40 (parte dois)

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Explicação rápida antes de começarem o capítulo: Essa será a parte dois de um capítulo de memórias e flashbacks de Louis. Serão apenas cenas, como se ele tivesse contando a Harry e para os leitores, o seu ponto de vista dos fatos. Muita coisa será explicada e esse capítulo é muito importante para a compreensão da maioria das coisas.

Então... sejam bem-vindx à cabeça de Louis de extorsionário. Apreciem!

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Louis Tomlinson.

Denver, Colorado.
07 de junho de 2017.

"Quando?" Pergunto.

"Ontem a noite." Harry responde com a voz fraca.

Minhas forças começam a se esvair quando eu me viro de costas, olhando fixamente para a parede completamente branca.

Eu já fui uma parede branca um dia e hoje não passo de um montante de rabiscos que eu odeio. Minha mãe também já foi uma parede branca, antes do câncer consumir todo o seu corpo.

Era inevitável. Eu sabia. E eu me preparei tanto para esse momento, e mesmo assim, percebo que não me preparei o suficiente. Meu coração se dissolve e vira areia dentro do meu peito e minhas vistas se escurecem por um momento.

Eu jamais ouvirei a voz doce e calma dela novamente. Nunca mais lerei uma carta que ela me escreveu a próprio punho com sua caligrafia delicada. Jamais irei sentir seus braços calorosos me envolvendo, ou ouvirei as inúmeras histórias que ela costumava me contar quando eu era pequeno. Ela nunca vai presenciar a minha tentativa de me tornar alguém melhor. Não vai ter a oportunidade de me ver tentando por ela ㅡ como eu prometi que faria.

Depois que ela adoeceu, eu desacreditei em deus. Se existe alguém tão poderoso assim e que ama tanto os seus filhos, por que ele fez isso comigo? Por que mesmo depois de tudo que abdiquei, de tudo que eu fiz, de todo o sofrimento que eu enfrentei, ele ainda assim a tirou de mim?

É desumano, cruel, desolador.

Meu peito dói tanto que é como se ela estivesse levando uma parte de mim consigo.

"Você estava com ela?" Pergunto com a respiração oscilante.

"Estava." Ele responde choroso e me trás um pouco de alívio em saber que ela não estava sozinha.

"Ela sofreu?" Pergunto com a voz falhada.

"Não. Ela foi embora como um passarinho."

Eu nunca soube lidar com meus sentimentos e dói tanto que a única coisa que penso é em me punir de alguma forma. Quando o choro ameaça me invadir, eu dou um soco na parede, tentando transformar toda essa dor em algo físico.

Vou esmurrando a parede... um soco atrás do outro, mas não sinto dor nos nós dos meus dedos que sangram. Minha dor interna é infinitamente maior.

Harry me segura pelos ombros com força mas eu não paro. Eu preciso me punir de alguma forma. Eu preciso extravasar a minha tristeza. Eu preciso transferir a minha dor.

"Para, Louis." Eu grita tentando me segurar.

Mas eu não paro.

"Para, Louis." Harry implora, com a voz chorosa e eu estremeço parando os socos e deixando meus ombros penderem.

A parede deixa de ser branca, assim como um dia, eu também deixei de ser. Rastros de sangue agora mancham o que era puramente branco. Harry segura meu corpo com força e tenta me abraçar, mas isso só faz piorar. Minha mente é um emaranhado de sentimentos e todos eles são ruins.

EXTORSIONÁRIO [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora