquecer. Você é a pessoa que eu mais confio no mundo inteiro."

"Eu não vou falar nada." Ele garante. "Você pode contar comigo."

E eu sei que posso.

Me despeço dele, com o coração mais leve e vou para casa. Quando chego, a primeira coisa que faço é tomar um banho quente. A última coisa que preciso agora é pegar uma pneumonia. Apesar da minha mágoa, eu não consigo conter a minha felicidade.

Nesse instante, eu odeio Louis na mesma proporção que o amo.

Meu corpo ainda está dolorido, e sinto seus vestígios por cada parte. Mas é quando saio do banho e me olho no espelho que tenho certeza que seus vestígios ficaram mesmo em mim. Seus chupões adornam a minha pele e eu não me contenho em sorrir para a minha imagem.

Eu sempre amei e sempre vou amar ser marcado por ele.

Chego na empresa um pouco avoado. Eu quase não dormi a noite tentando me situar com tudo o que aconteceu. Ajeito o meu paletó e entro em minha sala, me deparando com Liam sentado em uma das cadeiras parecendo distraído mexendo no celular.

Eu juro por Deus que se Niall tiver aberto a boca eu peço a Louis para matá-lo, sem pensar duas vezes.

"Você não tem sala?" Pergunto enquanto me aproximo deixando a minha pasta sobre mesa.

Liam ergue o olhar, franzindo as sobrancelhas e eu engulo em seco porque seu semblante me parece um tanto quanto desconfiado.

"Eu tenho. Mas precisava falar com você." Ele diz e meu sangue gela.

Respiro fundo pensando que deve ser algo a respeito dos portos da Indonésia. Eu juro que vou riscar da lista da Styles & Payne, os clientes que exportam para aquele maldito lugar.

"É a porra da Indonésia?" Pergunto sem paciência e Liam solta uma risada.

"Não. Não é." Ele diz e se ajeita na cadeira enquanto me sento. "Hoje de manhã eu recebi uma notificação. Você deve ter recebido também e só não deve ter visto ainda. Nós recebemos uma transferência de cinquenta mil dólares de uma conta não rastreável na conta da empresa. Você sabe o que pode ser isso?"

Meu coração acelera no peito por um instante. Se é de uma conta não rastreável só pode ter vindo de Louis.

"Sei." Respondo baixo. "É do assalto."

"Que assalto?"

"Do meu assalto." Limpo a garganta e minto: "Louis antes de morrer pediu a alguém para que ressarcisse o roubo. Ele tinha me avisado."

"Mas já se passaram dois anos."

"Eu também não sei, Liam. Deve ter sido feita agora. Sei lá. Não sei." Começo a gaguejar, balbuciando palavras, já que não sei como explicar isso. "Você deveria estar feliz. Pelo menos recuperamos mais de quinze por cento do que foi roubado."

"Hm." Ele coça a barba por fazer por um instante e dá de ombros. "Estranho."

Não quero render esse assunto porque posso acabar falando demais e posso colocar a identidade nova de Louis em risco.

"Só isso?" Pergunto.

"Só." Ele assente.

"Então tchauzinho. Eu preciso trabalhar." Digo sério e ele solta uma risada antes de se levantar.

"Você já foi mais doce, Styles." Ele diz antes de abrir a porta.

Não digo nada observando-o sair da minha sala e quando ele fecha a porta, eu solto um suspiro aliviado. Ligo o meu notebook e vou para a conta da empresa comprovando que recebemos mesmo uma transferência de cinquenta mil nesta manhã. Eu tenho certeza que veio de Louis, não tem como não ser. Fico parado olhando o valor quando um email aparece na tela.

O remetente:
babyclydedababybonnie_3tiros@gmail.com

Eu solto uma risada na hora pelo endereço do e-mail, mesmo o meu coração começando a se acelerar dentro do peito.

Como ele conseguiu o meu e-mail? Não faço ideia. Mas pra quem conseguiu minhas fotos, isso deve ser fichinha. Clico no email com o coração na boca e começo a ler:

Bom dia, meu raio de sol.

Muito brega? Foda-se. Foi a única coisa que veio na minha cabeça quando comecei a escrever.

