EXTORSIONÁRIO [L.S]

01

Denver, Colorado.
Sexta-feira, 15 de outubro de 2016.
22:01 pm.

Três homens.
É isso que o meu cérebro em pânico processa primeiro. Todos três vestidos da mesma maneira.

O primeiro sentado na poltrona. O segundo em pé no canto do quarto, e o terceiro que aponta uma arma em minha nuca. Observo que o cano que passeia em minha pele não é a única arma ㅡ já que os outros dois também estão equipados.

Minha respiração desregulada me delata e minhas mãos trêmulas suam conforme eu permaneço desviando o olhar de um para o outro.

"O-o que vocês querem?" Tento falar, mesmo sabendo que a minha voz sai baixa e repleta de horror.

Há um breve silêncio no quarto e eu percebo que consigo ouvir as batidas rápidas e descompassadas do meu coração.

Eles vieram para me matar. Alguém deve ter encomendado a minha morte.

"Não parece óbvio?" O que está sentado na poltrona inclina de leve a cabeça e me lança um sorriso completamente diabólico.

"Vocês vieram me ma-matar?" Tento de novo e ouço a risada baixa do que está escorado na parede.

Quando seus olhos alcançam os meus através da máscara, percebo que ele tem os olhos claros. Castanhos claros puxados para o âmbar. Tento memorizar o seu olhar para caso eu consiga escapar dessa emboscada, fazer o reconhecimento.

"Não, querido." O que está na poltrona se levanta e começa a dar alguns passos em minha direção me fazendo gelar. A pistola repousa tranquilamente em sua mão esquerda, enquanto eu solto uma respiração pesada a cada passo que ele dá. "Não viemos para te matar... Viemos para roubar você."

Solto um soluço preso na garganta e nego levemente com a cabeça sentindo o cano dançar por entre os meus cabelos.

"Eu... eu... por favorㅡ" Tento falar alguma coisa, mas meu corpo inteiro treme.

Eu nunca estive tão vulnerável e tão amedrontado em toda a minha vida.

Sinto vertigem e todo o meu sangue parece subir para minha cabeça. Meu rosto inteiro queima enquanto meu corpo não para de tremer.

Duas coisas passam pela minha cabeça:
Eu deveria ter seguranças.
Eu tenho certeza que irei morrer.

"O que foi, bonequinha?" Ele se aproxima do meu corpo enquanto eu cambaleio levemente para trás, sentindo o impulso da arma que está atrás da minha cabeça me segurar. "Você vai chorar?"

Azuis.
Esse tem olhos profundamente azuis.

"Eu vou gritar." Digo baixo, encarando seus olhos azuis que queimam como fogo por baixo da máscara preta de pano.

"Por favor, faça." Seu rosto se contrai em um sorriso e eu consigo ver perfeitamente os seus dentes brancos e alinhados. Preciso usufruir da minha memória visual agora e me lembrar de cada detalhe. "Se puder adicionar oh baby em meio aos gritos, melhor ainda."

Ouço a risada do que está atrás de mim e sinto um enjôo no estômago. Minhas mãos tremem desenfreadamente.

"V-você vai fazer alguma coisa comigo?" Pergunto sentindo o pavor preencher minhas veias. "Podem levar o que quiserem, só não façam nada co-comigo, por favor."

"Depende do que você quer dizer com 'fazer algo comigo'." Ele me encara ficando sério dessa vez, mas sua voz dança em um sarcasmo que me faz tremer. "Eu pretendo te roubar, Harry, caso isso não tenha ficado claro ainda. Mas não me importo de ser mais bruto que o necessário se você tentar algo."

Ele levanta a arma e o cano dança pela minha pele através da abertura da minha camisa. Prendo a respiração e meu estômago gela em pavor.

"Apenas não teste a minha paciência e ninguém aqui se machuca. Certo?"

Sua voz baixa me faz soltar um suspiro pesado. Minhas mãos estão geladas e eu posso jurar que não estou respirando.

"Você vai me matar?" Repito mais uma vez, completamente atordoado.

Eu não quero morrer. Não desse jeito.

E pensar que há instantes atrás eu estava pensando em me jogar de um prédio.

É necessário ver a morte para temê-la de fato.

"Claro que não, baby." Ele solta uma risada baixa. "Você é muito mais valioso vivo."

Me sinto intimidado por ele. Não pelo poder que ele exerce em mim agora, mas pela maneira que ele fala e pela maneira que ele me olha.

Percebo que ele é o líder do grupo, já que os outros dois não dizem absolutamente nada quando ele ordena:

"Levem-o para sala." Ele diz de forma autoritária. "Precisamos ter uma conversinha séria agora."