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Ouçam a música da mídia na terceira data.

Denver, Colorado.
22 de abril de 2017.

Preciso me policiar para andar direito e não mancar a cada passo que eu dou. Ontem, na  última visita que fiz a Louis, ele não estava muito para conversa e acabamos transando durante todo o tempo que tivemos juntos.

Sei que para ele, o sexo é uma espécie de válvula de escape e sei que ele usa disso para esconder as emoções. Talvez seja por causa de sua mãe. Talvez seja pela abstinência de cocaína. Talvez sejam os demônios de sua mente. Talvez seja o emaranhado disso tudo.

Eu sinceramente não sei. Só sei que estou todo marcado pelos seus chupões e seus dedos e estou extremamente dolorido por ter me levado ao extremo do prazer.

Eu gosto de me sentir assim porque me lembro dele. É como se seus vestígios ainda estivessem em mim, mesmo quando ele não está.

Avisto uma pequena mercearia no caminho até a empresa e entro para comprar um energético. Eu não durmo bem nas noites que antecedem a visita. Eu sempre fico ansioso para ver Louis e na maioria das vezes eu perco o sono e preciso de alguns dias até regular a minha rotina.

Vou direto no freezer e procuro pelo enérgico que tenho mais costume de tomar. Quando encontro o tradicional, em meio a tantos outros sabores criados, abro a porta e pego um, fechando-a logo em seguida. No entanto, quando estou prestes a me virar para ir para o caixa, o meu coração para na boca.

Vejo uma silhueta parada em frente ao atendente, pagando por sua compra. Calça jeans preta, um moletom azul marinho e um perfil que eu conheço muito bem. O nariz fino e longo, a barba por fazer, a boca desenhada…. Seu cabelo está maior e não raspado como costumava ser, mas o reconheço mesmo assim.

É ele.

Prendo a respiração quando ele inclina a cabeça e seus olhos por descuido se encontram com os meus por uma fração de segundos. É a minha certeza. Eu reconheceria esses olhos cor de âmbar em qualquer lugar do mundo. Seus cílios piscam rapidamente e eu travo no lugar.

"Zayn?" Sussurro para mim mesmo em choque ao estreitar os olhos. "Zayn!"

Quando minha voz sai baixa e abafada, seu olhar desvia apressadamente do meu e ele pega o troco, se virando rapidamente e caminhando em direção à porta da saída da mercearia. Meus dedos travam na lata de energético e por um instante eu hesito parecendo não ter o comando do meu corpo, mas no mesmo segundo, um vislumbre de realidade me atinge e eu vou atrás dele.

Caminho a passos apressados em direção a porta onde seu corpo acaba de passar. Ele não olha para trás e apenas ergue o moletom no topo da cabeça.

Estou quase alcançando-o quando travo ao ser chamado de forma rígida.

"Senhor." O homem do caixa me chama pela terceira vez e eu me viro para trás para vê-lo apontando para a minha mão. "O senhor não pagou pelo energético."

Desço o olhar e vejo que estou segurando a lata com os dedos levemente trêmulos.

"Me desculpe. Eu só… eu só…" Balbucio atordoado.

Balanço a cabeça e apenas pego a carteira no bolso da minha calça de linho, tirando cinquenta dólares e deixando no balcão antes de sair rapidamente pela porta.

O vento atinge meu rosto e eu olho em volta tentando ver por onde ele seguiu. Meus olhos vasculham a rua e eu corro até a esquina olhando em volta. Olho para as pessoas que passam pela rua e olho para os carros que dão partida.

EXTORSIONÁRIO [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora