Denver, Colorado.
Sexta-feira, 15 de outubro de 2016.
21:37 pm.Caminho pela calçada de forma apressada enquanto olho disperso para as luzes ofuscantes do edifícios. Minha cabeça ㅡ que é tão cheia de preocupações ㅡ por um instante se desliga.
Olho para um dos maiores edifícios e para uma das janelas mais altas e minha mente pensa o quanto seria doloroso e libertador me atirar do último andar.
Como é a sensação de estar em queda livre direto para a morte? Como é a sensação de ter a vida escapando por entre os dedos?
Eu às vezes tenho essa curiosidade.
No entanto, a ladainha de Payne, meu sócio, preenche tanto os meus ouvidos me trazendo de volta à realidade que tento não manter o telefone tão próximo à orelha.
"...os portos da Indonésia estão fechados, não há como receber a mercadoria essa semana. Os navios estão atracados nas baias. Vamos perder milhões nessa brincadeira. Você está me ouvindo, Styles?"
"E o que você quer que eu faça? Nade até lá?" Respondo sem paciência. "Eu pago funcionários para que esse tipo de situação não chegue até mim. Mande alguém para resolver isso juridicamente."
"Harryㅡ"
"Eu estou indo para casa agora e preciso descansar, Liam." O Interrompo. "Na segunda você me atualiza."
Não espero resposta e apenas desligo o telefone. Hoje é um daqueles dias que eu me amaldiçoo por ter tido tanta ganância e por ter almejado tanto.
Quando fundamos a nossa empresa de advocacia em 2012, eu não imaginei que iríamos nos tornar o que somos hoje.
Me formei em Direito aos vinte e dois anos, e me especializei em direito tributário e aduaneiro. Liam Payne foi meu colega de classe, e juntos fizemos um empréstimo para montar a Styles & Payne. Nos últimos dois anos fizemos um patrimônio significativo e hoje somos uma das maiores empresas do país nesse ramo. Lidamos com peixe grande e consequentemente recebemos à altura.
Eu usufruo da minha pequena fortuna em minha própria solidão.
As pessoas esquecem de nos contar que: quanto mais alto estamos, mais sozinhos nos tornamos, e eu acabei aprendendo isso por conta própria.
Meus familiares só me procuram quando a questão envolve dinheiro, meus funcionários beijam os meus pés, mas puxariam fácil o meu tapete, meu sócio e eu quase saímos no braço quando nos encontramos.
No fim, acabo sempre sozinho.
E aí está outra coisa que também não nos contam: ser sozinho se torna um vício.
Dobro a esquina e caminho até o final da rua em direção a minha casa. Sempre tive vontade de ter uma casa grande e afastada. A primeira coisa eu consegui, quanto a afastada, não tanto quanto eu gostaria. Apesar dos pesares, na minha rua só existe a minha casa de residência, já que o restante são pequenos estabelecimentos alugados para empresas.
Muitas vezes quando saio do escritório sexta a noite gosto de caminhar de volta para a casa. Essa é uma das maneiras que uso para dispersar o meu estresse.
Busco as chaves no bolso e destravo o alarme do portão. Entro e vejo minha pequena coleção de carros esportivos.
Um dodge charger branco, um dodge Challenger preto, e um ford mustang vermelho.
Tenho três carros esportivos na garagem, e ainda sim, prefiro infinitamente andar a pé. Nego com a cabeça pelo pensamento e caminho até a grande porta de madeira que me dá acesso à sala. Assim que entro, jogo a minha maleta no sofá e atravesso o cômodo até estar na cozinha, onde eu busco o interruptor e ligo as luzes.
Abro a geladeira de duas portas e busco por um energético. Estou tão cansado que sei que meu corpo fará efeito rebote, me tirando o sono, então porque não contribuir? Pelo menos assim eu consigo adiantar algumas questões do trabalho, que não sejam lidar com os portos fechados da Indonésia.
Me apoio na bancada de granito e sinto a bebida doce atingir minha língua. Eu deveria comer alguma coisa, mas, eu prefiro tomar um banho primeiro, mais tarde eu peço algo para comer.
Desencosto meu corpo do apoio e viro o restante da lata na boca, até consumir o líquido por completo, jogando no cesto da pia logo em seguida. Percorro o corredor que dá acesso ao meu quarto desabotoando a minha camisa preta social e sentindo um alívio por fazer isso.
No entanto, no meio do caminho, sinto uma sensação estranha. Um calafrio percorre meu corpo e olho para trás no corredor tendo a sensação de que não estou sozinho. Quando meus olhos atingem a parede do fim do corredor levemente iluminado pela luz da cozinha, vejo que não há ninguém.
Deve ser coisa da minha cabeça.
Nego com a cabeça e continuo caminhando. Quando chego até o meu quarto, metade da minha camisa já está desabotoada. Levo os dedos para o interruptor e quando as luzes do meu quarto se acendem, dou de cara com um homem vestido de preto sentado com uma das pernas cruzadas em "quatro" em minha poltrona.
Uma máscara preta de pano cobre o seu rosto, e só tenho a visão dos seus olhos e boca.
O susto desestabiliza meu corpo e eu dou um salto para trás, porém, no momento que faço isso, sinto um cano gelado em minha nuca e não preciso virar para me certificar de que se trata de uma arma.
O pavor percorre as minhas veias e fico paralisado sem saber o que fazer. Pisco os olhos atônitos observando a figura sentada em minha poltrona. Minha boca fica seca, e meu corpo inteiro treme. Meu coração parece que a qualquer instante irá parar pelo susto.
"Olá, Harry Styles." O homem que está na poltrona se inclina levemente, descruzando as pernas, me olhando. O terror percorre cada célula do meu corpo quando ouço sua voz baixa e rouca. "Eu estava justamente aguardando você."
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EXTORSIONÁRIO [L.S]
FanfictionEXTORSIONÁRIO: aquele que prática extorsão. Extorsão é o ato de obrigar alguém a tomar um determinado comportamento, por meio de ameaça ou violência, com a intenção de obter vantagem econômica. Harry Styles, um renomado advogado de Denver, se vê e...