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Denver, Colorado.
Janeiro de 2019.

"Esse é o fim da história?" John me pergunta ao erguer os olhos de suas anotações.

Eu solto um suspiro, limpando uma lágrima solitária que rola por minha bochecha antes de assentir em um sussurro:

"Esse é o fim da história."

Clico em salvar e transfiro o arquivo para o pendrive, o retirando do meu notebook e entregando para John ㅡ o editor que eu escolhi para publicar a nossa história, minha e de Louis.

"A minha única exigência é que todos os nomes sejam alterados." Digo firme. "Eu não quero ser processado e nem quero prejudicar os envolvidos. Também não quero meu nome vinculado ao livro, mesmo sabendo que algumas pessoas irão ligar o meu caso à história de alguma forma."

"E como você quer que eu nomeie o autor se não for com o seu nome?"

"Coloque o pseudônimo de Elizabeth Parker." Digo pausadamente para que ele anote. "O nome do meio e o sobrenome de Bonnie."

"Bonnie de Clyde?" Ele pergunta parecendo surpreso e eu assinto rapidamente.

"Exatamente."

"Ok." Ele anota, e então volta a me olhar. "E você já tem um título em mente?"

"Extorsionário."

"É um nome interessante. Posso saber o motivo por tê-lo escolhido?"

"Porque Louis me tirou tudo." Limpo a garganta tentando não parecer tão abalado quanto realmente estou. "Ele me deu e me tirou tudo."

Ele assente e também anota. Seu olhar se encontra com o meu por um breve instante e ele franze as sobrancelhas cruzando as mãos sobre a mesa de frente a mim.

"Eu gostaria de te fazer algumas perguntas como espectador, Harry. Eu realmente fiquei curioso e intrigado pela história. Eu posso?"

"Vá em frente." Falo firme e ele se volta para as suas anotações.

"E esse tal de... Zayn. O que aconteceu com ele?" Ele pergunta voltando o olhar para mim. "Já que não tem registros dele na polícia, é como se ele não existisse. "

"Se você está insinuando que ele tenha sido uma alucinação da minha cabeça ou um personagem que criei, ótimo, já que os leitores pensarão da mesma forma. Nunca saberão de fato se Zayn existiu ou não." Solto um suspiro pesaroso. "Mas, ele existiu...e espero do fundo do meu coração que ele tenha sumido do mapa e conseguido se safar. Que tenha parado de roubar, matar e fumar maconha. Espero que ele tenha se casado com alguém que ele ama e que o ame de volta. Talvez ele já tenha filhos, eu não sei. Mas eu espero que ele esteja bem."

"Você nunca mais o viu depois do dia do enterro?"

"Não. Nunca mais. Ele simplesmente desapareceu depois da morte de Louis. Eu realmente esperei que ele fosse me procurar, mas isso não aconteceu. Eu chorei a morte de Louis sozinho. Eu e ele. Sozinhos. Como sempre fomos."

"E Louis? Ele realmente foi como você relatou no início da história? Ou você acha que fantasiou um pouco devido às circunstâncias?"

"Eu não menti em nenhuma palavra. Tudo o que eu relatei foi exatamente o que aconteceu. Sem tirar nem pôr." Digo com um sorriso triste começando a invadir meu rosto ao me lembrar de tudo. "Eu guardei cada pequeno detalhe em minha cabeça, cada conversa, cada acontecimento. Foi escrevendo a nossa história que eu consegui sair do buraco que a morte de Louis deixou em mim. Para enfrentar o meu luto, eu escrevia. Dia e noite. Noite e dia. Essa era a minha maneira de distração. Além do mais, eu tinha medo de esquecê-lo, então eu buscava cada mínimo detalhe, cada olhar, cada palavra. A história é o mais fiel possível da realidade que vivi. Eu fui o mais real e cru possível. Eu relatei todos os sentimentos que senti. Todo o medo nas primeiras horas, o meu desespero conforme o tempo ia passando, os momentos de felicidade, o prazer que ele me proporcionou, e por fim, a minha tristeza. Tudo de forma real e profunda."

EXTORSIONÁRIO [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora