— Fique. Longe. Dela! — as palavras ressoam como um trovão pela sala. Aquela voz, potente e ameaçadora invade meus ouvidos me fazendo perder todo o ar. Fecho meus olhos, sentindo meu corpo inteiro desabar sobre a cama junto de um enorme suspiro de alivio.
— Miguel... — seu nome sai dos meus lábios, como um sussuro, uma prece. Tudo parece congelar ao meu redor, o barulho de luta desaparece, as vozes, os passos, tudo some e um silêncio ensurdecedor se instaura. Abro meus olhos com cautela, segurando firmemente os lençóis, como se eles me ajudasse a tornar aquilo real, a tornar Miguel real, porque por mais que meu corpo sentisse sua presença, seu cheiro, meu cérebro se recusava a acreditar que ele estava aqui.
Como se me ouvisse chama-lo, Miguel levanta seu rosto em minha direção, sua mão parada no meio de um golpe. Nossos olhares se prendem um ao outro e sinto tudo que não havia sentido caindo rapidamente sob mim, toda a dor, medo, raiva, tristeza, tudo... Vejo minha própria dor refletida em seus olhos, mas nossa conexão é cortada bruscamente quando o pesadelo da minha vida se aproveita desse momento e chuta Miguel com toda a força o derrubando para longe. Tento gritar, alerta-lo, mas nada sai.
O idiota se levanta e parece lutar contra algo em sua mente, indeciso entre fugir ou lutar e vir ate mim, mas a decisão é tomada por ele quando a luz se acende e o quarto é invadido por um grupo de pessoas, seguranças do hospital pelo que parece. Um ultimo olhar é dirigido para mim, uma ameaça silenciosa, porém mais eficaz que qualquer palavra dita. Miguel se levanta pronto para agarrá-lo, mas ele se vira impressionantemente rápido e se joga pela janela.
Todos congelam em seus lugares, ouso dizer que ninguém ali se quer respira, tentando entender o que diabos acabou de acontecer. Ele simplesmente se matou? Assim, tão facil? Eu estava livre? Será? Não, ele não desistiria tão facil, não mesmo.
— Filho da puta! — Miguel amaldiçoa, se aproximando da janela. Olho para ele tentando falar, me forçando a dizer algo, mas não consigo, o nervosismo me toma o ar, me fazendo engasgar em busca de oxigênio, isso atrai a atenção de Miguel que vem até mim rapidamente.
— Se afaste senhor! — Um dos seguranças ordena, se aproximando de Miguel.
— Me obrigue! — Ele desafia se aproximando de mim. Olho para ele em pânico sem entender o que estava acontecendo, por que queriam afastá-lo de mim?
— Se acalma princesa, eu to aqui! — Ele me toma delicadamente em seus braços e eu desmorono. — Eu to aqui. Tudo vai ficar bem, eu prometo. — fecho meus olhos, me agarrando a ele, me concentrando em sua presença, seu cheiro, o bater acelerado do seu coração contra o meu, a sensação de casa que ele sempre me transmite quando estávamos juntos.
Quando finalmente me acalmo, sinto Miguel ser arrancado bruscamente de mim, pega de surpresa acabo caindo de encontro à grade da cama, não conseguindo esconder o arquejo de dor com o impacto..
— Mas que merda... Me solta porra! — Miguel rosna, tentando se livrar do aperto dos seguranças.
Nesse exato momento uma enfermeira entra no quarto, acompanhada de Ana, que vem correndo até mim, se jogando ao meu lado na cama.
— Oh Bela! O que fizeram com você? — lágrimas escorrem por seu rosto, as mãos trêmulas vindo em minha direção, fecho meus olhos pronta para receber esse pequeno conforto, mas ele não vem.
— Eu... Eu não quero te machucar querida, não sei onde... — ela não precisava terminar a frase para que eu entendesse. Estou tão machucada que ela não sabe onde encostar em mim sem me causar qualquer tipo de dor. Pego sua mão delicadamente e a trago ao meu peito, dando um leve sorriso, querendo que ela veja que apesar de tudo, de todos os machucados e arranhões eu estou bem. Ela me da um pequeno sorriso em resposta, apertando levemente sua mão na minha e meu coração se aquece um pouco com o amor em seus olhos.
— Mas que porra é essa? — meus olhos se seguem diretamente para Miguel quando ouço sua voz, vendo se contorcer para longe das mãos de um dos seguranças enquanto outro pegava uma algema em suas costas. Mas que diabos estava acontecendo aqui?
— Soltem o rapaz! — Vocifera um homem entrando junto com Pedro no quarto, congelo ao ver seu uniforme. Um policial.
Sinto meu corpo tremer e minha mente nublar, as lembranças dessa mesma cena em um passado não tão distante invadem minha mente. De repente eu não estava mais ali... Não existia Ana, Miguel, nem ninguém, era apenas eu, o demônio e uma pobre e gentil enfermeira...
— Bela? Bela? — ouço meu nome ser chamado tão baixinho que creio estar imaginando. Tento me mexer, me levantar, sumir dali, mas não consigo, só consigo ficar parada, presa naqueles malditos olhos escuros, que parecem sugar mais e mais minha alma a cada segundo que passa...
— Bela! Princesa, fala comigo... Olha pra mim! — sinto mãos quentes envolverem meu rosto, me puxando rapidamente daquele torpor, mas a sensação de vazio continuava queimando feito gelo em minha pele. Pisco confusa, voltando a realidade, dando de cara com um assustado Miguel a centímetros do meu rosto.
— Deus, Bela! Você me assustou porra. Para onde você foi princesa? Nunca mais faça isso comigo... Você... Você parecia... Deus! — ele cola sua testa na minha, posso sentir seu corpo tremer ao meu lado. Seguro uma de suas mãos em meu rosto e fecho os olhos tentando me acalmar, mas imagens aleatórias continuam invadindo minha mente feito flashes, me fazendo oscilar entre presente e passado.
— Não me deixa, por favor... — digo em um fio de voz — Não deixe que ele me leve...
— Você não vai a lugar nenhum, eu prometo — me agarro com força ao seu corpo, rezando para que suas palavras fossem verdade.
— Bela... — Pedro diz delicadamente se aproximando — o policial Almeida precisa conversar com você querida, nós precisamos entender o que está acontecendo aqui. — sinto meu corpo inteiro se retesar só de imaginar ter de falar com esse homem, olha-lo ou se quer permanecer sozinha no mesmo lugar que ele.
— Pedro, será que não podemos fazer isso outra hora. Ela não está bem para fazer isso, ela mal consegue falar.
— Compreendo, mas preciso entender que diabos está acontecendo nesse hospital, quem era aquele homem e o que queria. Ele apresentou uma documentação legitima sobre a senhorita Ariela. — Congelo ao ouvir meu verdadeiro nome.
— Eu... preciso que você tire ele daqui Miguel. — sussuro baixinho para que só ele me ouça — Por favor... Eu... Só preciso de um tempo — suspiro derrotada, sabendo que não teria mais como fugir da verdade.
—Tudo bem policial, mas pode pelo menos nos dar algumas horas, até que ela se acalme mais um pouco? Não acho que toda essa agitação faça bem a ela, ainda mais com todos esses ferimentos...
— Claro, sem problemas. Volto mais tarde. Enquanto isso descanse e não se preocupe que aquele homem não entrará nesse hospital novamente. — diz dando um leve aceno de despedida para todos, saindo logo em seguida do quarto. Respiro aliviada, mas o alivio não dura muito.
— O que está acontecendo Bela? O que você não esta nos contando?
— Eu...
— O que quer que seja você precisa me contar para que eu possa te ajudar. Eu notei como se enrijeceu com a entrada do policial, você o conhece? Ele te fez alguma coisa?
— Não é nada disso. Eu... — Respiro fundo criando coragem — Não contei tudo para vocês... toda a... verdade sobre mim.
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Hello meus trevozinhos!
Como vai a vida? Espero que esteja tudo bem! Pq como diz vovó, até um chute na bunda te leva pra frente rsrs então foca na positividade rs.
Agora a pergunta que não quer calar... curtiram o capitulo de hoje? Hein! Hein! 😉
Se curtiu, bora ajudar essa pobre pessoinha, convidando seus amigos, familiares, cachorro, papagaio, vaca, tucano, povo do tik tok, twitter, Only fas e onde mais você puder para dar uma olhadinhaa nesse meu bebe trevoso! Pleaseeee!!! s2
Nos vemos na próxima semana hein!
Não me abandonem.
Beijoooos
MRy.
s2