Acho que a essa hora você já deve saber que eu fiz uma transferência. Eu disse que eu ia te devolver o dinheiro, e irei aos poucos. O do roubo e os dos seus subornos. Só preciso de um tempo, porque ser honesto, convenhamos, não dá muito dinheiro. Mas eu juro que irei pagar. Ao menos um dos danos eu tenho que tentar reparar.

Sei que você não vai me perdoar, mas eu passarei o resto dos meus dias te pedindo perdão, Harry. Mesmo que seja em vão.

Você é a coisa mais preciosa da minha vida e me dói pensar que eu te machuquei dessa forma.

Enfim, é isso. Espero que você esteja bem.

Eu penso em você a porra do tempo inteiro.

Ps: não tive tempo de te dizer no nosso último encontro, mas você ficou a coisa mais linda com esse cabelo comprido. Não vejo a hora de você me perdoar. Eu faria loucuras com esses cabelos entre meus dedos…

Ps1: Desculpe, não me contive.

Ps2: Eu não vou desistir de você, Harry. Esteja ciente disso.

Ps3: Eu nunca duvidei do seu amor, estou apenas tentando me tornar alguém que o mereça.

Ps4: Que tanto de ps do caralho.

Ps5: O mais importante: eu te amo, catarrento.

Ps6: Você teve sorte que a chuva molhou a minha camisa, porque eu ia guardar ela pra você limpar com a língua.

Ps7: Amar você sempre vai ser o maior feito da minha vida.

Ps8: Da próxima vez que for me bater, manera nessa mãozinha pesada. Você me deixou todo dolorido. (Mesmo eu sabendo que mereço).

Ps9: Um beijo nessa boquinha linda e afiada.

Ps10: Daqui até a lua.

Minhas bochechas queimam e eu me pego sorrindo, mas no mesmo instante eu engulo em seco e meu coração se aperta. É preciso mais do que isso para me convencer.

Não consigo deletar o email, então o salvo em uma pasta que deixo para e-mails pessoais. E o leio de novo. E de novo e de novo.

Eu amo esse homem, mas eu preciso que ele tenha certeza de que é merecedor do meu amor, ㅡ porque eu sei que ele é.

Trabalho o restante do dia com o coração mais leve e saio da empresa mais cedo para ir até a editora. John me ligou dizendo que o rascunho do livro já estava pronto e eu precisava autorizar para já começarem a publicar.

Pedi a ele que me desse dois dias para lê-lo novamente e aprovar as alterações, então, ele me deu uma cópia para eu trazer para casa.

Assim que chego em casa, tomo um banho rápido e me deito na cama para ler. Eu imediatamente mergulho novamente em nossa história e revivo cada um dos nossos momentos. Mas dessa vez, não é só a tristeza que me preenche, é a esperança também.

Denver, Colorado.
Abril de 2019.

Chego em casa extremamente cansado e a primeira coisa que vejo é Jane, meu segurança,  com uma pequena caixa em mãos. Reviro os olhos e caminho até ele.

"Boa noite, Jane." Comprimento.

"Boa noite, senhor Harry. Chegou mais uma encomenda para o senhor."

Louis tem feito isso incansavelmente. Ele manda três pirulos anéis por semana, fora os emails que ele me manda me dizendo que está com saudades e que me ama. Eu fico balançado, mas ainda não estou pronto para enfrentá-lo novamente. Eu não sei se ainda consigo perdoá-lo por completo, mas sei que só de vê-lo, eu me entrego, então prefiro tomar o meu tempo.

"Jogue fora." Peço.

"Mas o senhor nem viu o que é."

"Eu sei de quem é. Jogue fora." Falo e dou dois passos para frente, mas hesito. "Espere."

Pego e abro a caixa ㅡ porque vindo de Louis eu não sei ao certo o que esperar ㅡ  mas quando eu abro, confirmo que são mesmo os três pirulos anéis.

"Você tem filhos, Jane?" Pergunto.

"Tenho. Duas meninas."

"Ótimo, leve para elas. Elas vão adorar."

Antes de entregar a caixa, eu retiro um e guardo no bolso. Afinal, são duas crianças, e eu não quero causar discórdia.

Entrego a ele a caixa e ele me encara, assentindo levemente, parecendo relutante, mas aceita de bom grado. Entro em casa e vou até a cozinha buscar um copo d'água na geladeira. Assim que bebo, eu tiro o meu paletó e o deixo junto com a minha pasta no sofá antes de ir para o meu quarto. Tudo o que eu preciso agora é de um banho para esquecer quão merda foi o meu dia.

Estou desabotoando a minha camisa quando entro no meu quarto e acendo as luzes. Porém, quando o quarto se ilumina meu coração vai parar na boca e eu quase sofro um mini ataque cardíaco.

"Ei, baby." Louis diz, sentado em minha poltrona, exatamente igual ao dia do assalto.

Meu corpo inteiro treme pelo susto e meu coração acelera ao vê-lo novamente. Eu perco a voz e meu corpo trava no lugar enquanto eu pisco os olhos atônitos olhando para ele.

"Você acabou de dar os pirulitos que eu te dei com tanto carinho para o seu segurança?"

Preciso de um momento para tentar me recompor do susto. Minha respiração está acelerada e meu coração martelando dentro do peito. Tenho certeza que meus exames cardíacos estão ótimos. Se não fui dessa pra melhor agora, de coração, eu tenho certeza que não morro nunca mais.

Vejo que ele está todo de preto. O cabelo maior está jogando para trás e sendo preso por uma faixa preta. Ele consegue ser lindo de qualquer jeito e preciso piscar para parar de repará-lo tanto.

"Que porra você está fazendo aqui e como invadiu a minha casa?" Indago com a voz trêmula.

"Você não respondeu a minha pergunta. Custa dinheiro, sabe? E meu dinheiro tem sido muito sofrido ultimamente."

"Como você invadiu a minha casa?" Repito, dessa vez com a voz mais firme.

"Você precisa melhorar a sua segurança." Ele descruza as pernas me encarando. "Esse segurança que você contratou é bem fraquinho."

Meu rosto inteiro queima e minhas mãos suam, mas ele não parece estar nem um pouco preocupado.

"Eu vou chamar a polícia se você não sair daqui."

"Chama." Ele retruca imediatamente. "Chama a polícia, baby. Eu não tenho mais nada a perder. Eu já perdi tudo o que eu tinha, então não ligo."

Ele se levanta e caminha até mim, pareando o rosto com o meu, me tirando completamente o fôlego. Meu coração palpita tanto que tenho medo que ele ouça. Sinto o seu perfume quando ele se inclina levemente e sua mão vai até o bolso de trás da minha calça. Não me mexo e nem paro os seus movimentos. Ele então apalpa a minha bunda me fazendo exalar de forma pesada enquanto eu estremeço e um sorriso começa a surgir em seus lábios. Ele sabe o poder que tem sobre mim e não faz questão nenhuma de disfarçar. Em um instante ele tira o meu celular do meu bolso e me entrega.

"Liga para a polícia." Ele sussurra com o rosto próximo ao meu. "Estou esperando."

Olho para o aparelho em sua mão esticada em minha direção e engulo em seco. Ele sabe que eu não vou ligar.

"Eu nãoㅡ" Não consigo terminar a frase porque estou ocupado demais tentando recuperar o fôlego.

Ele solta um suspiro e deixa o meu celular em cima da cômoda antes de voltar a ficar de frente a mim.

"Eu já te disse para não blefar." Ele diz baixo, me olhando nos olhos.

"Que porra você quer?" Eu fico com raiva e ele abre um sorriso rápido.

"Você tem uma boquinha linda, muito afiada e suja, sabia?" Ele instiga descendo o olhar para minha boca enquanto umedece os lábios com a ponta da língua. Quando seu olhar volta para o meu, eu perco o fôlego. "Com quem você aprendeu a falar tanto palavrão?"

Engulo em seco e tento regular a minha respiração.

"O que você quer, Louis?" Digo de forma mais calma dessa vez.

"Eu quero muitas coisas, baby. Muitas. E todas elas te incluem. Mas por enquanto, eu quero um autógrafo."

