Denver, Colorado.
Terça-feira, 19 de outubro de 2016.Desperto com a luz que invade a janela embaçada de poeira. Meu corpo encolhido dói pela maneira como dormi e pelo colchão completamente desconfortável. Me espreguiço e abro os olhos, notando que estou sozinho na cama.
Fico espantando ao perceber que tenho dormido bem todos esses dias, mesmo estando em perigo e mesmo os meus dias sendo agitados como têm sido. Me sento na cama e me espreguiço, tentando me acostumar com a claridade exagerada de uma manhã de outono.
Passo a mão pelo rosto e ajeito meu cabelo pensando na noite de ontem. Metade de mim não quer se sentir culpado por ter dito aquilo, mas a outra metade de mim se sente.
Eu apenas tive a má sorte de ser a presa de um extorsionário.
O que ele fez, faz e fizer comigo está na conta dele e não na minha.
Não é porque Louis me trata dessa forma, que eu deveria devolver a ele o mesmo tratamento, por mais que ele mereça. Ele é assim, eu não. Eu não me tornarei uma Bonnie por ele, eu não me desviarei dos meus princípios por conviver com ele. Eu não sou assim, por mais que eu gostaria que fosse. Isso teria me poupado muito sofrimento na vida.
As palavras que ele me lançou tão duramente ecoam em minha cabeça e por um breve instante, eu acredito que ele tenha razão. Eu não tenho ninguém, eu não tenho uma família que me acolhe, eu não tenho amigos que prezam por mim, eu não tenho pessoas que me admirem sem que seja por puro e completo interesse, nem mesmo Liam, que é meu amigo de anos, deve estar preocupado com o meu desaparecimento. Nesta hora, ele deve estar arrancando os cabelos por saber que 300 mil de nossa empresa foi perdido.
O que seria 300 mil perto da minha vida?
Honestamente, a esse ponto, eu nem mesmo sei se valho tanto.Me sinto mal, como não havia me sentido nesses dias.
No primeiro dia eu senti pavor, no segundo medo, no terceiro temor... mas hoje, tudo o que consigo sentir é tristeza.
Não pela situação em si, mas por me dar conta do que realmente tem sido a minha vida e do quão insignificante eu sou para todos que me rodeiam.
Mordo o interior da minha bochecha com força, tentando me distrair da queimação que sinto em meu peito, e tomando coragem, me levanto da cama.
Caminho sem nenhuma vontade até a porta e me viro para o banheiro, sem nem ao menos passar os olhos pela sala. Encaro o pequeno espelho sujo do banheiro e me olho nos olhos.
Nada. Eu não sou nada.
Engulo o bolo que surge em minha garganta e ligo a torneira, formando uma concha com as maos para pegar a agua e jogar no meu rosto. Molho os cabelos e a nuca também. Uso o banheiro rapidamente e escovo os meus dentes da forma que consigo com os dedos. Antes de sair do banheiro, me olho novamente no espelho e me encaro por mais um instante, antes de sair.
Quando chego na sala, vejo a televisão ligada assim como o chiado do gerador. Louis está sentado no sofá virado para a tela e de costas para mim, ele nem parece perceber a minha presença. Sua arma está em cima da mesa de centro, onde também há duas xicaras e uma garrafa de café.
Me aproximo e me sento na outra ponta do sofá, engolindo em seco.
"Bom dia!" Digo e espero, mas como imaginei, não há resposta.
Ele está me ignorando, obvio que está.
Pressiono os lábios e tenho vontade de sumir por um instante enquanto permaneço olhando para a sua nuca, observando os finos e espaçados pêlos loiros que correm por sua pele até o começo de suas costas.
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EXTORSIONÁRIO [L.S]
FanfictionEXTORSIONÁRIO: aquele que prática extorsão. Extorsão é o ato de obrigar alguém a tomar um determinado comportamento, por meio de ameaça ou violência, com a intenção de obter vantagem econômica. Harry Styles, um renomado advogado de Denver, se vê e...