Ele vai até o sofá e pega uma pequena bolsa retirando o livro extorsionário de dentro dela. Olho para ele com os olhos surpresos quando ele me entrega o livro.

"Ou você achou que eu não reconheceria a nossa história, Bonnie?" Ele pausa e franze as sobrancelhas. "Sabe o que é engraçado? Essa semana a minha auxiliar da cozinha comprou esse livro e ficou lendo na hora do intervalo. Perguntei por curiosidade do que se tratava e ela começou a me contar a história. Você não vai acreditar na coincidência, baby, era exatamente a nossa história." Ele diz de forma irônica e eu mordo o interior da minha bochecha para não me permitir sorrir.

Fico sem reação e ele continua:

"Eu pesquisei Elizabeth Parker e descobri que são os sobrenomes da Bonnie, e aí foi só ligar os pontos." Ele franze as sobrancelhas e me encara sério. "Você escreveu um livro com a nossa história."

"Isso foi antes de tudo isso." Me defendo de prontidão. "Antes de saber que você estava vivo."

"Eu sei. Mas de um jeito ou de outro, você quis  eternizar a nossa história." Ele estica a mão e me entrega o livro. "Como você vai assinar o meu autógrafo?"

Olho para o livro em sua não e hesito antes de pegá-lo com as mãos trêmulas. Volto a olhar seus seus olhos e ensaio um sorriso sarcástico.

"Para Troy, com carinho."

"Não." Ele balança a cabeça.

"Não?" Franzo as sobrancelhas olhando seus olhos azuis. "Seu nome não é Troy?"

"Você sabe que não."

"Cuidado, Troy. Você pode ser pego em sua mentira. Falsidade ideológica é crime."

"Assine como quiser então, Elizabeth." Ele diz ironicamente.

Mesmo com as pernas trêmulas, vou até a mesa de canto da cama e pego uma caneta, abrindo a primeira página e escrevendo. Sinto seu olhar me queimar e tento não deixar que a minha mão trema tanto. Quando termino, entrego a ele o livro e ele lê rapidamente.

"Para Clyde? Só isso?" Ele volta o olhar para mim, parecendo indignado. "Você já foi mais carinhoso."

"Eu poderia ter deixado em branco." Retruco e ele solta uma risada baixa.

"De qualquer forma, então, obrigado." Ele diz e guarda o livro na bolsa, antes de me olhar novamente. "Fale para o segurança não estranhar. Ele não me viu entrando, mas vai me ver saindo. E se eu fosse você, eu contrataria outro, só por precaução."

Ele começa a caminhar para a porta do meu quarto e meu coração se acelera.

"Foi só pra isso que você invadiu a minha casa?" Pergunto, hesitante.

Ele se vira e me encara.

"Foi." Ele responde.

"Não invada mais." Digo de forma séria.

"É só me convidar que eu venho como visita." Ele me lança um sorriso e uma piscadela, fazendo meu estômago ferver.

"Eu te disse que eu não queria te ver nunca mais."

"E olha que coisa, baby. Você me viu. Então acho que sua palavra não serviu de muita coisa. Ah, e antes que eu me esqueça…"

Ele ergue as sobrancelhas me encarando e dá alguns passos em minha direção fazendo meu coração parar. Ele busca a minha mão e a segura antes de enfiar a mão no bolso e retirar o anel que ele me deu. Minha respiração se desregula e minha mão treme quando ele volta o anel para o meu dedo anelar. Eu não me movo, e apenas deixo que ele faça isso. Quando ele termina de encaixar o anel, ele leva a minha mão até a boca e a beija com carinho, me olhando. Meu coração para de bater e eu preciso me lembrar de como respirar.

"Se eu te dei, é seu." Ele diz ao afastar a minha mão de sua boca. "Então trate de deixar essa porra no dedo."

Ele solta a minha minha mão e caminha até a porta, mas antes de sair, ele me olhar por cima do ombro e me lança um sorriso antes de dizer:

"Essa noite está fria, então calce meias. Seus pés de defunto agradecem. Boa noite, baby."

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